domingo, 29 de agosto de 2021

ESMAGAMENTO DO MAL

 27
ESMAGAMENTO DO MAL

E o Deus de paz esmagará em breve a Satanás debaixo dos vossos pés.

Paulo (ROMANOS, 16:20).

Em toda parte do planeta se poderá reconhecer a luta sem tréguas, entre o bem e o mal.

Manifesta­-se o grande conflito, sob as mais diversas formas, e, no turbilhão de seus movimentos, muitas almas sensíveis, de modo invariável, conservam­-se na atitude de invocação aos gênios tutelares para que estes venham à arena combater os inimigos que as atordoam, prostrando-­os de vez.

Solicitar auxílio ou recorrer à lei da cooperação representam atos louváveis do Espírito que identifica a própria fraqueza, contudo, insistir para que outrem nos substitua no esforço, que somente a nós outros cabe despender, demonstra falsa posição, suscetível de acentuar-­nos as necessidades.

Satanás, representando o poder do mal, na vida humana, será esmagado por Deus; todavia, Paulo de Tarso define, com bastante clareza, o local da vitória divina. O triunfo supremo verificar­-se-­á sob os pés do homem.

Quando a criatura, pela própria dedicação ao trabalho iluminativo, se entregar ao Pai, sem reservas, efetuando-­lhe a vontade sacrossanta, com esquecimento do velho egoísmo animal, apreendendo a grandeza de sua posição de espírito eterno, atingirá a vitória sublime.

O Senhor Todo-­Paternal já se entregou aos filhos terrestres, mas  raros filhos se entregaram a Ele. Indispensável, pois, não esquecer que o mal não será eliminado, a esmo, e sim debaixo dos pés de cada um de nós.

NOSSA REFLEXÃO

Esta exortação de Paulo aos romanos é uma estímulo a que cada um(a) faça a sua parte no desenvolvimento de sua vida, combatendo o mal interno e o externo que motivam uma transformação, também interna e externa.

A nossa transformação é geradora de transformações externas a nós, seja ambiental ou social. Ao nos modificarmos, segundo o Evangelho do Cristo, não podemos deixar de contribuir com o que nos cerca. É dever de todas(os) nós exercer a caridade para quem tem mais necessidade que nós, seja material ou moral. E é no contato com os (as) caminhantes de nosso caminho que temos oportunidade de contribuir com o Cristo no auxílio a eles(as). Conforme Um Espírito Protetor, falando sobre a nossa perfeição, na relação com caridade:

Nenhuma caridade teria a praticar o homem que vivesse insulado. Unicamente no contato com os seus semelhantes, nas lutas mais árduas é que ele encontra ensejo de praticá-la. Aquele, pois, que se isola priva-se voluntariamente do mais poderoso meio de aperfeiçoar-se; não tendo de pensar senão em si, sua vida é a de um egoísta.[1]

 

Neste contato com o semelhante, é importante pensar que ao auxiliar as pessoas que nos cercam, estamos orando para que sejamos auxiliados, também. Segundo, Emmanuel: “Auxiliando a outrem, sugerimos o auxílio em nosso favor. Suportando com humildade as vicissitudes da senda regenerativa, instilamos paciência e solidariedade, para conosco, em todos aqueles que nos rodeiam”.[2]

Então, nesta luta entre o bem e o mal, a nossa parte é fundamental pra que nós próprios(as) “esmaguemos” o mal sobre nossos pés. Isto significa que somos responsáveis pelo que nos cerca, por isso fomos colocados onde nós estamos. A nossa parte em eliminar o sofrimento é fundamental para que sejamos auxiliados, pois senão não teríamos méritos para ascender na escala espiritual e se aproximar cada vez mais de Deus.

