domingo, 7 de janeiro de 2024

REVIDES

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REVIDES

Na verdade, é já realmente uma falta entre vós terdes demandas uns contra os outros. Por que não sofreis, antes, a injustiça? por que não sofreis, antes, o dano?

Paulo (I CORÍNTIOS, 6:7).

Nem sempre as demandas permanecem nos tribunais judiciários, no terreno escandaloso dos processos públicos.

Expressam-se em muito maior escala no centro dos lares e das instituições. Aí se movimentam, através do desregramento mental e da conversação em surdina, no lodo invisível do ódio que asfixia corações e anula energias. Se vivem, contudo, é porque componentes da família ou da associação as alimentam com o óleo da animosidade recalcada.

Aprendizes inúmeros se tornam vítimas de semelhantes perturbações, por  se acastelarem nos falsos princípios regenerativos.

De modo geral, grande parte prefere a atitude agressiva, de espada às mãos, esgrimindo com calor na ilusória suposição de operar o conserto do próximo.

Prontos a protestar, a acusar e criticar nos grandes ruídos, costumam esclarecer que servem à verdade. Por que motivo, porém, não exemplificam a própria fé, suportando a injustiça e o dano heroicamente, no silêncio da alma fiel, antes da opção por qualquer revide?

Quantos lares seriam felizes, quantas instituições se converteriam em mananciais permanentes de luz se os crentes do Evangelho aprendessem a calar para falar, a seu tempo, com proveito?

Não nos referimos aqui aos homens vulgares e, sim, aos discípulos de Jesus.

Quanto lucrará o mundo, quando o seguidor do Cristo se sentir venturoso em ser mero instrumento do bem nas divinas Mãos, esquecendo o velho propósito de ser orientador arbitrário do serviço celeste?

NOSSA REFLEXÃO

Somos possuidores de um ego que nem sempre se revela tão somente como colaborador. Na relação com o outro ou com a outra, em vez da conciliação, preferimos a contenda inúltil.

Esquecemos que nos embates é mais fácil predominar a nossa necessidade de sermos o que mais tem razão e portanto, vale a disputa de argumentos que nem sempre são justos. Nessas oportunidades nós magoamos por não admitir ser magoados. É mais triste quando isso se dá em família.

Concordando com Paulo, melhor calar-se ante a injustiça que ser injusto com, na maioria das vezes, quem queremos bem. Irmã Rosália, tratando da caridade material e caridade moral, nos ensina: “Grande mérito há, crede-me, em um homem saber calar-se, deixando fale outro mais tolo do que ele. É um gênero de caridade isso.”[1]

Emmanuel corrobora, nesta mensagem: “Quantos lares seriam felizes, quantas instituições se converteriam em mananciais permanentes de luz se os crentes do Evangelho aprendessem a calar para falar, a seu tempo, com proveito?”

De outro modo, devemos refletir sobre outra instrução de Emmanuel quando ele nos assinala:

Chega, porém, o dia em que somos intimados ao teste da dignidade pessoal. Seja pelo dardo do Insulto ou pelo espinho da desconsideração, somos alvejados no amor-próprio, e, se não dispomos suficientemente de humildade e compaixão, eis que a altivez ferida se assemelha em nós ao estopim afogueado de que a cólera que irrompe em fuzilaria de pensamentos descontrolados, arruinando-nos preciosas edificações espirituais do presente e do Futuro.[2]

Que estejamos vigilantes, sempre, quando essas oportunidades surgirem em nossas vidas para não deixarmos que predomine o ser que queremos educar: nós mesmos.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Vide mensagem, na íntegra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIII, Item 9.
[2]
Vide mensagem na íntegra, em Cólera e nós (Encontro Marcado – Emmanue/Chico Xavier).

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