domingo, 26 de maio de 2024

A GRANDE LUTA

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A GRANDE LUTA

Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.

Paulo (EFÉSIOS, 6:12).

Segundo nossas afirmativas reiteradas, a grande luta não reside no combate com o sangue e a carne, propriamente, mas sim com as nossas disposições espirituais inferiores.

Paulo de Tarso agiu divinamente inspirado, quando escreveu sua recomendação aos companheiros de Éfeso.

O silencioso e incessante conflito entre os discípulos sinceros e as forças da sombra está vinculado em nossa própria natureza, porquanto nos acumpliciávamos abertamente com o mal, em passado não remoto.

Temos sido declarados participantes das ações delituosas nos lugares celestiais.

E, ainda hoje, entre os fluidos condensados da carne ou nas esferas que lhes são próximas, agimos no serviço de autorestauração em pleno paraíso.

A Terra é, igualmente, sublime degrau do Céu.

Quando alguém se reporta aos anjos caídos, os ouvintes humanos guardam logo a impressão de um palácio soberbo e misterioso, de onde se expulsam criaturas sábias e luminosas.

Não se verifica o mesmo, quando um homem culto se entrega ao assassínio, à frente de uma universidade ou de um templo?

Geralmente o observador terrestre relaciona o crime, não se detendo, porém, no exame do lugar sagrado e venerável em que se consumou.

A grande luta, a que o Apóstolo se refere, prossegue sem descanso.

As cidades e as edificações humanas são zonas celestiais. Nem elas e nem as células orgânicas que nos servem, constituem os poderosos inimigos, e, sim, as “hastes espirituais da maldade”, com as quais nos sintonizamos através dos pontos inferiores que conservamos desesperadamente conosco, vastas arregimentações de seres e pensamentos sombrios que obscurecem a visão humana, e que operam com sutileza, de modo a não perderem os ativos companheiros de ontem.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel, nesta página, referencia o nosso mundo espiritual na relação com o nosso mundo material. Faz-nos lembrar que o Brasil foi ressalvado, pelo Espírito Humberto de Campos (Chico Xavier), na obra Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho (FEB), como sendo a região para a qual foi transplantada a árvore do evangelho.

Contudo, nesta pátria, que abriga o maior celeiro religioso cristão do mundo, e nas hostes cristãs, a luta por, permanência ou não, de orientações da extrema direita que dialoga com o fascismo, racismo, xenofobia e demais fobias sociais, contrárias ao espírito da caridade, preconizada pelo Cristianismo/Espiritismo.

Emmanuel, inspirado em Paulo de Tarso, nos faz lembrar do cuidado de termos em mente que os locais materiais aos quais temos acesso ou não, não são nossos inimigos, pois se constituem “zonas celestiais”, como a Terra, por sua vez, se constitue  um “sublime degrau do Céu”. Para Emmanuel, devemos lutar contra

as “hastes espirituais da maldade”, com as quais nos sintonizamos através dos pontos inferiores que conservamos desesperadamente conosco, vastas arregimentações de seres e pensamentos sombrios que obscurecem a visão humana, e que operam com sutileza, de modo a não perderem os ativos companheiros de ontem.

Esta página de Emmanuel se vincula, perfeitamente, com outra de sua autoria, no livro Fonte Viva (Guardai-vos dos cães), refletida por nós. Nela, temos as características daqueles que estão entre nós para conturbar, quais sejam:

São os adversários sistemáticos do bem.

Atassalham reputações dignas.

Estimam a maledicência.

Exercitam a crueldade.

Sentem prazer com a imposição tirânica que lhes é própria.

Desfazem a conceituação elevada e santificante da vida.

Desarticulam o serviço dos corações bem-intencionados.

Atiram-se, desvairadamente, à substância das obras construtivas, procurando consumi-Ias ou pervertê-las.

Vomitam impropérios e calúnias.

Gritam, levianos, que o mal permanece vitorioso, que a sombra venceu, que a miséria consolidou o seu domínio na Terra, perturbando a paz dos servos operosos e fiéis.

E, quando o micróbio do ódio ou da cólera lhes excita a desesperação, ai daqueles que se aproximam, generosos e confiantes!

Estes são dados a injúrias e violências, contrárias a bem-aventurança Bem-aventurados os que são brandos e pacíficos (MATEUS, 5:5; MATEUS, 5:9; MATEUS, 5:21 e 22) [1]. Para A. Kardec, com as máximas contidas no versículos citados acima, “[...] Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência, uma lei. Condena, por conseguinte, a violência, a cólera e até toda expressão descortês de que alguém possa usar para com seus semelhantes.”[2]

Desse modo, que lutemos contra os inimigos que ainda se encontram em nós, evitando que se aproximem de nós, as nuvens (HEBREUS, 12:1) que nos acompanham (especialmente aqueles do plano espiritual) “[...] e que operam com sutileza, de modo a não perderem os ativos companheiros de ontem.”

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Vide o Cap. IX (Bem-aventurados os que são brandos e pacíficos) de O Evangelho segundo o Espiritismo.
[2]
Vide a dissertação, na íntegra, em O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. IX, Item 4 (Injúrias e violências).

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