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NO PARAÍSO
E respondeu-lhe Jesus: Em verdade te
digo que hoje estarás comigo no Paraíso.
Lucas (23:43).
À primeira vista, parece que Jesus
se inclinou para o chamado bom ladrão, através da simpatia particular.
Mas, não é assim.
O Mestre, nessa lição do Calvário,
renovou a definição de paraíso.
Noutra passagem, Ele mesmo asseverou
que o reino divino não surge com aparências exteriores. Inicia-se, desenvolve-se
e consolida-se, em resplendores eternos, no imo do coração.
Naquela hora de sacrifício
culminante, o bom ladrão rendeu-se incondicionalmente a Jesus Cristo. O leitor
do Evangelho não se informa, com respeito aos porfiados trabalhos e às
responsabilidades novas que lhe pesariam nos ombros, de modo a cimentar a união
com o Salvador, todavia, convence-se de que daquele momento em diante o ex-malfeitor
penetrará o céu.
O símbolo é formoso e profundo e dá
ideia da infinita extensão da divina Misericórdia.
Podemos apresentar-nos com volumosa
bagagem de débitos do passado escuro, ante a verdade; mas desde o instante em
que nos rendemos aos desígnios do Senhor, aceitando sinceramente o dever da
própria regeneração, avançamos para região espiritual diferente, onde todo jugo
é suave e todo fardo é leve. Chegado a essa altura, o espírito endividado não
permanecerá em falsa atitude beatífica, reconhecendo, acima de tudo, que, com
Jesus, o sofrimento é retificação e as cruzes são claridades imortais.
Eis o motivo pelo qual o bom ladrão,
naquela mesma hora, ingressou nas excelsitudes do paraíso.
NOSSA REFLEXÃO
O
Paraíso evangélico é uma região de redenção, resultado da Misericórdia divina.
Todos somos dignos do perdão de Deus. A reencarnação é uma prova disso.
Contudo, o perdão requer a reparação das faltas[1]. Daí,
Emmanuel nos atentar para o seguinte ponto, em relação ao bom ladrão: não
imaginamos os “[...] porfiados trabalhos e às responsabilidades novas que lhe pesariam nos ombros,
de modo a cimentar a união com o Salvador”.
Nós
sabemos que, conforme Jesus nos adiantou, que seu jugo é suave e leve é o seu
fardo. Isto nos remete a pensarmos sobre qual é o jugo e qual é o fardo.
Conforme A. Kardec: “Seu jugo é a observância dessa lei; mas esse
jugo é leve e a lei é suave, pois que apenas impõe, como dever, o amor e a
caridade”.[2]
Então,
por mais difícil que esteja sendo nossas vidas, há um consolo, se sofremos bem:
a evolução espiritual a partir da reparação de nossas faltas, bem como o exercício
da caridade e bons êxitos nas provas.
O
bom ladrão não foi rechaçado ao se resignar, por achar que merecia estar ali, e
se mostrar consciente que não era o lugar de Jesus, dizendo a Ele: “Jesus,
lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”. O Mestre, de pronto, respondeu-lhe:
“Amém, te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas, 23: 42-43).
Então,
fica claro que somos, como filhos de Deus, acolhidos incondicionalmente pelo
Pai, inclusive quando nos mostramos pródigos. Neste caso, “Deus abre
os braços para receber o filho pródigo que se lhe lança aos pés.” (Espírito Santo
Agostinho) [3].
Que
tenhamos essa consciência da infinita Misericórdia de Deus, pois isso nos leva
a sermos misericordiosos conosco mesmos.
Que
Deus nos ajude.
Domício.
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