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CEIFEIROS
Então disse aos seus discípulos: a seara é realmente
grande, mas poucos os ceifeiros.
Mateus
(9:37).
O
ensinamento aqui não se refere à colheita espiritual dos grandes períodos de
renovação no tempo, mas sim à seara de consolações que o Evangelho envolve em
si mesmo.
Naquela
hora permanecia em torno do Mestre a turba de corações desalentados e errantes
que, segundo a narrativa de Mateus, se assemelhava a rebanho sem pastor. Eram
fisionomias acabrunhadas e olhos súplices em penoso abatimento.
Foi
então que Jesus ergueu o símbolo da seara realmente grande, ladeada porém de
raros ceifeiros.
É
que o Evangelho permanece no mundo por bendita messe celestial destinada a
enriquecer o espírito humano; entretanto, a percentagem de criaturas dispostas
ao trabalho da ceifa é muito reduzida. A maioria aguarda o trigo beneficiado ou
o pão completo para a alimentação própria. Raríssimos são aqueles que enfrentam
os temporais, o rigor do trabalho e as perigosas surpresas que o esforço de
colher reclama do trabalhador devotado e fiel.
Em
razão disto, a multidão dos desesperados e desiludidos continua passando no
mundo, em fileira crescente, através dos séculos.
Os
abnegados operários do Cristo prosseguem onerados em virtude de tantos famintos
que cercam a seara, sem a precisa coragem de buscarem por si o alimento da vida
eterna. E esse quadro persistirá na Terra, até que os bons consumidores
aprendam a ser também bons ceifeiros.
NOSSA REFLEXÃO
Trabalho, eis uma
atividade útil. Segundo os Espíritos superiores da codificação espírita, “toda
ocupação útil é trabalho”.[1]
É a partir do trabalho
que nós Espíritos, seja encarnado ou desencarnado, evoluímos. O trabalho e os
problemas que advém dele nos cobra o exercício da inteligência e da prática da
caridade. Não devemos nos furtar de algum trabalho que possa, de algum modo,
nos ajudar, pessoalmente e no exercício de ajudar o que se encontram em nosso
caminho.
Emmanuel faz uma relação
entre o consumo e o trabalho. Precisamos trabalhar pelo que nos alimenta (material
ou espiritualmente) antes do consumo. Até quando ganhamos um prêmio, devemos saber
gastá-lo de modo a produzir mais em nosso benefício e de outra pessoas, estimulando-as
ao trabalho, mesmo que para isso, elas por uma necessidade extrema, precisem se
alimentar do pão material, primeiro. O Cristo fez assim, já próximo da páscoa
ou do seu martírio (JOÃO, 6: 1 a 15).
De outro modo, a Parábola
dos Talentos nos traz o ensinamento da produtividade, quando recebemos algo,
que deve ser devolvido multiplicado (MATEUS, 25:14 a 30). Sobre isso, A. Kardec
nos explica,quando trata da desigualdade das riquezas:
A riqueza é um meio de o experimentar moralmente, mas como, ao mesmo tempo, é poderoso meio de ação para o progresso, não quer Deus que ela permaneça longo tempo improdutiva, pelo que incessantemente a desloca. Cada um tem de possuí-la para se exercitar em utilizá-la e demonstrar que uso sabe fazer dela (grifos do autor).[2]
Então, temos que ser bons
trabalhadores tanto para ajudar nosso progresso, como o da humanidade. Há
muitos sem trabalho, na atualidade, em toda parte do mundo. O certo é que todos
procurem uma atividade útil e remunerativa para suprir suas necessidades, como
de sua família. Contudo, não há trabalho para todos e, por isso, muitos passam
fome e são chamados de desalentados, que devem ser acolhidos pela sociedade,
via poder público, inclusive criando emprego e formação, como pela sociedade,
não os desprezando ao avistar os desempregados, moradores de rua, espalhados por
todo canto do planeta. É um problema social, é de todos nós.
Que saibamos fazer jus
ao salário por estar sempre disponível para trabalho[3] e o
multipliquemos na medida do possível, de forma construtiva e social e não, meramente, façamos o usufruto de condições melhores de vida. Pois, caso contrário, podemos
experimentar o que tanto passam hoje em dia.
Que saibamos ser bons
ceifeiros (material e moralmente) e não meros consumidores.
Que Deus nos ajude.
Domício.
Ps.: Compartilho um poema de L. Angel sobre o tema.
A LEI DO TRABALHO
L. Angel
Quem cumpre seu dever
É digno de novos
serviços.
Eis o prêmio de um
viver
Pautado no respeito aos compromissos.
Consciente é o bom
trabalhador
Que está sempre pronto,
Pois logo surge o labor
Que é honrado ponto a ponto.
Feliz daquele que é
empregado
E cumpre seu horário
incansável,
Pois está sempre
ocupado
Por se mostrar confiável.
A Lei do Trabalho
É uma lei moral
Que todos devem cumprir
sem atalho,
Evitando, assim, todo
mal.
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