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NÃO TROPECEMOS
Jesus respondeu: Não há doze horas
no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo.
(JOÃO,
11:9).
O
conteúdo da interrogativa do Mestre tem vasta significação para os discípulos
da atualidade.
“Não
há doze horas no dia?”
Conscientemente,
cada qual deveria inquirir de si mesmo em que estará aplicando tão grande
cabedal de tempo.
Fala-se
com ênfase do problema de desempregados na época moderna. Entretanto, qualquer
crise nesse sentido não resulta da carência de trabalho e, sim, da ausência de boa vontade individual.
Um
inquérito minucioso nesse particular revelaria a realidade. Muita gente
permanece sem atividade por revolta contra o gênero de serviço que lhe é
oferecido ou por inconformação, em face dos salários.
Sobrevém,
de imediato, o desequilíbrio.
A
ociosidade dos trabalhadores provoca a vigilância dos mordomos e as leis
transitórias do mundo refletem animosidade e desconfiança.
Se
os braços estacionam, as oficinas adormecem.
Ocorre
o mesmo nas esferas de ação espiritual.
Quantos
aprendizes abandonam seus postos, alegando angústia de tempo? quantos não se
transferem para a zona da preguiça, porque aconteceu isso ou aquilo, em pleno
desacordo com os princípios superiores que abraça?
E,
por bagatelas, grande número de servidores vigorosos procuram a retaguarda
cheia de sombras. Mas aquele que conserva acuidade auditiva ainda escuta com
proveito a palavra do Senhor: ”Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia
não tropeça.”
NOSSA REFLEXÃO
Emmanuel
se refere a uma passagem que antecipou a ressurreição de Lázaro (JOÃO, 11).
A resposta
do Mestre Jesus, foi à pergunta de seus discípulos sobre a ida à judeia onde Jesus
já havia sido hostilizado.
Contudo,
Jesus tinha uma missão muito importante a fazer lá, pois Lázaro, irmão de Marta
e Maria (que ungiu os pés de Jesus (JOÃO, 11:2)) havia falecido.
Emmanuel
faz, relativa a essa passagem de João, uma possível causa do desemprego: a
preguiça ou falta de boa vontade do desempregado. Diz, Emmanuel, sobre isso: “[...]
qualquer crise nesse sentido não resulta da carência de trabalho e, sim, da ausência de boa vontade individual.” Isto
que não coaduna com os tempos atuais. Falta, em verdade, postos de serviço.
Vide, que há muitos trabalhadores informais que conseguem uma oportunidade de oferecer
um serviço nas ruas, praças e transporte coletivo.[1] O que
não acontece com todos e todas. Faz-se necessário uma análise sobre isso, para
não cairmos na generalização. A sociedade deve fazer sua parte no sentido de
criar mais oportunidades de trabalho.
Lembremos
que o Cristo foi misericordioso com aqueles que não puderam trabalhar o dia
todo por falta de oportunidade. Refiro-me aos trabalhadores da última hora (MATEUS,
20:1 a 16). Pode haver situações que foge a isso, mas não podemos generalizar.
Pois emprego depende de ações públicas ou privadas que os geram. A parábola do
Trabalhador da Última Hora nos remete, como os Espíritos Superiores nos mostraram,
à várias análises constantes em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XX. É um capítulo tão sensível, que
Allan Kardec se absteve de comentar, pois temos tão somente as Instruções
dos Espíritos.
Entendemos que o
Emmanuel quis nos dizer, notadamente, que não devemos fugir ao trabalho por
motivos externos a nós. Foi legítima a preocupação dos discípulos, sobre o perigo
que Jesus corria. E, de fato, logo depois desse episódio, começou a via crucis
do Mestre (MATEUS, 26:1-5; MARCOS, 14:1-2; LUCAS, 22:1-6). Lógico que o Mestre
sabia o que ia acontecer, mas aproveitou a oportunidade para dar o exemplo aos
discípulos, pois estes, depois que Ele se fosse, não teriam facilidade para
pregar a Boa Nova. Boa parte deles foram imolado de alguma forma ou mortos no
cumprimento de suas missões evangélicas.
Ficou para a nós o
ensinamento, também.
Que saibamos cumprir
nossas missões, irresolutos, a despeito das dificuldades para alcançar as metas
que devem ser justas perante as Leis de Deus.
Que Deus nos ajude.
Domício.
[1] Vide que, no Brasil, 13,4 milhões de pessoas vivem do
trabalho informal, sem carteira assinada. Disponível
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