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OBREIROS
Procura apresentar-te a Deus aprovado como obreiro que não tem de que se
envergonhar.
Paulo (II TIMÓTEO,
2:15).
Desde tempos
imemoriais, idealizam as criaturas mil modos de se apresentarem a Deus e aos
seus mensageiros.
Muita gente
preocupa-se durante a existência inteira em como talhar as vestimentas para o
concerto celestial, enquanto crentes inumeráveis anotam cuidadosamente as
mágoas terrestres, no propósito de desfiá-las em rosário imenso de queixas,
diante do Senhor, à busca de destaque no mundo futuro.
A maioria
dos devotos deseja iniciar a viagem, além da morte, com títulos de santos;
todavia, não há maneira mais acertada de refletirmos em nossa posição, com verdade,
além daquela em que nos enquadramos na condição de trabalhadores.
O mundo é
departamento da Casa divina.
Cátedras e
enxadas não constituem elementos de divisão humilhante, e sim degraus
hierárquicos para cooperadores diferentes.
O caminho
edificante desdobra-se para todos.
Aqui, abrem-se
covas na terra produtiva, ali, manuseiam-se livros para o sulco da
inteligência, mas o espírito é o fundamento vivo do serviço manifestado.
Classificam-se
os trabalhadores em posições diferentes, contudo, o campo é um só.
No centro
das realidades, pois, não se preocupe ninguém com os títulos condecorativos, mesmo
porque o trabalho é complexo, em todos os setores de ação dignificante, e o
resultado é sempre fruto da cooperação bem vivida. Eis o motivo pelo qual
julgamos com Paulo que a maior vitória do discípulo será a de apresentar-se, um
dia, ao Senhor, como obreiro aprovado.
NOSSA REFLEXÃO
Os Espíritos Superiores da Codificação espírita nos
trouxeram motivações para que pudéssemos ser tal qual os trabalhadores da última
hora apresentados por Jesus em sua parábola que trata desse tema, em Mateus
(20:1 a 16).
É uma estória bonita cheia de justiça e amor, além de
estímulo ao trabalho digno do bom salário, independente da hora, considerando o
fato de até começar, o trabalhador não sabia da oportunidade do trabalho.
Muitas vezes somos chamados ao trabalho da maneira mais inesperada. Emmanuel
nos convida a pensar em sua mensagem Além dos outros, grafada no livro Fonte Viva
(FEB), por Chico Xavier, com a seguinte pergunta: “Sabes improvisar o bem, onde
outras pessoas se mostraram infrutíferas?” Às vezes, ocorre oportunidades que,
em que a inação de pessoas diante de um problema, são convites ao improviso
do bem.
Então, na semeadura do bem, onde quer que estejamos e o
papel que ocupamos, devemos agir como trabalhadores que sugerem, não impõem,
pegam na massa e não ficam a aguardar que todos o façam.
Independente da superioridade e inferioridade social ou
acadêmica, que lamentavelmente ainda existe na Terra, o que deve transparecer
em cada pessoa numa seara é a capacidade de contribuir com o serviço, com espírito
de aprender e ensinar.[1]
No campo do trabalho cristão, voltando a se reportar à
parábola do Trabalhador da última hora, é importante destacar o que Constantino,
Espírito protetor nos faz refletir:
O obreiro da última hora tem direito ao salário, mas é preciso que a sua boa vontade o haja conservado à disposição daquele que o tinha de empregar e que o seu retardamento não seja fruto da preguiça ou da má vontade. Tem ele direito ao salário, porque desde a alvorada esperava com impaciência aquele que por fim o chamaria para o trabalho. Laborioso, apenas lhe faltava o labor.[2]
Desse modo, estando no serviço, que a boa vontade do
trabalhador seja o único móvel ao trabalho para que sempre contribua e não atrapalhe
o que está em andamento. Sobre isso, O Espírito de Verdade nos ilumina, como
segue:
Aproxima-se o tempo em que se cumprirão as coisas anunciadas para a transformação da Humanidade. Ditosos serão os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro móvel, senão a caridade! Seus dias de trabalho serão pagos pelo cêntuplo do que tiverem esperado. Ditosos os que hajam dito a seus irmãos: “Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra”, porquanto o Senhor lhes dirá: “Vinde a mim, vós que sois bons servidores, vós que soubestes impor silêncio aos vossos ciúmes e às vossas discórdias, a fim de que daí não viesse dano para a obra!”[3]
Que sejamos assim, em qualquer lugar e trabalho,
particularmente o espírita, sem espírito de soberba em função de conhecimentos adquiridos
e experiências realizadas no campo social ou acadêmico. Que predomine em nós o
espírito da boa vontade, sempre.
Que Deus nos ajude.
Domício.