domingo, 2 de junho de 2024

VÓS, QUE DIZEIS?

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VÓS, QUE DIZEIS?

E perguntou-lhes: E vós, quem dizeis que eu sou?

(LUCAS, 9:20).

Nas discussões propriamente do mundo, existirão sempre escritores e cientistas dispostos a examinar o Mestre, na pauta de suas impressões puramente intelectuais, sob os pruridos da presunção humana.

Esses amigos, porém, não tiveram contacto com a alma do Evangelho, não superaram os círculos acadêmicos e nem arriscam títulos convencionais, numa excursão desapaixonada através da revelação divina; naturalmente, portanto, continuarão enganados pela vaidade, pelo preconceito ou pelo temor que lhes são peculiares ao transitório modo de ser, até que se lhes renove a experiência nas estradas da vida imperecível.

Entretanto, na intimidade dos aprendizes sinceros e fiéis, a pergunta de Jesus reveste-se de singular importância.

Cada um de nós deve possuir opiniões próprias, relativamente à sabedoria e à misericórdia com que temos sido agraciados.

Palestras vãs, acerca do Cristo, quadram bem apenas a espíritos desarvorados no caminho da vida. A nós outros, porém, compete o testemunho da intimidade com o Senhor, porque somos usufrutuários diretos de sua infinita bondade. Meditemos e renovemos aspirações em seu Evangelho de amor, compreendendo a impropriedade de mútuas interpelações, com respeito ao Mestre, porque a interrogação sublime vem dele a cada um de nós e todos necessitamos conhecê-lo, de modo a assinalá-lo em nossas tarefas de cada dia.

NOSSA REFLEXÃO

Esse versículo, que Emmanuel escolheu pra o prompt de sua mensagem, através de Chico Xavier, ocorreu próximo ao calvário do Mestre.

Chegava o fim de Sua Missão, entre nós, e Ele precisava deixar costurado com o seus discípulos alguns entendimentos sobre a sua realidade espiritual junto ao Pai e sua missão reencarnatória entre nós.

Respondendo à Pedro sobre a sua realidade dita pelas pessoas comuns e ou religiosas, Ele orientou sobre o seu sacrifício e a real relação que deveríamos ter com Ele e da necessidade de cada um carregar sua cruz:

É necessário o filho do homem padecer muitas {coisas}, ser rejeitado pelos anciãos, sumos-sacerdotes e escribas, ser morto e levantar-se no terceiro dia. Ele dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, tome a sua cruz a cada dia, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá, e quem perder a sua vida por minha causa, esse a salvará. Porquanto, que benefício tem o homem ao ganhar o mundo inteiro, destruindo a si mesmo ou sofrendo perda? (LUCAS, 9: 22-25).[1] 

Sobre a nossa coragem diante de nossas atribulações (simbolizada pela cruz, que Ele carregou e orientou que carregássemos a nossa), A. Kardec nos explica que Ele quis dizer, de outro modo, que devemos suportar

[...] corajosamente as tribulações que sua fé lhe acarretar, dado que aquele que quiser salvar a vida e seus bens, renunciando a mim, perderá as vantagens do Reino dos Céus, enquanto os que tudo houverem perdido neste mundo, mesmo a vida, para que a verdade triunfe, receberão, na vida futura, o prêmio da coragem, da perseverança e da abnegação de que deram prova. Mas aos que sacrificam os bens celestes aos gozos terrestres, Deus dirá: “Já recebestes a vossa recompensa”.[2]

Que tenhamos, então, consciência dessa cumplicidade espiritual que devemos ter com o Mestre, de modo construtivo, sem perder de vista a nossa realidade espiritual após a perda do corpo físico, ou seja, a nova vida futura.[3]

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Vide em O Novo Testamento (Dias, 2013 , p. 299)
[2] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXIV (Não ponhais a candeia debaixo do alqueire), Item 19 (Carregar sua cruz. Quem quiser salvar a vida, perdê-la-á).
[3]
Vide a respeito em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. II (Meu reino não é deste mundo), Item 2 (A vida futura).

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