Ao dissertar sobre a eficácia da prece, A. Kardec, nos esclarece sobre o atendimento de Deus aos que oram:

O que Deus lhe concederá sempre, se ele o pedir com confiança, é a coragem, a paciência, a resignação. Também lhe concederá os meios de se tirar por si mesmo das dificuldades, mediante ideias que fará lhe sugiram os bons Espíritos, deixando-lhe dessa forma o mérito da ação. Ele assiste os que ajudam a si mesmos, de conformidade com esta máxima: “Ajuda-te, que o Céu te ajudará”; não assiste, porém, os que tudo esperam de um socorro estranho, sem fazer uso das faculdades que possui. Entretanto, as mais das vezes, o que o homem quer é ser socorrido por milagre, sem despender o mínimo esforço.[3]

 

Isto significa que somos resultado de nós mesmos, de nosso esforço em querer eliminar o mal que há em nós e em nosso entorno.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Vida a mensagem “O Homem no Mundo”, na íntegra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, item 10.
[2] In: Pensamento e Vida (FEB)
[3]
Vide in O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII (Pedi e obtereis), Item 6.

domingo, 22 de agosto de 2021

TRABALHOS IMEDIATOS

 26
TRABALHOS IMEDIATOS

Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas espontaneamente, segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto.

I PEDRO (5:2).

Naturalmente, na pauta das possibilidades justas, ninguém deverá negar amparo ou assistência aos companheiros que acenam de longe com solicitações razoáveis; entretanto, constitui-nos obrigação atender ao ensinamento de Pedro, quanto aos nossos trabalhos imediatos.

Há criaturas que se entregam gostosamente à volúpia da inquietação por acontecimentos nefastos, planejados pela mente enfermiça dos outros e que, provavelmente, nunca sobrevirão. Perdem longo tempo receitando fórmulas de ação ou desferindo lamentos inúteis.

A lavoura alheia e as ocorrências futuras, para serem examinadas, exigem sempre grandes qualidades de ponderação.

Além do mais, é imprescindível reconhecer que o problema difícil, ao nosso lado ou a distância de nós, tem a finalidade de enriquecer-nos a experiência própria, habilitando-nos à solução dos mais intrincados enigmas do caminho.

Eis a razão pela qual a nota de Simão Pedro é profunda e oportuna, para todos os tempos e situações.

Atendamos aos imperativos do serviço divino que se localiza em nossa paisagem individual, não através de constrangimento, mas pela boa-vontade espontânea, fugindo cada vez mais aos nossos interesses particularistas e de ânimo firme e pronto para servir ao bem, tanto quanto nos seja possível.

Às vezes, é razoável preocupar-se o homem com a situação mundial, com a regeneração das coletividades, com as posições e responsabilidades dos outros, mas não é justo esquecermo-nos daquele “rebanho de Deus que está entre nós”.

NOSSA REFLEXÃO

Na atualidade, as informações sobre os problemas sociais que ocorrem pelo mundo afora nos chegam instantaneamente pelos noticiários ou pelas redes sociais.

A humanidade tem mostrado uma evolução humanitária considerável. Há grupos institucionais e sociais independentes, de caráter nacional ou internacional, que se sensibilizam com a dor daqueles que passam por uma vulnerabilidade. Desta forma, somos convidados a participar com contribuições que ajudam a amenizar o sofrimento daqueles e daquelas que vivem bem distante. Isto é muito importante do ponto de vista da caridade material. E devemos atender na medida do possível, materialmente ou moralmente, pois a piedade deve fazer parte de nossas virtudes.

Mas Emmanuel, a partir de Pedro (I PEDRO (5:2)), nos chama a atenção:

Naturalmente, na pauta das possibilidades justas, ninguém deverá negar amparo ou assistência aos companheiros que acenam de longe com solicitações razoáveis; entretanto, constitui-nos obrigação atender ao ensinamento de Pedro, quanto aos nossos trabalhos imediatos. [...] Às vezes, é razoável preocupar-se o homem com a situação mundial, com a regeneração das coletividades, com as posições e responsabilidades dos outros, mas não é justo esquecermo-nos daquele “rebanho de Deus que está entre nós.

 

Desse modo, devemos olhar para os lados, para aqueles que estão bem pertos de nós. Com certeza há muitos que passam pelas mesmas necessidades daqueles(as) que estão bem distantes de nós. E mais particularmente, temos nossos familiares e mais ainda particular, os que habitam uma mesma casa, um lar.

