domingo, 31 de março de 2024

OS CONTRÁRIOS

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OS CONTRÁRIOS

Que diremos pois à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?

Paulo (ROMANOS, 8:31).

A interrogação de Paulo ainda representa precioso tema para a comunidade evangélica dos dias que correm.

Perante nosso esforço desdobra-se campo imenso, onde o Mestre nos aguarda a colaboração resoluta.

Muitas vezes, contudo, grande número de companheiros prefere abandonar a construção para disputar com malfeitores do caminho.

Elementos adversos nos cercam em toda parte.

Obstáculos inesperados se desenham ante os nossos olhos aflitos, velhos amigos deixam-nos a sós, situações favoráveis, até ontem, são metamorfoseadas em hostilidades cruéis.

Enormes fileiras de operários fogem ao perigo, temendo a borrasca e esquecendo o testemunho.

Entretanto, não fomos situados na obra a fim de nos rendermos ao pânico, nem o Mestre nos enviou ao trabalho com o objetivo de confundir-nos através de experiências dos círculos exteriores.

Fomos chamados a construir.

Naturalmente, deveremos contar com as mil eventualidades de cada dia, suscetíveis de nascer das forças contrárias, dificultando-nos a edificação; nosso dia de luta será assediado pela perturbação e pela fadiga. Isto é inevitável num mundo que tudo espera do cristão genuíno.

Em razão de semelhante imperativo, entre ameaças e incompreensões da senda, cabe-nos indagar, bem-humorados, à maneira do apóstolo aos gentios: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel traz-nos a reflexão de Paulo, que consta no caput dessa mensagem, nos lembrando que podemos estar entre diferentes e contrários, sem perder o equilíbrio.

A diferença entre as pessoas num mundo de provas e expiação[1], como o nosso, é o que o caracteriza. Então, ao reencarnarmos, somos chamados, naturalmente, a conviver com os contrários.

Essa relação, por vezes, é até angustiante, mesmo quando debate-se temas comuns a diferentes debatedores.

Segundo Um Espírito Protetor,

Sois chamados a estar em contato com espíritos de naturezas diferentes, de caracteres opostos: não choqueis a nenhum daqueles com quem estiverdes. Sede joviais, sede ditosos, mas seja a vossa jovialidade a que provém de uma consciência limpa, seja a vossa ventura a do herdeiro do Céu que conta os dias que faltam para entrar na posse da sua herança.[2]

Ou seja, em contato com os diferentes, podemos ser, com a consciência tranquila, nos comportar como aquele que respeita o ponto de vista de qualquer pessoa e que deseja que seja respeitado o seu.

Aliás, é importante que estejamos com a fé do propósito justo em que defendemos, se for para contribuir para a melhoria de vida daqueles por quais defendemos.

Também, não podemos nos desesperançar na luta.

Segundo José, Espírito Protetor:

A esperança e a caridade são corolários da fé e formam com esta uma trindade inseparável. Não é a fé que faculta a esperança na realização das promessas do Senhor? Se não tiverdes fé, que esperareis? Não é a fé que dá o amor? Se não tendes fé, qual será o vosso reconhecimento e, portanto, o vosso amor?[3]

A fé nos bons propósitos, pensando na vida futura, é que nos garante firmeza numa luta em um mundo de desiguais.

Desse modo, lembremos que Emmanuel nos exorta, nesta mensagem: “Fomos chamados a construir.”

Que saibamos, então, colaborar na construção de um mundo justo, a partir da nossa própria construção, enquanto espíritos em evolução.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. III (Há muitas moradas na casa de meu Pai).
[2] Vide mensagem, na íntegra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, Item 10 (O homem no mundo).
[3] Vide mensagem, na íntegra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIX, Item 11 (A fé: mãe da esperança e da caridade). 

domingo, 24 de março de 2024

NÃO TROPECEMOS

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NÃO TROPECEMOS

Jesus respondeu: Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo.

(JOÃO, 11:9).

O conteúdo da interrogativa do Mestre tem vasta significação para os discípulos da atualidade.

“Não há doze horas no dia?”

Conscientemente, cada qual deveria inquirir de si mesmo em que estará aplicando tão grande cabedal de tempo.

Fala-se com ênfase do problema de desempregados na época moderna. Entretanto, qualquer crise nesse sentido não resulta da carência de trabalho e,  sim, da ausência de boa vontade individual.

