domingo, 14 de janeiro de 2024

NÃO TIRANIZES

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NÃO TIRANIZES

E, com muitas parábolas semelhantes, lhes dirigia a palavra, segundo o que podiam compreender.

Marcos (4:33).

Na difusão dos ensinamentos evangélicos, de quando em quando encontramos pregadores rigorosos e exigentes.

Semelhante anomalia não se verifica apenas no quadro geral do serviço. Na esfera particular, não raro, surgem amigos severos e fervorosos que reclamam desesperadamente a sintonia dos afeiçoados com os princípios religiosos que abraçaram.

Discussões acerbas se levantam, tocando a azedia venenosa.

Belas expressões afetivas são abaladas nos fundamentos, por ofensas indébitas.

Contudo, se o discípulo permanece realmente possuído pelo propósito de união com o Mestre, tal atitude é fácil de corrigir.

O Senhor somente ensinava aos que o ouviam, “segundo o que podiam compreender”.

Aos apóstolos conferiu instruções de elevado valor simbológico, enquanto que à multidão transmitiu verdades fundamentais, através de contos simples. A conversação dele diferia, de conformidade com as necessidades  espirituais daqueles que o rodeavam. Jamais violentou a posição natural de ninguém.

Se estás em serviço do Senhor, considera os imperativos da iluminação, porque o mundo precisa de servidores cristãos e, não, de tiranos doutrinários.

NOSSA REFLEXÃO

Allan Kardec nos explica por que Ele nos falava por parábolas, se reportando a passagem evangélica em que os discípulos lhes perguntam por que ensinava assim (MATEUS, 13:10 a 15):

É de causar admiração diga Jesus que a luz não deve ser colocada debaixo do alqueire, quando Ele próprio constantemente oculta o sentido de suas palavras sob o véu da alegoria, que nem todos podem compreender. Ele se explica, dizendo a seus apóstolos: “Falo-lhes por parábolas, porque não estão em condições de compreender certas coisas. Eles veem, olham, ouvem, mas não entendem. Fora, pois, inútil tudo dizer-lhes, por enquanto. Digo-o, porém, a vós, porque dado vos foi compreender estes mistérios.” Procedia, portanto, com o povo, como se faz com crianças cujas ideias ainda se não desenvolveram.[1]

Emmanuel corrobora, nesta mensagem, com A. Kardec, nesta mensagem, quando nos faz refletir:

O Senhor somente ensinava aos que o ouviam, “segundo o que podiam compreender”. Aos apóstolos conferiu instruções de elevado valor simbológico, enquanto que à multidão transmitiu verdades fundamentais, através de contos simples. A conversação dele diferia, de conformidade com as necessidades espirituais daqueles que o rodeavam. Jamais violentou a posição natural de ninguém.

Foram necessários 1857 anos de evolução humana para que o Cristo cumprisse sua promessa do envio do Consolador (JOÃO, 14:15 a 17 e 26)[2] que se traduziu na Doutrina Espírita sobre a coordenação do Espírito de Verdade[3].

Desse modo, ainda estamos na fase de aprendizagem da Boa Nova e quem tem uma inserção nos livros e obras evangélicas, como as espíritas, particularmente as obras básicas do Espiritismo, deve respeitar os iniciantes ou simpatizante da Doutrina Espírita e, também, os indiferentes ou aqueles que professam os demais matizes do cristianismo, sem se preocupar com o proselitismo religioso, defendendo a supremacia do Espiritismo em relação às outras religiões.

Que Deus nos ajude para que sejamos “[...] servidores cristãos e, não, [...] tiranos doutrinários”.

Domício.


[1] Vide a íntegra da dissertação de Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXIV, Item 4.
[2]Se me amais, guardai os meus mandamentos; e Eu rogarei a meu Pai e Ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito.” (João, 14:15 a 17 e 26.)
[3]
Vide o O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VI (O CRISTO CONSOLADOR).

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