Então, devemos nos preocupar de dentro para fora, nos dedicando o máximo possível ao que estão mais próximos, os que estão no nosso caminho, os que nos chamam atenção imediata, sem esquecer os demais, mais distantes, na medida do possível (a oração, antes de tudo, também, é um ato de caridade)[1].

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIII, temos uma diversidade de práticas caritativas, material e moral, para além daquelas que devemos praticar, em primeiro lugar, para com aqueles que moram conosco sob o mesmo teto.

domingo, 15 de agosto de 2021

NAS ESTRADAS

 25
NAS ESTRADAS

E os que estão junto do caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; mas, tendo-a eles ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra que neles foi semeada.

Jesus (MARCOS, 4:15).

Jesus é o nosso caminho permanente para o divino Amor.

Junto dele seguem, esperançosos, todos os espíritos de boa-vontade, aderentes sinceros ao roteiro santificador.

Dessa via bendita e eterna procedem as sementes da Luz celestial para os homens comuns.

Faz-se imprescindível muita observação das criaturas, para que o tesouro não lhes passe despercebido.

A semente santificante virá sempre, entre as mais variadas circunstâncias.

Qual ocorre ao vento generoso que espalha, entre as plantas, os princípios de vida, espontaneamente, a bondade invisível distribui com todos os corações a oportunidade de acesso à senda do amor.

Quase sempre a centelha divina aparece nos acontecimentos vulgares de cada dia, num livro, numa particularidade insignificante do trabalho, na prestimosa observação de um amigo.

Se o terreno de teu coração vive ocupado por ervas daninhas e se já recebeste o princípio celeste, cultiva-o, com devotamento, abrigando-o nas leiras de tua alma. O verbo humano pode falhar, mas a Palavra do Senhor é imperecível. Aceita-a e cumpre-a, porque, se te furtas ao imperativo da vida eterna, cedo ou tarde o anjo da angústia te visitará o espírito, indicando-te novos rumos.

NOSSA REFLEXÃO

Como nos traz a Parábola do Semeador (MATEUS, 13:1 a 9 e 18 a 23), somos terrenos que, conforme nossa capacidade de reter a semente do Amor, bons frutos darão.

No contexto do Espiritismo, A. Kardec nos traz uma analogia da semeadura, referindo-se a três tipos de pessoas que recebem o Espiritismo: aquelas que não dão nenhuma importância, outras que se prendem tão somente aos fenômenos e acham muito bonita a Doutrina, mas que não tentam aplicá-la às suas vidas e, por fim aquelas categorizadas como “bons espíritas” “[...] para os quais essas instruções são como a semente que cai em terra boa e dá frutos [...].”[1]

Emmanuel nos chama à atenção, nesta mensagem, que ora refletimos, sobre uma diversidade de modos de como Jesus e seus discípulos (Anjo da Guarda, Espíritos protetores, escritores, palestrantes, etc.) semeiam em nós a semente de sua Boa Nova: “Quase sempre a centelha divina aparece nos acontecimentos vulgares de cada dia, num livro, numa particularidade insignificante do trabalho, na prestimosa observação de um amigo”.

Devemos, assim, estar atentos ou abertos às singularidades de cada momento que vivemos para retermos o melhor que for possível, visando aproveitarmos e sermos aproveitados, tanto na condição de semeados como na de semeadores da Doutrina Cristã.

Que Deus nos ajude.

Domício.



[1] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap.17, itens 4 à 6.

domingo, 8 de agosto de 2021

TRABALHO SUSPENSO, HOJE

 Olá, caríssimos (as) leitores(as)!!

Hoje, por motivo de trabalho acadêmico, não poderei fazer a nossa reflexão domingueira, respeitando o horário de sempre.

Então, adiamos para o próximo domingo.

Muita paz, saúde e alegrias!!

Domício.

domingo, 1 de agosto de 2021

FILHOS PRÓDIGOS

 24
FILHOS PRÓDIGOS

E caindo em si, disse: quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!

