domingo, 17 de setembro de 2023

O ESPINHO

 

126
O ESPINHO

E para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi­-me dado um espinho na carne, mensageiro de Satanás.

Paulo (II CORÍNTIOS, 12:7).

Atitude sumamente perigosa louvar o homem a si mesmo, presumindo desconhecer que se encontra em plano de serviço árduo, dentro do qual lhe compete emitir diariamente testemunhos difíceis. É posição mental não somente ameaçadora, quanto falsa, porque lá vem um momento inesperado em que o espinho do coração aparece.

O discípulo prudente alimentará a confiança sem bazófia, revelando­se corajoso sem ser metediço. Reconhece a extensão de suas dívidas para com o Mestre e não encontra glória em si mesmo, por verificar que toda a glória pertence a Ele mesmo, o Senhor.

Não são poucos os homens do mundo, invigilantes e inquietos, que, após receberem o incenso da multidão, passam a curtir as amarguras da soledade; muitos deles se comprazem nos galarins da fama, qual se estivessem convertidos em ídolos eternos, para chorarem, mais tarde, a sós, com o seu espinho ignorado nos recessos do ser.

Por que assumir posição de mestre infalível, quando não passamos de simples aprendizes?

Não será mais justo servir ao Senhor, na mocidade ou na velhice, na abundância ou na escassez, na administração ou na subalternidade, com o espírito de ponderação, observando os nossos pontos vulneráveis, na insuficiência e imperfeição do que temos sido, até agora?

Lembremo­-nos de que Paulo de Tarso esteve com Jesus pessoalmente; foi indicado para o serviço divino em Antioquia pelas próprias vozes do Céu; lutou, trabalhou e sofreu pelo Evangelho do Reino e, escrevendo aos coríntios, já envelhecido e cansado, ainda se referiu ao espinho que lhe foi dado para que se não exaltasse no sublime trabalho das revelações.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel nos apresenta uma reflexão baseada numa experiência que Paulo de Tarso contou em sua segunda carta aos coríntios (PAULO, II CORÍNTIOS, 12: 1-19). Ele havia passado por uma experiência de arrebatação aos planos superiores da espiritualidade. Esclarece, então, aos coríntios, que, para o fato ocorrido não servir de motivo de própria exaltação, Deus lhe adoeceu com um espinho, tornando-o dependente de Sua assistência.

Emmanuel, então, discorre sobre a necessidade de sermos humildes a despeito de qualquer superioridade de conhecimento em relação a quem falamos.

Como Emmanuel nos esclarece, somos todos e todas infalíveis. Portanto, sujeito às ocorrências que nos deixam dependente dos cuidados de terceiros. Ele nos indaga: “Por que assumir posição de mestre infalível, quando não passamos de simples aprendizes?”

O correto, segundo o companheiro inseparável de Chico Xavier, é trabalharmos em todas as fases da vida, de modo humilde, no sentido de sempre estarmos prontos para servir e aprendermos.

O Espírito Erasto, da Codificação Espírita, no anima a sermos os verdadeiros trabalhadores da última hora:

Arme-se a vossa falange de decisão e coragem! Mãos à obra! o arado está pronto; a terra espera; arai! Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos confiou; mas atenção! entre os chamados para o Espiritismo muitos se transviaram; reparai, pois, vosso caminho e segui a verdade. Pergunta. – Se, entre os chamados para o Espiritismo, muitos se transviaram, quais os sinais pelos quais reconheceremos os que se acham no bom caminho? Resposta. – Reconhecê-los-eis pelos princípios da verdadeira caridade que eles ensinarão e praticarão. Reconhecê-los-eis pelo número de aflitos a que levem consolo; reconhecê-los-eis pelo seu amor ao próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal; reconhecê-los-eis, finalmente, pelo triunfo de seus princípios, porque Deus quer o triunfo de sua lei; os que seguem sua lei, esses são os escolhidos e Ele lhes dará a vitória; mas Ele destruirá aqueles que falseiam o espírito dessa lei e fazem dela degrau para contentar sua vaidade e sua ambição (grifos nossos).[1]

 

Entendemos, assim, que não devemos, como Paulo esclarece, na 2ª Carta aos Coríntios, corroborado pelo Espírito Erasto, que não devemos nos vangloriar de ter recebido uma missão evangélica, considerando os potenciais da escrita e da fala que adquirimos ao longo de nossa existência espiritual, que nunca foi de uma forma meramente autodidata. Pelo contrário, Paulo disse aos coríntios: “[...] agora, sinto-me feliz de me gloriar de ser tão fraco; estou feliz em ser uma demonstração viva do poder de Cristo, em vez de alardear meu próprio poder e meus talentos.” (PAULO, II Coríntios, 12: 9).

Que Deus nos ajude a sermos um verdadeiro obreiro do Senhor, como qualifica o Espírito de Verdade:

Deus procede, neste momento, ao censo dos seus servidores fiéis e já marcou com o dedo aqueles cujo devotamento é apenas aparente, a fim de que não usurpem o salário dos servidores animosos, pois aos que não recuarem diante de suas tarefas é que Ele vai confiar os postos mais difíceis na grande obra da regeneração pelo Espiritismo. Cumprir-se-ão estas palavras: “Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros no Reino dos Céus.”[2]



[1] Vide a íntegra da mensagem do Espírito Erasto em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XX, Item 4 (Missão dos Espíritas).
[2] Vide a íntegra da mensagem do Espírito de Verdade em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XX, Item 5 (Os Obreiros do Senhor).

Nenhum comentário:

Postar um comentário