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A PORTA
Tornou, pois, Jesus a
dizer-lhes: Em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas (JOÃO,
10:7).
Não
basta alcançar as qualidades da ovelha, quanto à mansidão e ternura, para
atingir o reino divino.
É
necessário que a ovelha reconheça a porta da redenção, com o discernimento
imprescindível, e lhe guarde o rumo, despreocupando-se dos apelos de ordem
inferior, a eclodirem das margens do caminho.
Daí
concluirmos que a cordura, para ser vitoriosa, não dispensa a cautela na orientação
a seguir.
Nem
sempre a perda do rebanho decorre do ataque de feras, mas sim porque as ovelhas imprevidentes transpõem
barreiras naturais, surdas à voz do pastor, ou cegas quanto às saídas justas,
em demanda das pastagens que lhes competem. Quantas são acometidas, de
inesperado, pelo lobo terrível, porque, fascinadas pela verdura de pastos
vizinhos, se desviam da estrada que lhes é própria, quebrando obstáculos para atender
a destrutivos impulsos?
Assim
acontece com os homens no curso da experiência.
Quantos
espíritos nobres hão perdido oportunidades preciosas pela própria imprudência? Senhores
de admiráveis patrimônios, revelam-se, por vezes, arbitrários e caprichosos. Na
maioria das situações, copiam a ovelha virtuosa e útil que, após a conquista de
vários títulos enobrecedores, esquece a porta a ser atingida e quebra as
disciplinas benéficas e necessárias, para entregar-se ao lobo devorador.
NOSSA REFLEXÃO
Emmanuel nos traz uma reflexão
sobre a sintonia entre a ovelha e seu pastor, quando a ovelha dar ouvidos
somente ao seu pastor. É interessante acessar João (10: 1 – 21) para conhecer o
diálogo completo entre Jesus e quem o escuta a respeito.
Faz-se uma analogia entre
a porteira do pasto e a porta do Reino divino. Emmanuel nos fala sobre a
importância de nos manter atentos ao que pode nos levar, sempre, ao caminho
apontado pelo Cristo. Nesse contexto, “é
necessário que a ovelha reconheça a porta da redenção, com o discernimento
imprescindível, e lhe guarde o rumo, despreocupando-se dos apelos de ordem
inferior, a eclodirem das margens do caminho”.
Na
estrada da evolução há muitos ruídos e, muitas vezes, demos ouvidos a apelos à
nossa inferioridade e nos afastamos do rebanho do qual fazíamos parte, caindo
em tentação.
As más inclinações se
configuram como aquelas pessoas que não tem compromisso em cuidar das ovelhas, muito
pelo contrário. Ou seja, nas palavras de Jesus:
Todos quantos vieram {antes de mim} são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e encontrará pastagem. O ladrão não vem senão a fim de roubar, matar e destruir (JOÃO, 10: 8 – 10).[1]
Assim, dando ouvidos aos
ladrões, que não as protegem, as ovelhas se afastam e se perdem ficando jogadas
aos lobos.
Assim, muitos são chamados
e poucos os escolhidos (MATEUS, 21: 1 – 14). Os escolhido são aqueles que reconheceram
a voz do Pastor (a Doutrina) ou Protetor, ou ainda, do Senhor. Desse modo, entram
pela porta certa do Reino divino: a da salvação, da segurança.
Há que se entender que
a porta que nos leva à salvação é muito peculiar, pois é estreita. Segundo o
Mestre, devemos entrar
[...] pela porta estreita, porque larga é a porta da perdição e espaçoso o caminho que a ela conduz, e muitos são os que por ela entram. Quão pequena é a porta da vida! quão apertado o caminho que a ela conduz! e quão poucos a encontram! (MATEUS, 7:13 e 14).[2]
Nesse sentido, Allan
Kardec nos desenvolve o significado dos dois tipos de porta a que podemos
encontrar no caminho. Senão, vejamos:
Larga é a porta da perdição, porque são numerosas as paixões más e porque o maior número envereda pelo caminho do mal. É estreita a da salvação, porque a grandes esforços sobre si mesmo é obrigado o homem que a queira transpor, para vencer suas más tendências, coisa a que poucos se resignam. É o complemento da máxima: “Muitos são os chamados e poucos os escolhidos.[3]
No contexto espírita,
ressalta-se a necessidade da reforma íntima pra não dar ouvidos a outras vozes
que não sejam a do Evangelho do Cristo. Assim, A. Kardec, declara sobre a
característica do bom espírita ou verdadeiro espírita: “Reconhece-se o
verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega
para domar suas inclinações más”.[4]
Que saibamos reconhecer
a voz do Mestre em todas as situações de nossas vidas pra não cairmos em tentação
e entrar pelas portas erradas que encontramos no nosso caminho espiritual.
Que Deus nos ajude.
Domício.