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OS CONTRÁRIOS
Que
diremos pois à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?
Paulo (ROMANOS, 8:31).
A interrogação de Paulo ainda
representa precioso tema para a comunidade evangélica dos dias que correm.
Perante nosso esforço desdobra-se
campo imenso, onde o Mestre nos aguarda a colaboração resoluta.
Muitas vezes, contudo, grande número
de companheiros prefere abandonar a construção para disputar com malfeitores do
caminho.
Elementos adversos nos cercam em
toda parte.
Obstáculos inesperados se desenham
ante os nossos olhos aflitos, velhos amigos deixam-nos a sós, situações
favoráveis, até ontem, são metamorfoseadas em hostilidades cruéis.
Enormes fileiras de operários fogem
ao perigo, temendo a borrasca e esquecendo o testemunho.
Entretanto, não fomos situados na
obra a fim de nos rendermos ao pânico, nem o Mestre nos enviou ao trabalho com
o objetivo de confundir-nos através de experiências dos círculos exteriores.
Fomos chamados a construir.
Naturalmente, deveremos contar com
as mil eventualidades de cada dia, suscetíveis de nascer das forças contrárias,
dificultando-nos a edificação; nosso dia de luta será assediado pela
perturbação e pela fadiga. Isto é inevitável num mundo que tudo espera do
cristão genuíno.
Em razão de semelhante imperativo,
entre ameaças e incompreensões da senda, cabe-nos indagar, bem-humorados, à
maneira do apóstolo aos gentios: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”
NOSSA REFLEXÃO
Emmanuel
traz-nos a reflexão de Paulo, que consta no caput dessa mensagem, nos lembrando
que podemos estar entre diferentes e contrários, sem perder o equilíbrio.
A
diferença entre as pessoas num mundo de provas e expiação[1], como
o nosso, é o que o caracteriza. Então, ao reencarnarmos, somos chamados,
naturalmente, a conviver com os contrários.
Essa
relação, por vezes, é até angustiante, mesmo quando debate-se temas comuns a
diferentes debatedores.
Segundo
Um Espírito Protetor,
Sois chamados a estar em contato com espíritos de naturezas diferentes, de caracteres opostos: não choqueis a nenhum daqueles com quem estiverdes. Sede joviais, sede ditosos, mas seja a vossa jovialidade a que provém de uma consciência limpa, seja a vossa ventura a do herdeiro do Céu que conta os dias que faltam para entrar na posse da sua herança.[2]
Ou
seja, em contato com os diferentes, podemos ser, com a consciência tranquila,
nos comportar como aquele que respeita o ponto de vista de qualquer pessoa e
que deseja que seja respeitado o seu.
Aliás,
é importante que estejamos com a fé do propósito justo em que defendemos, se
for para contribuir para a melhoria de vida daqueles por quais defendemos.
Também,
não podemos nos desesperançar na luta.
Segundo
José, Espírito Protetor:
A esperança e a caridade são corolários da fé e formam com esta uma trindade inseparável. Não é a fé que faculta a esperança na realização das promessas do Senhor? Se não tiverdes fé, que esperareis? Não é a fé que dá o amor? Se não tendes fé, qual será o vosso reconhecimento e, portanto, o vosso amor?[3]
A fé nos bons propósitos, pensando na vida futura, é que nos garante firmeza numa luta em um mundo de desiguais.
Desse modo, lembremos que Emmanuel nos exorta,
nesta mensagem: “Fomos
chamados a construir.”
Que saibamos, então, colaborar na construção
de um mundo justo, a partir da nossa própria construção, enquanto espíritos em
evolução.
Que Deus nos ajude.
Domício.