Lucas (15:17).

Examinando-se a figura do filho pródigo, toda gente idealiza um homem rico, dissipando possibilidades materiais nos festins do mundo.

O quadro, todavia, deve ser ampliado, abrangendo as modalidades diferentes.

Os filhos pródigos não respiram somente onde se encontra o dinheiro em abundância.

Acomodam-se em todos os campos da atividade humana, resvalando de posições diversas.

Grandes cientistas da Terra são perdulários da inteligência, destilando venenos intelectuais, indignos das concessões de que foram aquinhoados. Artistas preciosos gastam, por vezes, inutilmente, a imaginação e a sensibilidade, através de aventuras mesquinhas, caindo, afinal, nos desvãos do relaxamento e do crime.

Em toda parte vemos os dissipadores de bens, de saber, de tempo, de saúde, de oportunidades...

São eles que, contemplando os corações simples e humildes, em marcha para Deus, possuídos de verdadeira confiança, experimentam a enorme angústia da inutilidade e, distantes da paz íntima, exclamam desalentados: “Quantos trabalhadores pequeninos guardam o pão da tranquilidade, enquanto a fome de paz me tortura o espírito!”

O mundo permanece repleto de filhos pródigos e, de hora a hora, milhares de vozes proferem aflitivas exclamações iguais a esta.

NOSSA REFLEXÃO

Por tudo que já passamos e vivemos, podemos analisar o quanto somos, hoje, um filho pródigo da Parábola do Filho Pródigo (LUCAS, 15:11-32). Nós ao sermos criados, já temos de antemão uma herança gravada em nossas consciências, que é a Lei de Deus[1]. Todavia, a partir de nossas experiências, como aprendizes, a desleixamos. Então, Deus sempre contou com os seus Filhos que venceram todas as escalas espirituais para lembrar suas leis àqueles que a esqueceram num cantinho da consciência. Neste momento, o Espírito, começa a relacionar o estado espiritual em que se encontra e analisa sua vida em comparação com aquela que estaria vivendo segundo à Lei do Pai, ou, aproveitando a parábola, aqui em pauta, se tivesse vivendo na Casa do Pai.

Esta parábola guarda semelhança com a Parábola dos Talentos (MATEUS, 25: 14 a 30)[2]. Emmanuel, cita, nesta mensagem, ora refletida, os mais diversos talentos que o ser humano pode usar para evoluir, mas que, no entanto, desperdiça seu tempo utilizando sem proveito para o bem próprio e comum, como aqueles que são “[...] dissipadores de bens, de saber, de tempo, de saúde, de oportunidades...”. No caso da Parábola do Filho Pródigo, a hora da prestação de contas se dá, quando o filho constata que desperdiçou a herança do Pai e ficou na miséria, pois não multiplicou o que recebeu como empréstimo.

Devemos ter em mente que nada de ordem material é nosso, apenas detemos por um tempo, enquanto estamos encarnados. Segundo Emmanuel, “é justo, porém, salientar que a fortuna ou a autoridade são bens que detemos provisoriamente na marcha comum e que, nos fundamentos substanciais da vida, não nos pertencem” [3].

Então, que saibamos “gastar” os talentos que adquirimos ao longo de nossas vidas, pela nossa afinidade e oportunidades dadas por Deus, para, cada vez mais, nos assemelharmos a Ele.

Que Ele nos ajude.

Domício.


[1] Vide Questão 621 de O Livro dos Espíritos. Onde está escrita a Lei de Deus? “Na consciência. a) Visto que o homem traz em sua consciência a Lei de Deus, que necessidade havia de lhe ser ela revelada?.” “Ele a esquecera e desprezara. Quis então Deus lhe fosse lembrada.”
[2] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, sobre a utilização providencial da riqueza (Item 7 e 8 e instruções dos Espíritos).
[3]
Extraído da obra Fonte Viva (Emmanuel/Chico Xavier). Vide nossa mensagem e nossa reflexão em Esmola.