domingo, 17 de outubro de 2021

CADÁVERES

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CADÁVERES

Pois onde estiver o cadáver, ai se ajuntarão as águias.

Mateus (24:28).

Apresentando a imagem do cadáver e das águias, referia-se o Mestre à necessidade dos homens penitentes, que precisam recursos de combate à extinção das sombras em que se mergulham.

Não se elimina o pântano, atirando-lhe flores.

Os corpos apodrecidos no campo atraem corvos que os devoram.

Essa figura, de alta significação simbológica, é dos mais fortes apelos do Senhor, conclamando os servidores do Evangelho aos movimentos do trabalho santificante.

Em vários círculos do Cristianismo renascente surgem os que se queixam, desalentados, da ação de perseguidores, obsessores e verdugos visíveis e invisíveis. Alguns aprendizes se declaram atados à influência deles e confessam-se incapazes de atender aos desígnios de Jesus.

Conviria, porém, muita ponderação, antes de afirmativas desse jaez, que apenas acusam os próprios autores.

É imprescindível lembrar sempre que as aves impiedosas se ajuntarão em torno de cadáveres ao abandono.

Os corvos se aninham noutras regiões, quando se alimpa o campo em que permaneciam.

Um homem que se afirma invariavelmente infeliz fornece a impressão de que respira num sepulcro; todavia, quando procura renovar o próprio caminho, as aves escuras da tristeza negativa se afastam para mais longe.

Luta contra os cadáveres de qualquer natureza que se abriguem em teu mundo interior. Deixa que o divino sol da espiritualidade te penetre, pois, enquanto fores ataúde de coisas mortas, serás seguido, de perto, pelas águias da destruição.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel, inspirado na exortação do Mestre, traduz como o seu ensinamento se configura em nossa vida. Usando uma figura de linguagem, lembra o processo de aproximação das águias a um animal morto, e que isto acontece quando o cadáver não é velado ou está abandonado.

Nós temos um mundo íntimo. Conforme Emmanuel, temos que cuidar para que ele esteja sempre limpo ou com nada morto, se expressando assim: “Deixa que o divino sol da espiritualidade te penetre, pois, enquanto fores ataúde de coisas mortas, serás seguido, de perto, pelas águias da destruição”.

Devemos, então, manter nosso campo íntimo, mental, sempre limpo e resguardado de aproximação de pensamentos infelizes, pois, do contrário, atrairemos o pior para as nossas vidas. Este pensamento de Emmanuel é corroborados pelos Espíritos Superiores da Codificação espírita, pois, conforme eles, respondendo à questão de nº 469, formulada por Allan Kardec[1], sobre como nos proteger das influências dos maus Espíritos,

Praticando o bem e pondo em Deus toda a vossa confiança, repelireis a influência dos Espíritos inferiores e aniquilareis o império que desejem ter sobre vós. Guardai-vos de atender às sugestões dos Espíritos que vos suscitam maus pensamentos, que sopram a discórdia entre vós outros e que vos insuflam as paixões más. Desconfiai especialmente dos que vos exaltam o orgulho, pois que esses vos assaltam pelo lado fraco. Essa a razão por que Jesus, na oração dominical, vos ensinou a dizer: ‘Senhor! não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal’.”

Então, devemos evitar de sermos sepulcros ou campos abandonados, evitando, assim, a aproximação de pensamentos tristes ou maldosos que nos afetam a saúde mental e física, e que podem nos levar a atos infelizes ou à prostração física.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] O Livro dos Espíritos, Parte Segunda, Cap. IX.

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