domingo, 15 de outubro de 2023

ONDE ESTÃO?

 

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ONDE ESTÃO?

Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.

Jesus (MATEUS, 11:29).

Dirigiu­se Jesus à multidão dos aflitos e desalentados proclamando o divino propósito de aliviá­los.

– “Vinde a mim! – clamou o Mestre – tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei comigo, que sou manso e humilde de coração!”

Seu apelo amoroso vibra no mundo, através de todos os séculos do Cristianismo.

Compacta é a turba de desesperados e oprimidos da Terra, não obstante o amorável convite.

É que o Mestre no “Vinde a mim!” espera naturalmente que as almas inquietas e tristes o procurem para a aquisição do ensinamento divino. Mas nem todos os aflitos pretendem renunciar ao objeto de suas desesperações e nem todos os tristes querem fugir à sombra para o encontro com a luz.

A maioria dos desalentados chega a tentar a satisfação de caprichos criminosos com a proteção de Jesus, emitindo rogativas estranhas.

Entretanto, quando os sofredores se dirigirem sinceramente ao Cristo, hão de ouvi­lo, no silêncio do santuário interior, concitando­lhes o espírito a desprezar as disputas reprováveis do campo inferior.

Onde estão os aflitos da Terra que pretendem trocar o cativeiro das próprias paixões pelo jugo suave de Jesus Cristo?

Para esses foram pronunciadas as santas palavras “Vinde a mim!”, reservando-­lhes o Evangelho poderosa luz para a renovação indispensável.

NOSSA REFLEXÃO

Atualmente, vivemos momentos de muitas dores na Terra. Guerras eclodindo por muitas partes, dizimando pessoas, que sem estarem envolvidas nos interesses dos mandantes das guerra, voltam pra o plano espiritual de maneira brutal. Cataclismo geológicos que afetam toda uma região, também dizimando parte da população envolvida. Catástrofes climáticas que, por sua vez, não deixam por menos, em relação aos outros flagelos da Terra. Vão-se milhares e ficam outros tantos, sem nada, dependendo de ações do poder público e organizações não-governamentais, além de coletivos religiosos ou particulares. Muita dor.

A fora isso, temos os sofrimentos de causas doentias do corpo ou da alma, físicas ou psicológicas, perseguições com base em preconceitos, violência domésticas, abuso sexual e escravidão. Eis um mundo de provas e expiações no seu ápice.

Mas Jesus deixou seu recado, pois sofreu na cruz, por pregar o Amor.

Então, precisamos entender bem a justiça das aflições. Quais as causas das aflições. Elas são oriundas desta vida ou de vidas passadas?

O Cristo, quando nos prometeu consolo, não se referiu à vida presente. A. Kardec nos esclarece que “somente na vida futura podem efetivar-se as compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra.”[1] Então, necessário se faz desenvolver em nós um Espírito de fé e resignação e busca de solução pra os problemas.

O Cristo nos apontou, completando o que traz no caput desta mensagem, que “[...] meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (MATEUS, 11: 30). A. Kardec explica:

Todos os sofrimentos: misérias, decepções, dores físicas, perda de seres amados, encontram consolação na fé no futuro, na confiança na Justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens. Sobre aquele que, ao contrário, nada espera após esta vida, ou que simplesmente duvida, as aflições caem com todo o seu peso e nenhuma esperança lhe mitiga o amargor. Foi isso que levou Jesus a dizer: “Vinde a mim todos vós que estais fatigados, que Eu vos aliviarei. [...] Seu jugo é a observância dessa lei; mas esse jugo é leve e a lei é suave, pois que apenas impõe, como dever, o amor e a caridade”[2]

Assim, a despeito de quaisquer coisas que nos aconteçam, há uma justiça celestial em andamento, como os flagelos naturais que têm ocorrido na Terra, que segundo os Espíritos Superiores da Codificação Espírita, é para que “[...] para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos.”[3]

As guerras, por sua vez, são frutos da inferioridade daqueles que as fazem eclodir. Isto é, frutos da “predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e transbordamento das paixões.”[4]

De outra sorte, devemos levar em conta que as causas das aflições podem ser desta, como de vidas passadas. Então, devemos evitar as que podem ser desta, pois das passadas já nos bastam.

Sobre as passadas, podemos dizer que são aquelas que não há uma explicação plausível, que leva uma pessoa a dizer: “O que eu fiz pra merecer isso?” A. Kardec nos explica:

Todavia, por virtude do axioma segundo o qual todo efeito tem uma causa, tais misérias são efeitos que hão de ter uma causa e, desde que se admita um Deus justo, essa causa também há de ser justa. Ora, ao efeito precedendo sempre a causa, se esta não se encontra na vida atual, há de ser anterior a essa vida, isto é, há de estar numa existência precedente.[5]

Então, temos todos os esclarecimentos para sermos fervorosos em relação à vida futura e resignados em relação a vida presente, mas sempre ativos, pensando que se sofremos, outras pessoas, também. Que façamos do sofrer um trampolim pra uma vida feliz.

Sobre isso, temos um ensinamento do Espírito Lacordaire:

Quando o Cristo disse: “Bem-aventurados os aflitos, o Reino dos Céus lhes pertence”, não se referia de modo geral aos que sofrem, visto que sofrem todos os que se encontram na Terra, quer ocupem tronos, quer jazam sobre a palha. Mas, ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao Reino de Deus. O desânimo é uma falta. Deus vos recusa consolações, desde que vos falte coragem. A prece é um apoio para a alma; contudo, não basta: é preciso tenha por base uma fé viva na bondade de Deus.[6]

Que consigamos sofrer bem, com fervor, resignação e esperança, pois somos frutos de nós mesmos e devemos continuar a ser, no sentido de uma elevação espiritual quando deixarmos o corpo, por qualquer que seja a causa, dentre as citadas nesta Nossa Reflexão.

Que Deus nos ajude.

Domício.



[1] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, Item 3.
[2] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VI, Item 2.
[3] Vide sobre em O Livro dos Espíritos, Parte Terceira, Da Lei de Destruição, Questão 737 e seguintes.
[4] Vide sobre em O Livro dos Espíritos, Parte Terceira, Guerras, Questão 742 e seguintes.
[5] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, Item 6.
[6]
Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, Item 18.

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