domingo, 10 de setembro de 2023

SEPARAÇÃO

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SEPARAÇÃO

Todavia, digo-­vos a verdade: a vós convém que eu vá.

Jesus (JOÃO, 16:7).

Semelhante declaração do Mestre ressoa em nossas fibras mais íntimas.

Ninguém sabia amar tanto quanto Ele, contudo, era o primeiro a reconhecer a conveniência da partida, em favor dos companheiros.

Que teria acontecido se Jesus teimasse em permanecer?

Provavelmente, as multidões terrestres teriam acentuado as tendências egoísticas, consolidando-­as.

Porque o divino Amigo havia buscado Lázaro no sepulcro, ninguém mais se resignaria à separação pela morte. Por se haverem limpado alguns leprosos ninguém aceitaria, de futuro, a cooperação proveitosa das moléstias físicas. O resultado lógico seria a perturbação geral no mecanismo evolutivo.

O Mestre precisava ausentar-­se para que o esforço de cada um se fizesse visível no plano divino da obra mundial. De outro modo, seria perpetuar a indolência de uns e o egoísmo de outros.

Sob diferentes aspectos, repete-­se, diariamente, a grande hora da família evangélica em nossos agrupamentos afins.

Quantas vezes surgirá a viuvez, a orfandade, o sofrimento da distância, a perplexidade e a dor por elevada conveniência ao bem comum?

Recordai a presente passagem do Evangelho, quando a separação vos faça chorar, porque se a morte do corpo é renovação para quem parte é também vida  nova para os que ficam.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel, nesta página, nos faz relembrar do desapego que devemos desenvolver em nós, no sentido de nos libertar de sentimento de indispensabilidade na vida das pessoas.

Nossa vida espiritual sempre foi um ir e vir para aprendermos a contribuir quando de fato somos chamados a fazê-lo.

O Cristo deveria voltar. Já tinha dado, pessoalmente, o recado que programou vir deixar pra nós. Para Jesus, era necessário Ele ir para, no futuro, o Espírito de Verdade (JOÃO, 16:12 a 13)[1] vir para esclarecer tudo que Ele não pode dizer de modo aprofundado. Por isso se utilizou das parábolas.[2]

Então, como Jesus, num sentido de menor importância geral, todos e todas nós partiremos para encontrarmos sentido em tudo que fizemos, como também, para quem é ou serão participantes de uma convivência comum, em especial os e as familiares.

Espírito de renovação é o que Emmanuel nos aconselha nessa mensagem, para quem parte e para quem fica. Como ele, mesmo diz: “Recordai a presente passagem do Evangelho, quando a separação vos faça chorar, porque se a morte do corpo é renovação para quem parte é também vida nova para os que ficam”.

O Cristo fez entender aos seus discípulos que precisavam, a partir de sua partida, a fazer um movimento de crescimento com base na convivência com Ele. Contudo, não indicou que os deixaria órfãos. Prometeu a vinda do Consolador para ampliar os conhecimentos.

Assim, é todo movimento educativo. Quem aprende alguma coisa, deve experimentar o seu aprendizado sem a presença do Mestre.

Que saibamos fazer valer os esforços dos nossos mestres e das nossas mestras em favor de nossa aprendizagem, experimentando momentos do fazer sem suas presenças. Assim, aprendemos mais e ensinamos os e as que convivem conosco ou, mesmo, são usufrutuários de nosssa convivência.

Que Deus nos ajude.

Domício.

Ps.: Comparitilho uma poesia de L. Angel sobre A Despedida Inexorável.


A DESPEDIDA INEXORÁVEL

L. Angel

A despedida é triste,
Mas a ida é inevitável.
Necessário é que se liste
Os benefícios da inexorável.

Quem esteve entre nós,
Há de voltar ou iremos reencontrar.
Devemos desatar os nós,
Mesmo sentindo uma lágrima rolar.

Um dia iremos também.
Preparemos os queridos para a partida,
Pois isso, para nós, deverá ser um bem.

Somos todos Espíritos imortais.
Apesar da despedida ser sentida,
O que importa mais que os créditos espirituais?


[1] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VI – O Cristo Consolador.
[2] Alla Kardec, nos traz uma reflexão sobre o uso de parábolas por Jesus (Mateus 13:10 a 15) em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXIV, Item 4: “É de causar admiração diga Jesus que a luz não deve ser colocada debaixo do alqueire, quando Ele próprio constantemente oculta o sentido de suas palavras sob o véu da alegoria, que nem todos podem compreender. Ele se explica, dizendo a seus apóstolos: ‘Falo-lhes por parábolas, porque não estão em condições de compreender certas coisas. Eles veem, olham, ouvem, mas não entendem. Fora, pois, inútil tudo dizer-lhes, por enquanto. Digo-o, porém, a vós, porque dado vos foi compreender estes mistérios’.”

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