domingo, 21 de abril de 2024

CÉU COM CÉU

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CÉU COM CÉU

Mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consomem, e onde os ladrões não penetram nem roubam.

Jesus (MATEUS, 6:20).

Em todas as fileiras cristãs se misturam ambiciosos de recompensa que presumem encontrar, nessa declaração de Jesus, positivo recurso de vingança contra todos aqueles que, pelo trabalho e pelo devotamento, receberam maiores possibilidades na Terra.

O que lhes parece confiança em Deus é ódio disfarçado aos semelhantes.

Por não poderem açambarcar os recursos financeiros à frente dos olhos, lançam pensamentos de critica e rebeldia, aguardando o paraíso para a desforra desejada.

Contudo, não será por entregar o corpo ao laboratório da natureza que a personalidade humana encontrará, automaticamente, os planos da Beleza resplandecente.

Certo, brilham santuários imperecíveis nas esferas sublimadas, mas é imperioso considerar que, nas regiões imediatas à atividade humana, ainda encontramos imensa cópia de traças e ladrões, nas linhas evolutivas que se estendem além do sepulcro.

Quando o Mestre nos recomendou ajuntássemos tesouros no céu, aconselhava-­nos a dilatar os valores do bem, na paz do coração. O homem que adquire fé e conhecimento, virtude e iluminação, nos recessos divinos da consciência, possui o roteiro celeste. Quem aplica os princípios redentores que abraça, acaba conquistando essa carta preciosa; e quem trabalha diariamente na prática do bem, vive amontoando riquezas nos Cimos da Vida.

Ninguém se engane, nesse sentido.

Além da Terra, fulgem bênçãos do Senhor nos páramos celestiais; entretanto, é necessário possuir luz para percebê-­las.

É da Lei que o Divino se identifique com o que seja Divino, porque ninguém contemplará o céu se acolhe o inferno no coração.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel, a partir de Lucas que nos apresenta uma fala de Jesus, nos lembra da necessidade de nos vigiarmos quanto a querer, nesse mundo, o que outras pessoas detém para si.

No plano espiritual os valores materiais não têm valor nenhum. O que cada um de nós detemos, devolveremos involuntariamente ao deixar o corpo físico, na volta a pátria espiritual. E lá, os valores que serão contados serão aquilo que, de fato, passamos a ter, em termos de valores morais na passagem efêmera pela vida física.

Emmanuel, nos lembra muito bem sobre isso na mensagem intitulada Esmola, grafada no livro Fonte Viva (Chico Xavier – FEB): “Dar o que temos é diferente de dar o que detemos”. Entendemos que isto é o que “[...] nem a traça nem a ferrugem os consomem, e onde os ladrões não penetram nem roubam” (MATEUS, 6:20).

Isto nos faz pensar sobre o que precisamos dar mais valor enquanto encarnados. Decerto que não são os bens materiais. O Cristo nos ensinou, orientando aos discípulos como deveriam se portar na divulgação do Seu Evangelho: “Não vos afadigueis por possuir ouro, ou prata, ou qualquer outra moeda em vossos bolsos” (MATEUS, 10:9), indicando-lhes que o Evangelho deveria sobrepor todos as facilidades materiais que quem os recebessem poderiam lhes dar.

Sobre isso, A. Kardec nos esclarece:

A par do sentido próprio, essas palavras guardam um sentido moral muito profundo. Proferindo-as, ensinava Jesus a seus discípulos que confiassem na Providência. Ademais, eles, nada tendo, não despertariam a cobiça nos que os recebessem. Era um meio de distinguirem dos egoístas os caridosos.[1]

Na volta ao plano espiritual, isto, também, é o que nos distinguirá dos demais Espíritos ainda presos aos bens materiais.

Que tenhamos a certeza que além das esmolas materiais, que constituem o que detemos, que distribuímos no dia a dia de nossas vidas, cujo ato é louvável, há que nos empenharmos em exercer a caridade moral, distribuindo o que de fato temos, enquanto Espíritos encarnados. Este é maior tesouro que podemos acumular.

Que Deus nos ajude.

Domício.



[1] Em o Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXV (Buscai e Achareis), Item 11.

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