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O MUNDO E A CRENÇA
O Cristo, o Rei de Israel,
desça agora da cruz, para que o vejamos e acreditemos.
Marcos
(15:32).
Por isso que são
muito raros os homens habilitados à verdadeira compreensão da crença pura em
seus valores essenciais, encontramos os que injuriaram o Cristo para confirmá-lo.
A mentalidade
milagreira sempre nadou na superfície dos sentidos, sem atingir a zona do
espírito eterno, e, se não alcança os fins menos dignos aos quais se dirige,
descamba para os desafios mordazes.
E, no caso do
Mestre, as observações não partem somente do populacho. Assevera Marcos que os
principais dos sacerdotes com os escribas partilhavam dos movimentos
insultuosos, como a dizer que intelectualismo não traduz elevação espiritual.
Os manifestantes
conservavam-se surdos para a Boa Nova do Reino, cegos para a contemplação dos
benefícios recebidos, insensíveis ao toque do amor que Jesus endereçara aos
corações.
Pretendiam apenas um
espetáculo.
Descesse o Cristo da
Cruz, num passe de mágica, e todos os problemas de crença inferior estariam
resolvidos.
O divino
interpelado, contudo, não lhes deu outra resposta, além do silêncio, dando-lhes
a entender a magnitude de seu gesto inacessível ao propósito infantil dos inquiridores.
Se és discípulo
sincero do Evangelho, não te esqueças de que, ainda hoje, a situação não é
muito diversa.
Trabalha,
ponderadamente, no serviço da fé.
Une-te ao Senhor, dá
quanto puderes em nome dele e prossegue servindo na extensão do bem, convicto
de que o vasto mundo inferior apenas te pedirá maliciosamente distrações e
sinais.
NOSSA REFLEXÃO
A questão da fé raciocinada está posta
aqui, nesta mensagem de Emmanuel.
Mas também o deboche e a maldade da
descrença.
A incompreensão da essência de uma mensagem
do Cristo leva a muitos à injustiça e ao ódio, a ponto de destilá-los em nome
de Jesus, como muito vemos nos dia de hoje, no Brasil.
Aproveitadores das palavras e
exploradores da fé de quem tem pouco estudo e, por isso, não fazem a crítica do
que ouvem, enriquecem e apoiam os piores projetos para humanidade, para o
Brasil.
A. Kardec nos ofereceu a seguinte máxima,
colocada no capa de O Evangelho Segundo o Espiritismo: “Fé inabalável só o é a que pode encarar
frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade”.
Sobre a fé, nos esclarece:
Do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em dogmas especiais, que constituem as diferentes religiões. Todas elas têm seus artigos de fé. Sob esse aspecto, pode a fé ser raciocinada ou cega. Nada examinando, a fé cega aceita, sem verificação, assim o verdadeiro como o falso, e a cada passo se choca com a evidência e a razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo. Assentando no erro, cedo ou tarde desmorona; somente a fé que se baseia na verdade garante o futuro, porque nada tem a temer do progresso das luzes, dado que o que é verdadeiro na obscuridade, também o é à luz meridiana[1].
Lembremos que, apesar de o Mestre, em conversa
com seus discípulos, anunciar o que aconteceria em Jerusalém, que aconteceu, e
ressurgiria no terceiro dia (MATEUS, 20: 17-19), o Discípulo Tomé que não
estava com os amigos quando o Cristo apareceu para eles, pela primeira vez, ao
receber deles a notícia do ocorrido, afirmou: “Se eu não vir em suas mãos a
marca dos cravos, não puser o meu dedo na marca dos cravos e não puser a minha
mão em sua pleura, não crerei”. Dias depois, o Mestre reapareceu
aos discípulos e mostrou ao Tomé o que ele queria ver e disse-lhe: “Porque me
viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram” (JOÃO, 20: 24-29)[2].
Sendo seguidores do Mestre e espíritas, se
faz necessário o estudo aprofundado das obras básicas do Espiritismo e
complementares, como esta de Emmanuel, para não dependermos de provas materiais
para acreditarmos no que os textos nos apresentam. Muitos se afastaram e podem
se afastar do Espiritismo por falta de estudos e focar apenas nos fenômenos
mediúnicos[3].
Que Deus nos ajude.
Domício.
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