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CONFLITO
Acho então esta lei em mim: quando quero fazer o bem, o mal está comigo.
Paulo (ROMANOS, 7:21).
Os
discípulos sinceros do Evangelho, à maneira de Paulo de Tarso, encontram grande
conflito na própria natureza.
Quase sempre
são defrontados por enormes dificuldades nos testemunhos. No instante justo,
quando lhes cabe revelar a presença do divino Companheiro no coração, eis que
uma palavra, uma atitude ligeira os traem, diante da própria consciência,
indicando-lhes a continuidade das antigas fraquezas.
A maioria
experimenta sensações de vergonha e dor.
Alguns
atribuem as quedas à influenciação de espíritos maléficos e, geralmente,
procuram o inimigo no plano exterior, quando deveriam sanar em si mesmos a
causa indesejável de sintonia com o mal.
É
indubitável que ainda nos achamos em região muito distante daquela em que
possamos viver isentos de vibrações adversas, todavia, é necessário verificar a
observação de Paulo, em nós próprios.
Enquanto o
homem se mantém no gelo da indiferença ou na inquietação da teimosia, não é
chamado à análise pura; entretanto, tão logo desperta para a renovação,
converte-se o campo íntimo em zona de batalha.
Contra a
aspiração bruxuleante do bem, no dia que passa, levanta-se a pesada bagagem de
sombras acumuladas em nossas almas desde os séculos transcorridos.
Indispensável, portanto, grande serenidade e resistência de nossa parte, a fim
de que o progresso alcançado não se perca.
O Senhor
concede-nos a claridade de Hoje para esquecermos as trevas de Ontem, preparando-nos
para o Amanhã, no rumo da luz imperecível.
NOSSA REFLEXÃO
Clássica,
esta reflexão de Paulo, pois traduz a nossa luta diária com nossas
imperfeições. Quando pensamos que não, já caímos em tentação. Essa luta foi
prevista por nosso Mestre Jesus, quando nos alertou: “vigiai e orai para não cairdes em tentação” (MATEUS, 2:41). Ele sabia sobre
a nossa luta de imperfeitos e imperfeitas que somos. E muitas vezes, somos
tomados de supetão por um visão física que nos motiva a um pensamento não caridoso.
É quando podemos nos conter espiritualmente para não dar avanço a uma ação
costumeira de vidas passadas, das quais nos comprometemos nos livrar. Allan
Kardec, nos explica sobre essa situação quando disserta sobre os pecados por
pensamento. E são os pecados por pensamento que nos levam àqueles por atos.
Todo pensamento mau resulta, pois, da imperfeição da alma; mas, de acordo com o desejo que alimenta de depurar-se, mesmo esse mau pensamento se lhe torna uma ocasião de adiantar-se, porque ela o repele com energia. É indício de esforço por apagar uma mancha. Não cederá, se se apresentar oportunidade de satisfazer a um mau desejo. Depois que haja resistido, sentir-se-á mais forte e contente com a sua vitória.[1]
Estes são os momentos que Emmanuel traduz como um conflito
que nasce da tentação que emerge de nossa intimidade espiritual. Como Emmanuel
nos ilumina, nesta mensagem, ao falar dos conflitos que têm os cristãos: “no instante justo, quando lhes cabe revelar a presença
do divino Companheiro no coração, eis que uma palavra, uma atitude ligeira os
traem, diante da própria consciência, indicando-lhes a continuidade das antigas
fraquezas”.
Às vezes,
isso acontece num ato que poderia ser, sobretudo, de caridade moral, para além
da material. Doamos, mas aproveitamos para nos mostrar superior, traduzindo que
o Paulo nos exortou: “[...] quando quero fazer o bem, o mal está comigo” (ROMANOS,
7:21).
Então, nos
momentos de silêncio em que ninguém nos ver ou ouve, ou naqueles que somos
chamados a ajudar, que lutemos contra nossas tendências em que “[...] encontramos
as mais vivas sugestões de inferioridade”, pois “as mais terríveis tentações
decorrem do fundo sombrio de nossa individualidade, assim como o lodo, mais
intenso, capaz de tisnar o lago, procede do seu próprio seio[2].
Que Deus nos ajude a purificar nosso coração, numa
relação crítica e (espírita) cristã quando nos depararmos com o homem velho que
existe em nós, para que cresçamos, sendo sempre superior a ele.
Que Deus nos ajude.
Domício.