Um inquérito minucioso nesse particular revelaria a realidade. Muita gente permanece sem atividade por revolta contra o gênero de serviço que lhe é oferecido ou por inconformação, em face dos salários.

Sobrevém, de imediato, o desequilíbrio.

A ociosidade dos trabalhadores provoca a vigilância dos mordomos e as leis transitórias do mundo refletem animosidade e desconfiança.

Se os braços estacionam, as oficinas adormecem.

Ocorre o mesmo nas esferas de ação espiritual.

Quantos aprendizes abandonam seus postos, alegando angústia de tempo? quantos não se transferem para a zona da preguiça, porque aconteceu isso ou aquilo, em pleno desacordo com os princípios superiores que abraça?

E, por bagatelas, grande número de servidores vigorosos procuram a retaguarda cheia de sombras. Mas aquele que conserva acuidade auditiva ainda escuta com proveito a palavra do Senhor: ”Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia não tropeça.”

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel se refere a uma passagem que antecipou a ressurreição de Lázaro (JOÃO, 11).

A resposta do Mestre Jesus, foi à pergunta de seus discípulos sobre a ida à judeia onde Jesus já havia sido hostilizado.

Contudo, Jesus tinha uma missão muito importante a fazer lá, pois Lázaro, irmão de Marta e Maria (que ungiu os pés de Jesus (JOÃO, 11:2)) havia falecido.

Emmanuel faz, relativa a essa passagem de João, uma possível causa do desemprego: a preguiça ou falta de boa vontade do desempregado. Diz, Emmanuel, sobre isso: “[...] qualquer crise nesse sentido não resulta da carência de trabalho e,  sim, da ausência de boa vontade individual.” Isto que não coaduna com os tempos atuais. Falta, em verdade, postos de serviço. Vide, que há muitos trabalhadores informais que conseguem uma oportunidade de oferecer um serviço nas ruas, praças e transporte coletivo.[1] O que não acontece com todos e todas. Faz-se necessário uma análise sobre isso, para não cairmos na generalização. A sociedade deve fazer sua parte no sentido de criar mais oportunidades de trabalho.

Lembremos que o Cristo foi misericordioso com aqueles que não puderam trabalhar o dia todo por falta de oportunidade. Refiro-me aos trabalhadores da última hora (MATEUS, 20:1 a 16). Pode haver situações que foge a isso, mas não podemos generalizar. Pois emprego depende de ações públicas ou privadas que os geram. A parábola do Trabalhador da Última Hora nos remete, como os Espíritos Superiores nos mostraram, à várias análises constantes em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XX. É um capítulo tão sensível, que Allan Kardec se absteve de comentar, pois temos tão somente as Instruções dos Espíritos.

Entendemos que o Emmanuel quis nos dizer, notadamente, que não devemos fugir ao trabalho por motivos externos a nós. Foi legítima a preocupação dos discípulos, sobre o perigo que Jesus corria. E, de fato, logo depois desse episódio, começou a via crucis do Mestre (MATEUS, 26:1-5; MARCOS, 14:1-2; LUCAS, 22:1-6). Lógico que o Mestre sabia o que ia acontecer, mas aproveitou a oportunidade para dar o exemplo aos discípulos, pois estes, depois que Ele se fosse, não teriam facilidade para pregar a Boa Nova. Boa parte deles foram imolado de alguma forma ou mortos no cumprimento de suas missões evangélicas.

Ficou para a nós o ensinamento, também.

Que saibamos cumprir nossas missões, irresolutos, a despeito das dificuldades para alcançar as metas que devem ser justas perante as Leis de Deus.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Vide que, no Brasil, 13,4 milhões de pessoas vivem do trabalho informal, sem carteira assinada. Disponível Agência Brasil (2024).

domingo, 17 de março de 2024

DE QUE MODO?

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DE QUE MODO?

Que quereis? Irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?

Paulo (I CORÍNTIOS, 4:21).

Por vezes, o apóstolo dos gentios, inflamado de sublimes inspirações, trouxe aos companheiros interrogativas diretas, quase cruéis, se consideradas tão somente em sentido literal, mas portadoras de realidade admirável, quando vistas através da luz imperecível.

