domingo, 11 de fevereiro de 2024

NÃO É SÓ

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NÃO É SÓ

Mas agora despojai-vos também de todas estas coisas: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes de vossa boca.

Paulo (COLOSSENSES, 3:8).

Na atividade religiosa, muita gente crê na reforma da personalidade, desde que o discípulo da fé se desligue de certos bens materiais.

Um homem que distribua grande quantidade de rouparia e alimento entre os necessitados é tido à conta de renovado no Senhor; contudo, isto constitui modalidade da verdadeira transformação, sem representar o conjunto das características que lhe dizem respeito.

Há criaturas que se despojam de dinheiro em favor da  beneficência, mas não cedem no terreno da opinião pessoal, no esforço sublime de renunciação.

Enormes fileiras de aprendizes proclamam-se dispostas à prática do bem; no entanto, exigem que os serviços de benemerência se executem conforme os seus caprichos e não segundo Jesus.

Em toda parte, ouvem-se fervorosas promessas de fidelidade ao Cristo; todavia, ninguém conseguirá semelhante realização sem observar o conjunto das obrigações necessárias.

Pequeno erro de cálculo pode trair o equilíbrio de um edifício inteiro. Eis por que em se despojando alguém de algum patrimônio material, a benefício dos outros, não se esqueça também de desintegrar, em derredor dos próprios passos, os velhos envoltórios do rancor, do capricho doentio, do julgamento apressado ou da leviandade criminosa, dentro dos quais afivelamos pesada máscara ao rosto, de modo a parecer o que não somos.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel, faz-nos lembrar que mais vale ceder à opinião de outrem que atrasar nossa pureza de coração. Devemos sempre nos colocar, onde nos encontramos, como colaboradores e não como determinadores da vida alheia. Devemos nos livrar do que nos pesa no Espírito, como listado por Paulo no frontispício desta mensagem.

A pureza de coração foi tema de uma das bem-aventuranças proferidas por Cristo, no Sermão da Montanha (MATEUS, 5:8) e o Mestre elevou a inocência das crianças à condição para entrar no Reino dos Céus (MARCOS, 10:13 a 16).

Paulo enumera todas as atitudes que impede nossa entrada no Reino divino. Tudo que é resultado de nossas imperfeições, enquanto seres pensantes. Não são só os desprendimentos de bens materiais que nos credenciarão a uma categoria mais elevada de Espírito, mas, principalmente, o desprendimento de nossas torpezas mentais.

Allan Kardec no ensina que “a verdadeira pureza não está somente nos atos; está também no pensamento, porquanto aquele que tem puro o coração, nem sequer pensa no mal. Foi o que Jesus quis dizer: Ele condena o pecado, mesmo em pensamento, porque é sinal de impureza.”[1]

É importante ressaltar que até quando estamos sozinhos, como encarnados, devemos nos manter em equilíbrio, pois nunca estaremos sozinhos espiritualmente. Eis o exercício que devemos fazer, para quando estivermos na presença de encarnados, não nos contagiemos com os seus atos e atitudes torpes. E é lógico, que, em nos esforçando em manter o pensamento em equilíbrio, facilmente venceremos a prova da pureza do coração, na presença de outrem, quando nos provocarem. Mesmo respondendo a uma atitude errada, devemos responder com calma. E sabemos que nem sempre fazemos assim.

Brandos e pacíficos é o que devemos ser, em qualquer situação (MATEUS, 5: 5 e 9). Allan Kardec nos esclarece, sobre as máximas que se reportam à brandura e à paz, que: “por estas máximas, Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência, uma lei. Condena, por conseguinte, a violência, a cólera e até toda expressão descortês de que alguém possa usar para com seus semelhantes." [2]

Que Deus nos ajude.

Domício.



[1] Vide explanação, na íntegra, de A. Kardec, sobre o pecado por pensamento, que o Cristo evidenciou na forma de adultério (MATEUS, 5: 27 E 28), em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VIII, Item 6.
[2]
Vide o Cap. IX (Bem-aventurados os que são brandos e pacíficos), Item 4 e demais instruções dos Espíritos de O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Um comentário:

  1. Comparatilho um poema de L. Angel (meu pseudônimo poético).

    OS BRANDOS E PACÍFICOS: MISERICORDIOSOS
    L. ANGEL 17/04/2014

    Quem luta para ser brando
    Herdará a Terra,
    Pois vive lutando
    Contra a cólera que lhe estagna e emperra.

    Quem luta para ser pacífico
    Será chamado Filho de Deus.
    Nesta Terra, isso será o pico
    Duma jornada evolutiva que Jesus prometeu.

    Quem quer ser pacífico e brando
    Tem que aprender a ser misericordioso.
    Passa pelas provas e segue viajando.

    Essa é nossa meta,
    Desejo de nosso Pai amoroso.
    Deixará nosso Mestre orgulhoso, na certa.

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