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O “MAS” E OS DISCÍPULOS
Tudo posso naquele que me
fortalece.
Paulo
(FILIPENSES, 4:13).
O
discípulo aplicado assevera:
– De
mim mesmo, nada possuo de bom, mas Jesus me suprirá de recursos, segundo as
minhas necessidades.
– Não
disponho de perfeito conhecimento do caminho, mas Jesus me conduzirá.
O
aprendiz preguiçoso declara:
– Não
descreio da bondade de Jesus, mas não tenho forças para o trabalho cristão.
– Sei
que o caminho permanece em Jesus, mas o mundo não me permite segui-lo.
O
primeiro galga a montanha da decisão. Identifica as próprias fraquezas, entretanto,
confia no divino Amigo e delibera viver-lhe as lições.
O
segundo estima o descanso no vale fundo da experiência inferior. Reconhece as
graças que o Mestre lhe conferiu, todavia, prefere furtar-se a elas.
O
primeiro fixou a mente na Luz divina e segue adiante. O segundo parou o
pensamento nas próprias limitações.
O
“mas” é a conjunção que, nos processos verbalistas, habitualmente nos define a
posição íntima perante o Evangelho. Colocada à frente do santo Nome, exprime-nos
a firmeza e a confiança, a fé e o valor; contudo, localizada depois dele, situa-nos
a indecisão e a ociosidade, a impermeabilidade e a indiferença.
Três
letras apenas denunciam-nos o rumo.
Assim
recomendam meus princípios, mas Jesus pede outra coisa.
Assim
aconselha Jesus, mas não posso fazê-lo.
Através
de uma palavra pequena e simples, fazemos a profissão de fé ou a confissão de
ineficiência.
Lembremo-nos
de que Paulo de Tarso, não obstante apedrejado e perseguido, conseguiu afirmar,
vitorioso, aos filipenses: – “Tudo posso naquele que me fortalece.”
NOSSA REFLEXÃO
Confiança
é palavra chave desta mensagem de Emmanuel. Somos todos detentores de
conhecimentos que nos permitem andar nos caminhos da vida. Mas para isso
precisamos lembrar que nunca estamos sozinhos e, por isso, as fragilidades que venham
a ocorrer na estrada da nossa existência, não nos abaterão, pois sabemos que
teremos uma mão forte a nos incentivar a continuar.
Isto
nos remete a pensar sobre o poder da fé, a influência espiritual em nossas vidas
e as dificuldades do caminho.
Há
uma passagem evangélica muito interessante que versa sobre a cura de um lunático,
trazido por seu Pai a Jesus, mas que antes ele o apresentou aos Discípulos do
Mestre e eles não o curaram (Mateus, 17:14 a 20). Jesus os repreendeu por terem demonstrado falta de fé.
Na oportunidade, Ele explicou o motivo de não terem curado o lunático: “Por
causa da vossa incredulidade. Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do
tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: ‘Transporta-te daí
para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível.’”
A. Kardec nos esclarece
a respeito da resposta do Cristo:
No
sentido próprio, é certo que a confiança nas suas próprias forças torna o homem
capaz de executar coisas materiais, que não consegue fazer quem duvida de si.
Aqui, porém, unicamente no sentido moral se devem entender essas palavras. As
montanhas que a fé desloca são as dificuldades, as resistências, a má vontade,
em suma, com que se depara da parte dos homens, ainda quando se trate das
melhores coisas. Os preconceitos da rotina, o interesse material, o egoísmo, a
cegueira do fanatismo e as paixões orgulhosas são outras tantas montanhas que
barram o caminho a quem trabalha pelo progresso da Humanidade.[1]
Sobre
isso, podemos inferir que a confiança no Mestre, em todas as nossas atividades
é fundamental pra que sejamos exitosos. Ele nos inspirou a nos sentir deuses,
lembrando dos Salmos (82, 6), e com isso mostrou que tinha identidade com Deus,
pois Ele era enviado do Pai e cumpria fielmente suas designações (João, 10: 34).
Então,
sendo Ele intermediário entre nós e o Criador, devemos, também depositar toda a
confiança Nele, quando “[...] as dificuldades, as resistências, a má
vontade”, conforme A. Kardec aponta acima, nos baterem à porta da motivação.
Desse modo, nada se configura como impossível de realizar.
Devemos ter claro que
além de acreditar fortemente em Deus, devemos, com a mesma intensidade,
acreditar em nós. Conforme Um Espírito Protetor,
no homem,
a fé é o sentimento inato de seus destinos futuros; é a consciência que ele tem
das faculdades imensas depositadas em gérmen no seu íntimo, a princípio em
estado latente, e que lhe cumpre fazer que desabrochem e cresçam pela ação da
sua vontade.[2]
Ou
seja, somos deuses em potencial. Devemos nos tornar, assim, crendo na existência
de uma força maior que nós, que nos impulsiona pra frente, conforme nossa
identidade com ela. Isto é, temos, conforme Um Espírito Protetor, dois tipos de
fé, conforme nossas ações individuais ou coletivas, sendo um homem pesquisador,
que busca respostas pra as suas indagações, ou sendo um homem dado a empatia
com a vida do próximo ou com a sua mesma, tendo consciência dos objetivos de
estar encarnado[3].
Segundo o Espírito citado acima:
A fé é
humana ou divina, conforme o homem aplica suas faculdades à satisfação das
necessidades terrenas, ou das suas aspirações celestiais e futuras.[4]
Outrossim,
não devemos esquecer que além de Deus, Jesus Cristo, temos ainda um ente
espiritual designado por Deus pra nos dar suporte em nossas vidas, que é o Anjo
Guardião ou o Espírito Protetor, que, segundo os Espíritos Superiores da
Codificação Espírita, é um Espírito “[...] pertencente a uma ordem
elevada” e cuja missão é “a de um pai com relação aos filhos; a de guiar o seu
protegido pela senda do bem, auxiliá-lo com seus conselhos, consolá-lo nas suas
aflições, levantar-lhe o ânimo nas provas da vida.” (O Livro dos Espíritos, Questões nº 490 e 491).
Então, sejamos
confiantes que podemos realizar o que for preciso pra vencermos as dificuldades e
ajudar nossos semelhantes a vencerem as suas, também.
Que Deus não nos deixe
esquecer disso.
Domício.
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