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EM ESPÍRITO
Mas, se pelo espírito mortificardes
as obras da carne, vivereis.
Paulo (ROMANOS, 8:13).
Quem vive segundo as leis sublimes
do espírito respira em esfera diferente do próprio campo material em que ainda
pousa os pés.
Avançada compreensão assinala-lhe a
posição íntima.
Vale-se do dia qual aprendiz
aplicado que estima na permanência sobre a Terra valioso tempo de aprendizado
que não deve menosprezar.
Encontra, no trabalho, a dádiva
abençoada de elevação e aprimoramento.
Na ignorância alheia descobre
preciosas possibilidades de serviço.
Nas dificuldades e aflições da
estrada recolhe recursos à própria iluminação e engrandecimento.
Vê passar obstáculos como vê correr
nuvens.
Ama a responsabilidade, mas não se
prende à posse.
Dirige com devotamento, contudo,
foge ao domínio.
Ampara sem inclinações doentias.
Serve sem escravizar-se.
Permanece atento para com as obrigações
da sementeira, todavia, não se inquieta pela colheita, porque sabe que o campo
e a planta, o sol e a chuva, a água e o vento pertencem ao eterno Doador.
Usufrutuário dos bens divinos, onde
quer que se encontre, carrega consigo mesmo, na consciência e no coração, os
próprios tesouros.
Bem-aventurado o homem que segue
vida a fora em espírito! Para ele, a morte aflitiva não é mais que alvorada de
novo dia, sublime transformação e alegre despertar!
NOSSA REFLEXÃO
Emmanuel
nos apresenta um programa de adequação à Boa Nova do Cristo. O móvel de um
iniciado no cristianismo é seguir as pegadas do Mestre, mesmo que isso lhe
traga algum infortúnio material, físico ou corporal. A vida futura,[1] para
ele, é mais importante que a atual. Daí, ser resoluto em não se constranger com
a luz do Cristo[2].
Viver
no mundo com os nossos semelhantes nos impõe que vivamos segundo o Espírito,
pois para tanto reencarnamos. Vivemos em sociedade e nesse conviver, somos
desafiados a ser cristãos. Isso nos remete a viver em consonância com os
misteres da Boa Nova.
Um
Espírito Protetor nos orienta a viver no mundo.
Não julgueis [...] que, exortando-vos incessantemente à prece e à evocação mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos conserve fora das leis da sociedade onde estais condenados a viver. Não; vivei com os homens da vossa época, como devem viver os homens. Sacrificai às necessidades, mesmo às frivolidades do dia, mas sacrificai com um sentimento de pureza que as possa santificar.
Desse
modo, em tudo que vivermos, inclusive num momento eleitoral, devemos nos
apresentar, enquanto cristãos, a nos posicionar pelo projeto que se adequa aos princípios
morais que a Boa Nova nos aponta.
Somos
aprendizes do Evangelho e portanto eternamente avaliados quanto à nossa adesão
espiritual ao projeto do Cristo para nós, visando a prática da reforma íntima e
da caridade. A seleção dos convidados para o festim das bodas ou para o Reino
de Deus é constante. “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos” (MATEUS,
22: 14).
Sobre
isso, A. Kardec nos explana:
“[...] Não basta a ninguém ser convidado; não basta dizer-se cristão, nem sentar-se à mesa para tomar parte no banquete celestial. É preciso, antes de tudo e sob condição expressa, estar revestido da túnica nupcial, isto é, ter puro o coração e cumprir a lei segundo o espírito. Ora, a lei toda se contém nestas palavras: Fora da caridade não há salvação. Entre todos, porém, que ouvem a palavra divina, quão poucos são os que a guardam e a aplicam proveitosamente! Quão poucos se tornam dignos de entrar no Reino dos Céus! Eis por que disse Jesus: “Chamados haverá muitos; poucos, no entanto, serão os escolhidos.” (grifos nossos).[3]
Então,
que tenhamos clareza quanto a nossa participação na sociedade, no meio em que
vivemos. A nossa passagem pela casa espírita ou templo religioso é tão somente
enquanto aprendizes. A Casa Espírita é a nossa universidade, Curso de Aprendiz
do Evangelho e o mundo se configura como a Escola Campo de Estágio, em que o Supervisor
Docente é o Cristo que conta com colaboradores no plano espiritual. Então, que
sejamos aplicados em aliar a Teoria (Doutrina Espírita) e a prática (Fora da
Caridade não salvação).
Que
Deus nos ajude a sempre viver em Espírito.
Domício.