126
O ESPINHO
E para que me não exaltasse
pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, mensageiro
de Satanás.
Paulo (II CORÍNTIOS, 12:7).
Atitude
sumamente perigosa louvar o homem a si mesmo, presumindo desconhecer que se
encontra em plano de serviço árduo, dentro do qual lhe compete emitir
diariamente testemunhos difíceis. É posição mental não somente ameaçadora,
quanto falsa, porque lá vem um momento inesperado em que o espinho do coração
aparece.
O
discípulo prudente alimentará a confiança sem bazófia, revelandose corajoso
sem ser metediço. Reconhece a extensão de suas dívidas para com o Mestre e não
encontra glória em si mesmo, por verificar que toda a glória pertence a Ele
mesmo, o Senhor.
Não
são poucos os homens do mundo, invigilantes e inquietos, que, após receberem o
incenso da multidão, passam a curtir as amarguras da soledade; muitos deles se
comprazem nos galarins da fama, qual se estivessem convertidos em ídolos
eternos, para chorarem, mais tarde, a sós, com o seu espinho ignorado nos
recessos do ser.
Por
que assumir posição de mestre infalível, quando não passamos de simples
aprendizes?
Não
será mais justo servir ao Senhor, na mocidade ou na velhice, na abundância ou na
escassez, na administração ou na subalternidade, com o espírito de ponderação,
observando os nossos pontos vulneráveis, na insuficiência e imperfeição do que
temos sido, até agora?
Lembremo-nos
de que Paulo de Tarso esteve com Jesus pessoalmente; foi indicado para o
serviço divino em Antioquia pelas próprias vozes do Céu; lutou, trabalhou e
sofreu pelo Evangelho do Reino e, escrevendo aos coríntios, já envelhecido e
cansado, ainda se referiu ao espinho que lhe foi dado para que se não exaltasse
no sublime trabalho das revelações.
NOSSA REFLEXÃO
Emmanuel nos apresenta uma reflexão
baseada numa experiência que Paulo de Tarso contou em sua segunda carta aos
coríntios (PAULO, II CORÍNTIOS, 12: 1-19). Ele havia passado por uma
experiência de arrebatação aos planos superiores da espiritualidade. Esclarece,
então, aos coríntios, que, para o fato ocorrido não servir de motivo de própria
exaltação, Deus lhe adoeceu com um espinho, tornando-o dependente de Sua
assistência.
Emmanuel, então, discorre sobre a
necessidade de sermos humildes a despeito de qualquer superioridade de
conhecimento em relação a quem falamos.
Como Emmanuel nos esclarece, somos todos
e todas infalíveis. Portanto, sujeito às ocorrências que nos deixam dependente
dos cuidados de terceiros. Ele nos indaga: “Por que assumir posição de mestre
infalível, quando não passamos de simples aprendizes?”
O correto, segundo o companheiro
inseparável de Chico Xavier, é trabalharmos em todas as fases da vida, de modo
humilde, no sentido de sempre estarmos prontos para servir e aprendermos.
O Espírito Erasto, da Codificação Espírita,
no anima a sermos os verdadeiros trabalhadores da última hora:
Arme-se a vossa falange de decisão e coragem!
Mãos à obra! o arado está pronto; a terra espera; arai! Ide e agradecei a Deus
a gloriosa tarefa que Ele vos confiou; mas atenção! entre os chamados para o
Espiritismo muitos se transviaram; reparai, pois, vosso caminho e segui a
verdade. Pergunta. – Se, entre os chamados para o Espiritismo, muitos se
transviaram, quais os sinais pelos quais reconheceremos os que se acham no bom
caminho? Resposta. – Reconhecê-los-eis pelos princípios da verdadeira
caridade que eles ensinarão e praticarão. Reconhecê-los-eis pelo número de aflitos
a que levem consolo; reconhecê-los-eis pelo seu amor ao próximo, pela sua
abnegação, pelo seu desinteresse pessoal; reconhecê-los-eis, finalmente,
pelo triunfo de seus princípios, porque Deus quer o triunfo de sua lei; os que
seguem sua lei, esses são os escolhidos e Ele lhes dará a vitória; mas Ele
destruirá aqueles que falseiam o espírito dessa lei e fazem dela degrau para
contentar sua vaidade e sua ambição (grifos nossos).[1]
Entendemos, assim, que não devemos,
como Paulo esclarece, na 2ª Carta aos Coríntios, corroborado pelo Espírito
Erasto, que não devemos nos vangloriar de ter recebido uma missão evangélica,
considerando os potenciais da escrita e da fala que adquirimos ao longo de
nossa existência espiritual, que nunca foi de uma forma meramente autodidata. Pelo
contrário, Paulo disse aos coríntios: “[...] agora, sinto-me feliz de me
gloriar de ser tão fraco; estou feliz em ser uma demonstração viva do poder de
Cristo, em vez de alardear meu próprio poder e meus talentos.” (PAULO, II Coríntios,
12: 9).
Que Deus nos ajude a sermos um
verdadeiro obreiro do Senhor, como qualifica o Espírito de Verdade:
Deus
procede, neste momento, ao censo dos seus servidores fiéis e já marcou com o
dedo aqueles cujo devotamento é apenas aparente, a fim de que não usurpem o
salário dos servidores animosos, pois aos que não recuarem diante de suas
tarefas é que Ele vai confiar os postos mais difíceis na grande obra da
regeneração pelo Espiritismo. Cumprir-se-ão estas palavras: “Os primeiros serão
os últimos e os últimos serão os primeiros no Reino dos Céus.”[2]
Nenhum comentário:
Postar um comentário