domingo, 25 de junho de 2023

A PORTA

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A PORTA

Tornou, pois, Jesus a dizer-­lhes: Em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas (JOÃO, 10:7).

Não basta alcançar as qualidades da ovelha, quanto à mansidão e ternura, para atingir o reino divino.

É necessário que a ovelha reconheça a porta da redenção, com o discernimento imprescindível, e lhe guarde o rumo, despreocupando­-se dos apelos de ordem inferior, a eclodirem das margens do caminho.

Daí concluirmos que a cordura, para ser vitoriosa, não dispensa a cautela na orientação a seguir.

Nem sempre a perda do rebanho decorre do ataque de feras, mas  sim porque as ovelhas imprevidentes transpõem barreiras naturais, surdas à voz do pastor, ou cegas quanto às saídas justas, em demanda das pastagens que lhes competem. Quantas são acometidas, de inesperado, pelo lobo terrível, porque, fascinadas pela verdura de pastos vizinhos, se desviam da estrada que lhes é própria, quebrando obstáculos para atender a destrutivos impulsos?

Assim acontece com os homens no curso da experiência.

Quantos espíritos nobres hão perdido oportunidades preciosas pela própria imprudência? Senhores de admiráveis patrimônios, revelam-­se, por vezes, arbitrários e caprichosos. Na maioria das situações, copiam a ovelha virtuosa e útil que, após a conquista de vários títulos enobrecedores, esquece a porta a ser atingida e quebra as disciplinas benéficas e necessárias, para entregar-­se ao lobo devorador.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel nos traz uma reflexão sobre a sintonia entre a ovelha e seu pastor, quando a ovelha dar ouvidos somente ao seu pastor. É interessante acessar João (10: 1 – 21) para conhecer o diálogo completo entre Jesus e quem o escuta a respeito.

Faz-se uma analogia entre a porteira do pasto e a porta do Reino divino. Emmanuel nos fala sobre a importância de nos manter atentos ao que pode nos levar, sempre, ao caminho apontado pelo Cristo. Nesse contexto, “é necessário que a ovelha reconheça a porta da redenção, com o discernimento imprescindível, e lhe guarde o rumo, despreocupando­-se dos apelos de ordem inferior, a eclodirem das margens do caminho”.

Na estrada da evolução há muitos ruídos e, muitas vezes, demos ouvidos a apelos à nossa inferioridade e nos afastamos do rebanho do qual fazíamos parte, caindo em tentação.

As más inclinações se configuram como aquelas pessoas que não tem compromisso em cuidar das ovelhas, muito pelo contrário. Ou seja, nas palavras de Jesus:

Todos quantos vieram {antes de mim} são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram. Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e encontrará pastagem. O ladrão não vem senão a fim de roubar, matar e destruir (JOÃO, 10: 8 – 10).[1]

Assim, dando ouvidos aos ladrões, que não as protegem, as ovelhas se afastam e se perdem ficando jogadas aos lobos.

Assim, muitos são chamados e poucos os escolhidos (MATEUS, 21: 1 – 14). Os escolhido são aqueles que reconheceram a voz do Pastor (a Doutrina) ou Protetor, ou ainda, do Senhor. Desse modo, entram pela porta certa do Reino divino: a da salvação, da segurança.

Há que se entender que a porta que nos leva à salvação é muito peculiar, pois é estreita. Segundo o Mestre, devemos entrar

[...] pela porta estreita, porque larga é a porta da perdição e espaçoso o caminho que a ela conduz, e muitos são os que por ela entram. Quão pequena é a porta da vida! quão apertado o caminho que a ela conduz! e quão poucos a encontram! (MATEUS, 7:13 e 14).[2]

Nesse sentido, Allan Kardec nos desenvolve o significado dos dois tipos de porta a que podemos encontrar no caminho. Senão, vejamos:

Larga é a porta da perdição, porque são numerosas as paixões más e porque o maior número envereda pelo caminho do mal. É estreita a da salvação, porque a grandes esforços sobre si mesmo é obrigado o homem que a queira transpor, para vencer suas más tendências, coisa a que poucos se resignam. É o complemento da máxima: “Muitos são os chamados e poucos os escolhidos.[3]

No contexto espírita, ressalta-se a necessidade da reforma íntima pra não dar ouvidos a outras vozes que não sejam a do Evangelho do Cristo. Assim, A. Kardec, declara sobre a característica do bom espírita ou verdadeiro espírita: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”.[4]

Que saibamos reconhecer a voz do Mestre em todas as situações de nossas vidas pra não cairmos em tentação e entrar pelas portas erradas que encontramos no nosso caminho espiritual.

Que Deus nos ajude.

Domício.



[1] O Novo Testamento. Trad. de Haroldo Dutra Dias. 1. ed.  2. imp. Brasília: FEB, 2013.
[2] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVIII, Item 3.
[3] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVIII, Item 5.
[4]
Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, Item 4.


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