domingo, 24 de março de 2024

NÃO TROPECEMOS

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NÃO TROPECEMOS

Jesus respondeu: Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo.

(JOÃO, 11:9).

O conteúdo da interrogativa do Mestre tem vasta significação para os discípulos da atualidade.

“Não há doze horas no dia?”

Conscientemente, cada qual deveria inquirir de si mesmo em que estará aplicando tão grande cabedal de tempo.

Fala-se com ênfase do problema de desempregados na época moderna. Entretanto, qualquer crise nesse sentido não resulta da carência de trabalho e,  sim, da ausência de boa vontade individual.

Um inquérito minucioso nesse particular revelaria a realidade. Muita gente permanece sem atividade por revolta contra o gênero de serviço que lhe é oferecido ou por inconformação, em face dos salários.

Sobrevém, de imediato, o desequilíbrio.

A ociosidade dos trabalhadores provoca a vigilância dos mordomos e as leis transitórias do mundo refletem animosidade e desconfiança.

Se os braços estacionam, as oficinas adormecem.

Ocorre o mesmo nas esferas de ação espiritual.

Quantos aprendizes abandonam seus postos, alegando angústia de tempo? quantos não se transferem para a zona da preguiça, porque aconteceu isso ou aquilo, em pleno desacordo com os princípios superiores que abraça?

E, por bagatelas, grande número de servidores vigorosos procuram a retaguarda cheia de sombras. Mas aquele que conserva acuidade auditiva ainda escuta com proveito a palavra do Senhor: ”Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia não tropeça.”

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel se refere a uma passagem que antecipou a ressurreição de Lázaro (JOÃO, 11).

A resposta do Mestre Jesus, foi à pergunta de seus discípulos sobre a ida à judeia onde Jesus já havia sido hostilizado.

Contudo, Jesus tinha uma missão muito importante a fazer lá, pois Lázaro, irmão de Marta e Maria (que ungiu os pés de Jesus (JOÃO, 11:2)) havia falecido.

Emmanuel faz, relativa a essa passagem de João, uma possível causa do desemprego: a preguiça ou falta de boa vontade do desempregado. Diz, Emmanuel, sobre isso: “[...] qualquer crise nesse sentido não resulta da carência de trabalho e,  sim, da ausência de boa vontade individual.” Isto que não coaduna com os tempos atuais. Falta, em verdade, postos de serviço. Vide, que há muitos trabalhadores informais que conseguem uma oportunidade de oferecer um serviço nas ruas, praças e transporte coletivo.[1] O que não acontece com todos e todas. Faz-se necessário uma análise sobre isso, para não cairmos na generalização. A sociedade deve fazer sua parte no sentido de criar mais oportunidades de trabalho.

Lembremos que o Cristo foi misericordioso com aqueles que não puderam trabalhar o dia todo por falta de oportunidade. Refiro-me aos trabalhadores da última hora (MATEUS, 20:1 a 16). Pode haver situações que foge a isso, mas não podemos generalizar. Pois emprego depende de ações públicas ou privadas que os geram. A parábola do Trabalhador da Última Hora nos remete, como os Espíritos Superiores nos mostraram, à várias análises constantes em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XX. É um capítulo tão sensível, que Allan Kardec se absteve de comentar, pois temos tão somente as Instruções dos Espíritos.

Entendemos que o Emmanuel quis nos dizer, notadamente, que não devemos fugir ao trabalho por motivos externos a nós. Foi legítima a preocupação dos discípulos, sobre o perigo que Jesus corria. E, de fato, logo depois desse episódio, começou a via crucis do Mestre (MATEUS, 26:1-5; MARCOS, 14:1-2; LUCAS, 22:1-6). Lógico que o Mestre sabia o que ia acontecer, mas aproveitou a oportunidade para dar o exemplo aos discípulos, pois estes, depois que Ele se fosse, não teriam facilidade para pregar a Boa Nova. Boa parte deles foram imolado de alguma forma ou mortos no cumprimento de suas missões evangélicas.

Ficou para a nós o ensinamento, também.

Que saibamos cumprir nossas missões, irresolutos, a despeito das dificuldades para alcançar as metas que devem ser justas perante as Leis de Deus.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Vide que, no Brasil, 13,4 milhões de pessoas vivem do trabalho informal, sem carteira assinada. Disponível Agência Brasil (2024).

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