domingo, 8 de outubro de 2023

AO PARTIR DO PÃO

 

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AO PARTIR DO PÃO

E eles lhes contaram o que lhes acontecera no caminho, e como deles foi conhecido ao partir do pão.

Lucas (24:35).

Muito importante o episódio em que o Mestre é reconhecido pelos discípulos que se dirigiam para Emaús, em desesperação. Jesus seguira-os, qual amigo oculto, fixando-lhes a verdade no coração com as fórmulas verbais, carinhosas e doces.

Grande parte do caminho foi atravessada em companhia daquele homem, amoroso e sábio, que ambos interpretaram por generoso e simpático desconhecido e, somente ao partir do pão, reconhecem o Mestre muito amado.

Os dois aprendizes não conseguiram a identificação nem pelas palavras, nem pelo gesto afetuoso; contudo, tão logo surgiu o pão materializado, dissiparam todas as dúvidas e creram.

Não será o mesmo que vem ocorrendo no mundo há milênios?

Compactas multidões de candidatos à fé se afastam do serviço divino, por não atingirem, depois de certa expectação, as vantagens que aguardavam no imediatismo da luta humana. Sem garantia financeira, sem caprichos satisfeitos, não comungam na crença renovadora, respeitável e fiel.

É necessário combater semelhante miopia da alma.

Louvado seja o Senhor por todas as lições e testemunhos que nos confere, mas continuarás muito longe da verdade se o procuras apenas na divisão dos bens fragmentários e perecíveis.

NOSSA REFLEXÃO

Esta passagem evangélica, base para a reflexão de Emmanuel, se deu com dois discípulos do Cristo, após a ressurreição do Mestre. Viajavam para Emaús, aflitos por não terem mais o Cristo entre eles. A esperança que os alimentaram enquanto Jesus estava com eles, havia diminuído.

O Cristo os acompanhara sem ser percebido, inclusive conversando com eles. Só foram reconhecê-lo quando o viram repartir o pão pelo modo de fazê-lo, reacendendo as esperanças e a credibilidade da companhia que continuariam tendo após a despedida.

A lição que devemos tirar desse epsódio é que devemos crer, sem ver. Não devemos nos prender ao fenômenos materiais, temporários, para entender o espiritual por trás deles, que é permanente.

Emmanuel, nesta mensagem, sobre isso, nos faz refletir:

Compactas multidões de candidatos à fé se afastam do serviço divino, por não atingirem, depois de certa expectação, as vantagens que aguardavam no imediatismo da luta humana. Sem garantia financeira, sem caprichos satisfeitos, não comungam na crença renovadora, respeitável e fiel.

Isto nos leva refletir sobre o afastamento de espíritas das reuniões espíritas, quando não se vêem satisfeitos pela falta de uma prova contudente da vida após a morte, por não receber uma mensagem de um ente querido que partiu para a pátria espiritual, por exemplo.

Allan Kardec explica essa situação:

Muitos, entretanto, dos que acreditam nos fatos das manifestações não lhes apreendem as consequências, nem o alcance moral, ou, se os apreendem, não os aplicam a si mesmos. [...] Nalguns ainda muito tenazes são os laços da matéria para permitirem que o Espírito se desprenda das coisas da Terra.[1]

Então, é necessário, para aproveitarmos o máximo possível do que nos apresenta a Doutrina, que nos desprendamos dos fenômenos, como prova do que está escrito nos textos.

Sejamos fervorosos, mas de modo racional, pois como está nos prolegômenos de O Evangelho Segundo o Espíritismo, “fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade”.

Que Deu nos ajude.

Domício.



[1] Vide dissertação de A. Kardec, na íntegra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, Item 4.

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