domingo, 30 de outubro de 2022

EM ESPÍRITO

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EM ESPÍRITO

Mas, se pelo espírito mortificardes as obras da carne, vivereis.

Paulo (ROMANOS, 8:13).

Quem vive segundo as leis sublimes do espírito respira em esfera diferente do próprio campo material em que ainda pousa os pés.

Avançada compreensão assinala­-lhe a posição íntima.

Vale­-se do dia qual aprendiz aplicado que estima na permanência sobre a Terra valioso tempo de aprendizado que não deve menosprezar.

Encontra, no trabalho, a dádiva abençoada de elevação e aprimoramento.

Na ignorância alheia descobre preciosas possibilidades de serviço.

Nas dificuldades e aflições da estrada recolhe recursos à própria iluminação e engrandecimento.

Vê passar obstáculos como vê correr nuvens.

Ama a responsabilidade, mas não se prende à posse.

Dirige com devotamento, contudo, foge ao domínio.

Ampara sem inclinações doentias.

Serve sem escravizar-­se.

Permanece atento para com as obrigações da sementeira, todavia, não se inquieta pela colheita, porque sabe que o campo e a planta, o sol e a chuva, a água e o vento pertencem ao eterno Doador.

Usufrutuário dos bens divinos, onde quer que se encontre, carrega consigo mesmo, na consciência e no coração, os próprios tesouros.

Bem­-aventurado o homem que segue vida a fora em espírito! Para ele, a morte aflitiva não é mais que alvorada de novo dia, sublime transformação e alegre despertar!

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel nos apresenta um programa de adequação à Boa Nova do Cristo. O móvel de um iniciado no cristianismo é seguir as pegadas do Mestre, mesmo que isso lhe traga algum infortúnio material, físico ou corporal. A vida futura,[1] para ele, é mais importante que a atual. Daí, ser resoluto em não se constranger com a luz do Cristo[2].

Viver no mundo com os nossos semelhantes nos impõe que vivamos segundo o Espírito, pois para tanto reencarnamos. Vivemos em sociedade e nesse conviver, somos desafiados a ser cristãos. Isso nos remete a viver em consonância com os misteres da Boa Nova.

Um Espírito Protetor nos orienta a viver no mundo.

Não julgueis [...] que, exortando-vos incessantemente à prece e à evocação mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos conserve fora das leis da sociedade onde estais condenados a viver. Não; vivei com os homens da vossa época, como devem viver os homens. Sacrificai às necessidades, mesmo às frivolidades do dia, mas sacrificai com um sentimento de pureza que as possa santificar. 

Desse modo, em tudo que vivermos, inclusive num momento eleitoral, devemos nos apresentar, enquanto cristãos, a nos posicionar pelo projeto que se adequa aos princípios morais que a Boa Nova nos aponta.

Somos aprendizes do Evangelho e portanto eternamente avaliados quanto à nossa adesão espiritual ao projeto do Cristo para nós, visando a prática da reforma íntima e da caridade. A seleção dos convidados para o festim das bodas ou para o Reino de Deus é constante. “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos” (MATEUS, 22: 14).

Sobre isso, A. Kardec nos explana:

“[...] Não basta a ninguém ser convidado; não basta dizer-se cristão, nem sentar-se à mesa para tomar parte no banquete celestial. É preciso, antes de tudo e sob condição expressa, estar revestido da túnica nupcial, isto é, ter puro o coração e cumprir a lei segundo o espírito. Ora, a lei toda se contém nestas palavras: Fora da caridade não há salvação. Entre todos, porém, que ouvem a palavra divina, quão poucos são os que a guardam e a aplicam proveitosamente! Quão poucos se tornam dignos de entrar no Reino dos Céus! Eis por que disse Jesus: “Chamados haverá muitos; poucos, no entanto, serão os escolhidos.” (grifos nossos).[3] 

Então, que tenhamos clareza quanto a nossa participação na sociedade, no meio em que vivemos. A nossa passagem pela casa espírita ou templo religioso é tão somente enquanto aprendizes. A Casa Espírita é a nossa universidade, Curso de Aprendiz do Evangelho e o mundo se configura como a Escola Campo de Estágio, em que o Supervisor Docente é o Cristo que conta com colaboradores no plano espiritual. Então, que sejamos aplicados em aliar a Teoria (Doutrina Espírita) e a prática (Fora da Caridade não salvação).

Que Deus nos ajude a sempre viver em Espírito.

Domício.



[1] Segundo A. Kardec, o momento e falas do Cristo, quando foi interpelado por Pilatos se Ele era o Rei dos Judeus (João, 18:33, 36 e 37) “[...] se refere à vida futura, que Ele apresenta, em todas as circunstâncias, como a meta que a Humanidade irá ter e como devendo constituir objeto das maiores preocupações do homem na Terra.” Vide a íntegra a respeito em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. II, Item 2.
[2] Sobre o constrangimento à luz do Cristo, vide página de Emmanuel do livro Fonte Viva (Chico Xavier) intitulada “Quando há Luz” e refletida em nosso blog relativo ao livro Fonte Viva.
[3] Vide a íntegra da mensagem em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVIII, Item 2.

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