domingo, 11 de junho de 2023

TUA FÉ

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TUA FÉ

E ele lhe disse: Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz.

(LUCAS, 8:48).

É importante observar que o divino Mestre, após o benefício dispensado, sempre se reporta ao prodígio da fé, patrimônio sublime daqueles que o procuram.

Diversas vezes, ouvimo­-lo na expressiva afirmação: – “A tua fé te salvou.” Doentes do corpo e da alma, depois do alívio ou da cura, escutam a frase generosa.  É que a vontade e a confiança do homem são poderosos fatores no desenvolvimento e iluminação da vida.

O navegante sem rumo e que em nada confia, somente poderá atingir algum porto em virtude do jogo das forças sobre as quais se equilibra, desconhecendo, porém, de maneira absoluta, o que lhe possa ocorrer.

O enfermo, descrente da ação de todos os remédios, é o primeiro a trabalhar contra a própria segurança. O homem que se mostra desalentado em todas as coisas, não deverá aguardar a cooperação útil de coisa alguma.

As almas vazias embalde reclamam o quinhão de felicidade que o mundo lhes deve. As negações em que perambulam transformam-­nas, perante a vida, em zonas de amortecimento, quais isoladores em eletricidade. Passa corrente vitalizante, mas permanecem insensíveis.

Nos empreendimentos e necessidades de teu caminho, não te isoles nas posições negativas. Jesus pode tudo, teus amigos verdadeiros farão o possível por ti; contudo, nem o Mestre e nem os companheiros realizarão em sentido integral a felicidade que ambicionas, sem o concurso de tua fé, porque também tu és filho do mesmo Deus, com as mesmas possibilidades de elevação.

NOSSA REFLEXÃO

Uma mensagem de estímulo ao desenvolvimento de nossa fé. Virtude, esta, que nos impulsiona pra frente, nos deixa em paz diante dos reveses e perturbações que se apresentam no cotidiano de nossas vidas.

Como Emmanuel nos lembra, em vários momentos, o Cristo assinalou a fé, como motivo de uma cura de uma doença permanente ou mesmo num momento quase morte de uma criança. Sendo a fé uma virtude fundamental pra o desenvolvimento do ser humano, Allan Kardec reservou um capítulo de sua obra, O Evangelho Segundo o Espiritismo (Cap. XIX – A fé transporta montanha), pra tratar desse importante tema.

A sintonia com as esferas mais altas que pode ser estabelecida pela fé nos dá segurança de seguirmos nos sentindo amparados por duas forças: uma força que inicialmente já se encontra em nós – a fé humana – e outra – a fé divina - que trata de uma consciência que somos criados simples e ignorantes[1] pra nos tornarmos Espíritos Puros[2]. E para isso, temos o amparo de Deus, nosso Criador, substanciado, naturalmente, pelo amparo de Espíritos amigos.

Allan Kardec nos esclarece sobre o significado da fé:

[...] entende-se como fé a confiança que se tem na realização de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim. Ela dá uma espécie de lucidez que permite se veja, em pensamento, a meta que se quer alcançar e os meios de chegar lá, de sorte que aquele que a possui caminha, por assim dizer, com absoluta segurança.[3]

Sobre a distinção entre a fé humana e a fé divina, Um Espírito Protetor nos ajuda a compreender:

A fé é humana ou divina, conforme o homem aplica suas faculdades à satisfação das necessidades terrenas, ou das suas aspirações celestiais e futuras. O homem de gênio, que se lança à realização de algum grande empreendimento, triunfa, se tem fé, porque sente em si que pode e há de chegar ao fim colimado, certeza que lhe faculta imensa força. O homem de bem que, crente em seu futuro celeste, deseja encher de belas e nobres ações a sua existência, haure na sua fé, na certeza da felicidade que o espera, a força necessária, e ainda aí se operam milagres de caridade, de devotamento e de abnegação. Enfim, com a fé, não há maus pendores que se não chegue a vencer.[4]

Desse modo, sem pensar que somos amparados por simplesmente crer, devemos seguir em frente, como aquele ou aquela que deposita crença em si mesmo(a), pelo esforço em progredir como Espíritos, atendendo a máxima buscai e achareis,[5] não se descuidando que podemos contar com a ajuda de muitos do caminho, como, também, dos que torcem por nós e nos inspiram do plano espiritual.

Que sejamos fervorosos de modo racional em todos os atos de nossas vidas[6].

Que Deus nos ajude.

Domício.

Ps: Oferecemos uma poesia de L. Angel sobre a fé raciocinada.

FÉ RACIOCINADA OU RAZÃO FERVOROSA?

L. Angel        18/04/2010                16/04/2017

Há os que não querem crer.
Há outros que defendem a descrença.
Se não há razão para viver,
Por que insistir em uma crença?

A crença no nada depois da morte
Motiva muita morte enganosa,
Pois se depois da vida não há outra sorte,
A morte é uma saída honrosa.

Fazendo a aliança
Entre a Ciência e a Religião,
Allan Kardec trouxe a esperança
E deu um fim a uma discussão.

A razão e a fé, bem compreendidas,
Elevam mais rápido as almas indecisas.
A razão explica as lacunas não preenchidas
E a fé impulsiona para as respostas mais precisas.

Se a vida tem algum dissabor,
A causa está nessa ou em outra vida,
Se a fé tem, na razão, seu motor,
A morte, com certeza, é esquecida.

A vida, além da vida,
É o que nos motiva a ir e vir.
Raciocinando com fé, entre a chegada e a partida,
Fica mais significativo nosso existir.


[1] Questão 115 de O Livro dos Espíritos – Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus? “Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi destinada. Outros só a suportam lamentando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade.”
[2] Vide Escala espírita em O Livro dos Espíritos, Parte Segunda, Cap. I – Dos Espíritos.
[3] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIX, item 3.
[4]Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIX, item 12.
[5] “Do ponto de vista terreno, a máxima: Buscai e achareis é análoga a esta outra: Ajuda-te a ti mesmo, que o céu te ajudará. É o princípio da lei do trabalho e, por conseguinte, da lei do progresso, porquanto o progresso é filho do trabalho, visto que este põe em ação as forças da inteligência” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXV, Item 2).
[6] “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.” (Frontispício de O Evangelho Segundo o Espiritismo). 

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