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A POSSE DO REINO
Confirmando os ânimos dos
discípulos, exortando-os a permanecer na fé, e dizendo que por muitas
tribulações nos importa entrar no reino de Deus.
(ATOS, 14:22).
O
Evangelho a ninguém engana, em seus ensinamentos.
É
vulgar a preocupação dos crentes tentando subornar as forças divinas. Não será,
no entanto, ao preço de muitas missas, muitos hinos ou muitas sessões psíquicas
que o homem efetuará a sublime aquisição de espiritualidade excelsa.
Naturalmente,
toda prática edificante deve ser aproveitada por elemento de auxilio, no
entanto, compete a cada individualidade humana o esforço iluminativo.
A
Boa-Nova não distribui indulgências a preço do mundo e a criatura encontra
inúmeros caminhos para a ascensão.
Templos
e instrutores se multiplicam e cada qual oferece parcelas de socorro ou assistência,
no serviço de orientação; contudo, a entrada e posse na herança eterna se
verificará através de justos testemunhos.
Isto
não é acidental. É medida lógica e necessária.
Não
se improvisam estátuas raras, sem golpes de escopro, como não se colhe trigo sem
campo lavrado.
Não
poucos aprendizes costumam interpretar certas advertências do Evangelho por
excesso de exortação ao sofrimento, no entanto, o que lhes parece obsessão pela
dor é imperativo de educação da alma para a vida imperecível.
Homem
algum encontrará o estuário infinito das energias divinas, sem o concurso das
tribulações da Terra.
Personalidade
sem luta, na crosta planetária, é alma estreita.
Somente
o trabalho e o sacrifício, a dificuldade e o obstáculo, como elementos de
progresso e auto-superação, podem dar ao homem a verdadeira notícia de sua grandeza.
NOSSA REFLEXÃO
O legado que o Cristo
nos deixou é de grande utilidade quando nos desanimarmos na luta. Ele
apresentou as condições de entrada no Reino de Deus, após o decesso do corpo físico
(Mateus, 22:1 a 14; Mateus, 7:13 e 14; Lucas, 13:23 a 30; Mateus, 7:21 a 23; Mateus,
7:24 a 27; Lucas, 6:46 a 49; Lucas, 12:47 e 48; João, 9:39 a 41)[1].
A perfeição requer muito
esforço e tempo pra ser atingida. Daí, quando A. Kardec ao caracterizar o
verdadeiro espírita, não o designou como um Espírito Perfeito. Senão vejamos: “Reconhece-se
o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega
para domar suas inclinações más.” [2]
Allan Kardec, corroborou
com Paulo, o apóstolo, pois este já se antecipou a ele, quando nos iluminou:
Esforçai-vos, pois, para que os vossos irmãos, observando-vos, sejam induzidos a reconhecer que verdadeiro espírita e verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, dado que todos quantos praticam a caridade são discípulos de Jesus, sem embargo da seita a que pertençam.[3]
Desse modo, independente,
da religião, todos podemos ser verdadeiros cristãos, e em particular, sendo
espíritas.
Sabemos não ser fácil,
a porta estreita preconizada por Cristo, como condição pra entramos no Reino de
Deus.
Por que não é fácil? A.
Kardec nos explica. Corroborando consigo mesmo, quanto à sua definição de
verdadeiro espírita:
Larga é a porta da perdição, porque são numerosas as paixões más e porque o maior número envereda pelo caminho do mal. É estreita a da salvação, porque a grandes esforços sobre si mesmo é obrigado o homem que a queira transpor, para vencer suas más tendências, coisa a que poucos se resignam. É o complemento da máxima: “Muitos são os chamados e poucos os escolhidos.” (grifos nossos).[4]
Que possamos mudar
nosso modo de sentir[5],
contribuindo no dia a dia com os nossos semelhantes, com a natureza e, como
consequência, conosco mesmo, no sentido de podermos receber a credencial pra adentrar
ao reino de Deus..
Que Deus nos ajude.
Domício.