Em todas as casas cristãs vibram irradiações de amor e paz. Jesus nunca deixou os seguidores fiéis esquecidos, por mais separados caminhem no terreno das interpretações.

Emissários abnegados do devotamento celestial espalham socorro santificante em todas as épocas da humanidade. A História é demonstração dessa verdade inconteste.

A nenhum século faltaram missionários legítimos do bem.

Promessas e revelações do Senhor chegam aos portos do conhecimento, através de mil modos.

Os aprendizes que ingressaram nas fileiras evangélicas, portanto, não podem alegar ignorância de objetivo a fim de esconderem as próprias falhas. Cada qual, no lugar que lhe compete, já recebeu o programa de serviço que lhe cabe executar, cada dia. Se fogem ao trabalho e se escapam ao testemunho, devem semelhante anomalia à própria vontade paralítica.

Eis por que é possível surja um momento em que o discípulo ocioso e pedinchão poderá ouvir o Mestre, sem intermediários, exclamando de igual modo: – “Que quereis? Irei ter convosco com vara ou com amor e espírito de mansidão?”

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel nos lembra da firmeza com que Paulo falou aos Coríntios, se referindo, naquela carta, sobre uma possível contenda que estava ocorrendo entre os membros do grupo a quem ele se dedicava.

Esta mensagem nos leva a refletir, quando focamos em um trabalho pessoal, social e cristão que depende de nós. Como Emmanuel nos diz: “Em todas as casas cristãs vibram irradiações de amor e paz. Jesus nunca deixou os seguidores fiéis esquecidos, por mais separados caminhem no terreno das interpretações”.

Desse modo, seremos, então, cada vez mais felizes se dermos conta dos serviços que recebemos por misericórdia e que devemos cumpri-los com espírito de lealdade, gratidão e companherismo.

No trabalho espírita, em que nos engajarmos, devemos agir de modo a não prejudicar o andamento da obra. Vale destacar a mensagem do Espírito de Verdade sobre isso:

Ditosos os que hajam dito a seus irmãos: “Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra”, porquanto o Senhor lhes dirá: “Vinde a mim, vós que sois bons servidores, vós que soubestes impor silêncio aos vossos ciúmes e às vossas discórdias, a fim de que daí não viesse dano para a obra!”[1]

Então, que tenhamos isto em mente quando nos dispormos ao trabalho coletivo em uma casa espírita em prol da divulgação do Espiritismo e suas consequências morais.

Que Deus nos ajude.

Domício.



[1] Vide a mensagem de O Espírito de Verdade, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XX (Os trabalhadores da última hora), Item 5 (Os obreiros do Senhor).

domingo, 10 de março de 2024

NINGUÉM SE RETIRA

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NINGUÉM SE RETIRA

Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? tu tens as palavras da vida eterna.

João (6:68).

A medida que o Mestre revelava novas características de sua doutrina de amor, os seguidores, então numerosos, penetravam mais vastos círculos no domínio da responsabilidade.

Muitos deles, em razão disso, receosos do dever que lhes caberia, afastaram­-se, discretos, do cenáculo acolhedor de Cafarnaum.

O Cristo, entretanto, consciente das obrigações de ordem divina, longe de violar os princípios da liberdade, reuniu a pequena assembleia que restava e interrogou aos discípulos:

– Também vós quereis retirar-vos?

Foi nessa circunstância que Pedro emitiu a resposta sábia, para sempre gravada no edifício cristão.

Realmente, quem começa o serviço de espiritualidade superior com Jesus jamais sentirá emoções idênticas, a distância d’Ele. A sublime experiência, por vezes, pode ser interrompida, mas nunca aniquilada. Compelido em várias ocasiões por impositivos da zona física, o companheiro do Evangelho sofrerá acidentes espirituais submetendo-se a ligeiro estacionamento; contudo, não perderá definitivamente o caminho.

Quem comunga efetivamente no banquete da revelação cristã, em tempo algum olvidará o Mestre amoroso que lhe endereçou o convite.

Por este motivo, Simão Pedro perguntou com muita propriedade: Senhor, para quem iremos nós?

É que o mundo permanece repleto de filósofos, cientistas e reformadores de toda espécie, sem dúvida respeitáveis pelas concepções humanas avançadas de que se fazem pregoeiros; na maioria das situações, todavia, não passam de meros expositores de palavras transitórias, com reflexos em experiências efêmeras.

