domingo, 1 de agosto de 2021

FILHOS PRÓDIGOS

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FILHOS PRÓDIGOS

E caindo em si, disse: quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!

Lucas (15:17).

Examinando-se a figura do filho pródigo, toda gente idealiza um homem rico, dissipando possibilidades materiais nos festins do mundo.

O quadro, todavia, deve ser ampliado, abrangendo as modalidades diferentes.

Os filhos pródigos não respiram somente onde se encontra o dinheiro em abundância.

Acomodam-se em todos os campos da atividade humana, resvalando de posições diversas.

Grandes cientistas da Terra são perdulários da inteligência, destilando venenos intelectuais, indignos das concessões de que foram aquinhoados. Artistas preciosos gastam, por vezes, inutilmente, a imaginação e a sensibilidade, através de aventuras mesquinhas, caindo, afinal, nos desvãos do relaxamento e do crime.

Em toda parte vemos os dissipadores de bens, de saber, de tempo, de saúde, de oportunidades...

São eles que, contemplando os corações simples e humildes, em marcha para Deus, possuídos de verdadeira confiança, experimentam a enorme angústia da inutilidade e, distantes da paz íntima, exclamam desalentados: “Quantos trabalhadores pequeninos guardam o pão da tranquilidade, enquanto a fome de paz me tortura o espírito!”

O mundo permanece repleto de filhos pródigos e, de hora a hora, milhares de vozes proferem aflitivas exclamações iguais a esta.

NOSSA REFLEXÃO

Por tudo que já passamos e vivemos, podemos analisar o quanto somos, hoje, um filho pródigo da Parábola do Filho Pródigo (LUCAS, 15:11-32). Nós ao sermos criados, já temos de antemão uma herança gravada em nossas consciências, que é a Lei de Deus[1]. Todavia, a partir de nossas experiências, como aprendizes, a desleixamos. Então, Deus sempre contou com os seus Filhos que venceram todas as escalas espirituais para lembrar suas leis àqueles que a esqueceram num cantinho da consciência. Neste momento, o Espírito, começa a relacionar o estado espiritual em que se encontra e analisa sua vida em comparação com aquela que estaria vivendo segundo à Lei do Pai, ou, aproveitando a parábola, aqui em pauta, se tivesse vivendo na Casa do Pai.

Esta parábola guarda semelhança com a Parábola dos Talentos (MATEUS, 25: 14 a 30)[2]. Emmanuel, cita, nesta mensagem, ora refletida, os mais diversos talentos que o ser humano pode usar para evoluir, mas que, no entanto, desperdiça seu tempo utilizando sem proveito para o bem próprio e comum, como aqueles que são “[...] dissipadores de bens, de saber, de tempo, de saúde, de oportunidades...”. No caso da Parábola do Filho Pródigo, a hora da prestação de contas se dá, quando o filho constata que desperdiçou a herança do Pai e ficou na miséria, pois não multiplicou o que recebeu como empréstimo.

Devemos ter em mente que nada de ordem material é nosso, apenas detemos por um tempo, enquanto estamos encarnados. Segundo Emmanuel, “é justo, porém, salientar que a fortuna ou a autoridade são bens que detemos provisoriamente na marcha comum e que, nos fundamentos substanciais da vida, não nos pertencem” [3].

Então, que saibamos “gastar” os talentos que adquirimos ao longo de nossas vidas, pela nossa afinidade e oportunidades dadas por Deus, para, cada vez mais, nos assemelharmos a Ele.

Que Ele nos ajude.

Domício.


[1] Vide Questão 621 de O Livro dos Espíritos. Onde está escrita a Lei de Deus? “Na consciência. a) Visto que o homem traz em sua consciência a Lei de Deus, que necessidade havia de lhe ser ela revelada?.” “Ele a esquecera e desprezara. Quis então Deus lhe fosse lembrada.”
[2] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, sobre a utilização providencial da riqueza (Item 7 e 8 e instruções dos Espíritos).
[3]
Extraído da obra Fonte Viva (Emmanuel/Chico Xavier). Vide nossa mensagem e nossa reflexão em Esmola.

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