domingo, 7 de fevereiro de 2021

MÃOS À OBRA

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MÃOS À OBRA[i]

“Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-­se tudo para edificação.”

Paulo (I Coríntios, 14:26).

A igreja de Corinto lutava com certas dificuldades mais fortes, quando Paulo lhe escreveu a observação aqui transcrita.

O conteúdo da carta apreciava diversos problemas espirituais dos companheiros do Peloponeso, mas podemos insular o versículo e aplicá­lo a certas situações dos novos agrupamentos cristãos, formados no ambiente do Espiritismo, na revivescência do Evangelho.

Quase sempre notamos intensa preocupação nos trabalhadores, por novidades em fenomenologia e revelação.

Alguns núcleos costumam paralisar atividades quando não dispõem de médiuns adestrados.

Por quê?

Médium algum solucionará, em definitivo, o problema fundamental da iluminação dos companheiros.

Nossa tarefa espiritual seria absurda se estivesse circunscrita à freqüência mecânica de muitos, a um centro qualquer, simplesmente para assinalarem o esforço de alguns poucos.

Convençam­se os discípulos de que o trabalho e a realização pertencem a todos e que é imprescindível se movimente cada qual no serviço edificante que lhe compete. Ninguém alegue ausência de novidades, quando vultosas concessões da esfera superior aguardam a firme decisão do aprendiz de boa vontade, no sentido de conhecer a vida e elevar­se.

Quando vos reunirdes, lembrai a doutrina e a revelação, o poder de falar e de interpretar de que já sois detentores e colocai mãos à obra do bem e da luz, no aperfeiçoamento indispensável.

NOSSA REFLEXÃO

Esta mensagem de Emmanuel nos lembra uma outra, mas do Espírito André Luiz, por Chico Xavier, do livro Conduta Espírita (FEB), intitulada Perante o fenômeno, da qual destacamos o seguinte pensamento de André Luiz:

No desenvolvimento das tarefas doutrinárias, colocar o fenômeno mediúnico em sua verdadeira posição de coadjuvante natural da convicção, considerando-o, porém, dispensável, na construção moral a que nos propomos. A Doutrina Espírita é luz inalterável.

De fato, devemos refletir que a fenomenologia espírita foi muito necessária nos seus primórdios, pois foi como os Espíritos chamaram a atenção das pessoas, para que os fenômenos, realçados, viessem a chamar a atenção do Prof. Hippolyte Léon Denizard Rivail que veio a ser Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita[ii].

O livro Pão Nosso, que será o foco de nossa reflexão, a partir desta data (07/02/2021) foi publicado em 1950. De lá para cá, 71 anos, muito se desenvolveu em relação às reuniões espíritas. Os estudos sobre a mediunidade foram desenvolvidos para dar ao espírita condições para que o trabalho mediúnico não tivesse importância maior que o estudo geral da Doutrina e a sua reforma íntima.

Este ano comemora-se o aniversário de publicação do livro O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, que o lançou em 1861; ou seja, faz 160 anos que ele foi publicado.

Allan Kardec se preocupou com o caráter sério de uma reunião espírita quando nos advertiu, como abaixo:

Uma reunião só é verdadeiramente séria, quando cogita de coisas úteis, com exclusão de todas as demais. Se os que a formam aspiram a obter fenômenos extraordinários, por mera curiosidade, ou passatempo, talvez compareçam Espíritos que os produzam, mas os outros daí se afastarão. Numa palavra, qualquer que seja o caráter de uma reunião, haverá sempre Espíritos dispostos a secundar as tendências dos que a componham. Assim, pois, afasta-se do seu objetivo toda reunião séria em que o ensino é substituído pelo divertimento. As manifestações físicas, como dissemos, têm sua utilidade; vão às sessões experimentais os que queiram ver; vão às reuniões de estudos os que queiram compreender; é desse modo que uns e outros lograrão completar sua instrução espírita, tal qual fazem os que estudam Medicina, os quais vão, uns aos cursos, outros às clínicas.[iii]

Seguindo ao verdadeiro caráter de uma reunião espírita, como Allan Kardec ressaltou acima, estaremos aproveitando o melhor e necessário para que qualifiquemos a nossa relação com os Espíritos de qualquer nível espiritual, tanto nos trabalhos espíritas, na Casa Espírita, como no dia a dia de um (a) cidadão (ã) comum.

Que Deus nos ajude nesta senda.

Domício.



[i] Esta publicação do livro Pão Nosso, de Emmanuel, é da Editora FEB, com a seguinte referência bibliográfica: Emmanuel (Espírito). Pão Nosso. Psicografia de Chico Xavier. 1.  ed.  15. imp. – Brasília: FEB, 2019.
[ii] Vide o livro que lançou o Espiritismo: O Livro dos Espíritos, em 1857.
[iii] Vide a íntegra do texto encontrada em O Livro dos Médiuns, Segunda Parte – Capítulo XXIX – Das reuniões e das Sociedades Espíritas

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