Cristo, porém, é o Salvador das almas e o Mestre dos corações e, com Ele, encontramos os roteiros da vida eterna.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel lembra essa importante conversa do Cristo com os seus discípulos. O Mestre, sempre aproveitava um momento inusitado para deixar uma mensagem ou ponto de reflexão. Ele entendia que deveria criar um elo permanente após sua volta ao plano espiritual.

Os discípulos, como Pedro materializou, sentiam a necessidade de se manter com Cristo por perto. E, após sua ida, não restou senão a memória da Sua presença e ensinamentos. Uma prova disso é que só algum tempo depois, essa memória se materializou na forma dos Evangelhos e trabalhos de pregação da Boa Nova entre os judeus.

O Cristo deixou um importante recado para manter os seus discípulos perto de si, mesmo estando invisível: “Chamando para perto de si o povo e os discípulos, disse-lhes: “Se alguém quiser vir nas minhas pegadas, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me [...] (MARCOS, 8:34 a 36; LUCAS, 9:23 a 25; MATEUS, 10:38 a 39; JOÃO, 12:25 a 26). Esta exortação do Mestre ficou tão marcada em suas memórias, que foi grafada nos 4 Evangelhos.

Allan Kardec, lembra essa passagem evangélica, traduzindo-a da seguinte forma:

“Tome a sua cruz aquele que me quiser seguir”, isto é, suporte corajosamente as tribulações que sua fé lhe acarretar, dado que aquele que quiser salvar a vida e seus bens, renunciando a mim, perderá as vantagens do Reino dos Céus, enquanto os que tudo houverem perdido neste mundo, mesmo a vida, para que a verdade triunfe, receberão, na vida futura, o prêmio da coragem, da perseverança e da abnegação de que deram prova. Mas aos que sacrificam os bens celestes aos gozos terrestres, Deus dirá: “Já recebestes a vossa recompensa.”[1]

Então, precisamos, como Emmanuel nos diz, nesta mensagem:

Compelido em várias ocasiões por impositivos da zona física, o companheiro do Evangelho sofrerá acidentes espirituais submetendo-se a ligeiro estacionamento; contudo, não perderá definitivamente o caminho. Quem comunga efetivamente no banquete da revelação cristã, em tempo algum olvidará o Mestre amoroso que lhe endereçou o convite.

Que Deus nos ajude a não esquecer o iluminoso convite.

Domício.



[1] Vide interpretação na íntegra, de Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXIV, Item19.

domingo, 3 de março de 2024

É O MESMO

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É O MESMO

Pois o mesmo Pai vos ama.

Jesus (JOÃO, 16:27).

Ninguém despreze os valores da confiança.

Servo algum fuja ao benefício da cooperação. Quem hoje pode dar algo de útil, precisará possivelmente amanhã de alguma colaboração essencial.

Todavia, por enriquecer-se alguém de fraternidade e fé, não olvide a necessidade do desenvolvimento infinito no bem.

Os obreiros sinceros do Evangelho devem operar contra o favoritismo pernicioso.

A lavoura divina não possui privilegiados. Em suas seções numerosas há trabalhadores mais devotados e mais fiéis; contudo, esses não devem ser categorizados à conta de fetiches e, sim, respeitados e imitados por símbolos de lealdade e serviço.

Criar ídolos humanos é pior que levantar estátuas destinadas à adoração. O mármore é impassível mas o companheiro é nosso próximo de cuja condição ninguém deveria abusar.

Pague cada homem o tributo de esforço próprio à vida.

O Supremo Senhor espera de nós apenas isto, a fim de converter-nos em colaboradores diretos.

O próprio Cristo afirmou que o mesmo Pai que o distingue ama igualmente a Humanidade.

O Deus que inspira o médico é o que ampara o doente.

Não importa que asiáticos e europeus o designem sob nomes diferentes. Invariavelmente é o mesmo Pai.

Conservemos, pois, a luz da consolação, a bênção do concurso fraterno, a confiança em nossos Maiores e a certeza na proteção deles; contudo, não olvidemos o dever natural de seguir para o Alto, utilizando os próprios pés.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel nos chama a atenção para que sejamos determinados em lutar pela própria evolução, mesmo que aqui e ali, possamos precisar da ajuda de companheiros e companheiras.

