domingo, 16 de outubro de 2022

O “NÃO” E A LUTA

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O “NÃO” E A LUTA

Mas seja o vosso falar: sim, sim; não, não.

Jesus (MATEUS, 5:37).

Ama, de acordo com as lições do Evangelho, mas não permitas que o teu amor se converta em grilhão, impedindo­te a marcha para a vida superior.

Ajuda a quantos necessitam de tua cooperação, entretanto, não deixes que o teu amparo possa criar perturbações e vícios para o caminho alheio.

Atende com alegria ao que te pede um favor, contudo, não cedas à leviandade e à insensatez.

Abre portas de acesso ao bem­estar aos que te cercam, mas não olvides a educação dos companheiros para a felicidade real.

Cultiva a delicadeza e a cordialidade, no entanto, sê leal e sincero em tuas atitudes.

O “sim” pode ser muito agradável em todas as situações, todavia, o “não”, em determinados setores da luta humana, é mais construtivo.

Satisfazer a todas as requisições do caminho é perder tempo e, por vezes, a própria vida.

Tanto quanto o “sim” deve ser pronunciado sem incenso bajulatório, o “não” deve ser dito sem aspereza.

Muita vez, é preciso contrariar para que o auxílio legítimo se não perca; urge reconhecer, porém, que a negativa salutar jamais perturba. O que dilacera é o tom contundente no qual é vazada.

As maneiras, na maior parte das ocasiões, dizem mais que as palavras.

“Seja o vosso falar: sim, sim; não, não”, recomenda o Evangelho. Para concordar ou recusar, todavia, ninguém precisa ser de mel ou de fel. Bastará lembrarmos que Jesus é o Mestre e o Senhor não só pelo que faz, mas também pelo que deixa de fazer.

NOSSA REFLEXÃO

Eis uma questão muito importante no contexto das relações interpessoais. Somos convidados cotidianamente a responder a um pedido. Num momento como esse há várias possibilidades de análises pra nos prontificarmos a atender ou não ao pedido.

Todo problema que gera um pedido pode estar relacionado a um outro que muitas vezes já nos envolveu. Ou seja, ele é recorrente. Numa situação como essa, devemos ser paciente, indulgentes, misericordiosos e benovolentes. Isto é, devemos ser caridosos[1]. Temos, também, um passado que apresenta, também, momentos como esse em que nós fomos os pedintes. Sabemos o que significa o momento.

Portanto, devemos ser gentis, afáveis, benevolentes, podendo atender ou não à solicitação. Quando alguém nos procura é porque ele foi lembrado por alguém, do plano espiritual. Ou mesmo porque já o atendemos outras vezes. Então, se podemos, atendamos prontamente, na medida do possível, atendamos. Se não, acolhamos o solicitante, rementendo-o a não perder a fé na resolução do problema.

Afabilidade, nessas horas, é fundamental, pois se hoje somos solicitados, amanhã poderá ser nós os solicitantes. Segundo o Espírito Lázaro, “a benevolência para com os seus semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são as formas de manifestar-se.”(grifos nossos)[2].

Como Emmanuel nos faz refletir nesta mensagem, “para concordar ou recusar, todavia, ninguém precisa ser de mel ou de fel. Bastará lembrarmos que Jesus é o Mestre e o Senhor não só pelo que faz, mas também pelo que deixa de fazer.”

Então, estes momentos se configuram como exercícios de caridade, de evolução espiritual. Devemos cuidar com que eles se tornem momentos de reflexão, o que não quer dizer que nos postemos na condição de reprovadores e nem de pusilânimes. Devemos sim, ser educadores, aprender com a situação e propiciar que ela seja educativa e caritativa para todos e todas envolvidos(as). Principalmente, se for uma recorrência. A oração, antes e depois de responder, é fundamental. Tanto se pudermos atender, quanto o contrário.

Que sejamos caridosos, lembrando que mudamos de posição muito comumente. Logo, hoje, estamos numa posição de possível atendente, amanhã, o contrário.

Que Deus nos ajude a não esquecer disto.

Domício.



[1] O Livro dos Espíritos, Questão 886: Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus? “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”
[2]
Vida mensagem na íntegra em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. IX, Item 6.

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