Ninguém evolui sozinho. Conforme os Espíritos Superiores, que colaboraram, em equipe, na codificação da Doutrina Espírita, “a vida social está na natureza (Livro dos Espíritos (LE), questão 766). Vejamos como eles se pronunciaram a respeito:

LE Q 766 – A vida social está na Natureza? Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Não lhe deu inutilmente a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação.

LE Q 767. É contrário à Lei da Natureza o insulamento absoluto? Sem dúvida, pois que por instinto os homens buscam a sociedade e todos devem concorrer para o progresso, auxiliando-se mutuamente.[1]

 

Então, é natural recorremos a outrem quando um problema ocorre em nossa vida, pois há uma diversidade de especialistas que se desenvolveram por afinidade com uma atividade acadêmica, social, política, médica, etc, que podem nos ajudar, como, da nossa vez, podemos ajudar as pessoas que nos procuram pela nossa especialidade.

Mas acima de todos, que podem ter mais conhecimentos ou bens materiais, Emmanuel nos lembra, baseado em Paulo, o Apóstolo, que temos o mesmo Pai que espera o desenvolvimento de nossa autonomia. Pois, segundo Emmanuel, nesta mensagem que ora refletimos: “Pague cada homem o tributo de esforço próprio à vida”.

Sim, o Pai ou criador do universo é único. Conforme os Espíritos Superiores em O Livro dos Espíritos, em resposta à A. Kardec, (primeira pergunta desse livro), afirmaram: “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas” (grifos nossos).[2]

Por Sua vontade, quando do nosso planejamento reencarnatório, somos instruídos às nossas necessidade evolutivas. Nós mesmos entendemos em que precisamos melhorar. Daí, a possibilidade de escolhermos nossas provas e expiações.

Sobre isso, vejamos as respostas dos Espíritos Superiores às perguntas de A. Kardec sobre tema:

LE Q 258. Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena? Ele próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre-arbítrio.

a) Não é Deus, então, quem lhe impõe as tribulações da vida, como castigo? Nada ocorre sem a permissão de Deus, porquanto foi Deus quem estabeleceu todas as leis que regem o Universo. Ide agora perguntar por que decretou Ele esta lei e não aquela. Dando ao Espírito a liberdade de escolher, Deus lhe deixa a inteira responsabilidade de seus atos e das consequências que estes tiverem. Nada lhe estorva o futuro; abertos se lhe acham, assim, o caminho do bem, como o do mal. Se vier a sucumbir, restar-lhe-á a consolação de que nem tudo se lhe acabou e que a Bondade divina lhe concede a liberdade de recomeçar o que foi malfeito. Ademais, cumpre se distinga o que é obra da vontade de Deus do que o é da vontade do homem. Se um perigo vos ameaça, não fostes vós quem o criou e sim Deus. Vosso, porém, foi o desejo de a ele vos expordes, por haverdes visto nisso um meio de progredirdes, e Deus o permitiu.[3]

Desse modo, que possamos, usando de nossa vigilância, vencer as provas escolhidas e superar, com resignação, as expiações necessárias que escolhemos pelos nossos atos passados, pela ignorância da vida futura. Tudo isso, com a crença de, apesar de termos escolhido conscientemente ou não, e por esquecermos as vidas passadas ao reencarnar[4], não somos largados a própria sorte. Temos nosso Anjo da Guarda e Espíritos Familiares[5] que nos assistem.

Que Deus nos ajude.

Domício.



[1] Vide em O Livro dos Espíritos, Parte Terceira (Das Leis Morais) – Capítulo VII (Da Lei de Sociedade: Necessidade da vida social), questões 766, 767 e seguintes.
[2] Vide em O Livro dos Espíritos, Parte Primeira (Das causas primárias: Deus e o infinito) – Capítulo I (De Deus), questão 1.
[3] Vide em O Livro dos Espíritos, Parte Segunda (Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos) – Capítulo VI (Da Vida Espírita: Escolha das provas), questão 258.
[4] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V (Bem-aventurados os aflitos), Item 11.
[5] Vide em O Livro dos Espíritos, Parte Segunda (Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos) – Capítulo IX (Da intervenção dos Espíritos no mundo corporal: Anjos da guarda. Espíritos protetores, familiares ou simpáticos), questões 489 e seguintes.