domingo, 3 de setembro de 2023

NÃO FALTA

 

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NÃO FALTA

E, se os deixar ir em jejum para suas casas, desfalecerão no caminho, porque alguns deles vieram de longe.

Jesus (MARCOS, 8:3).

A preocupação de Jesus pela multidão necessitada continua viva, através do tempo.

Quantas escolas religiosas palpitam no seio das nações, ao influxo do amor providencial do Mestre divino?

Pode haver homens perversos e desesperados que perseveram na malícia e na negação, mas não se vê coletividade sem o socorro da fé. Os próprios selvagens recebem postos de assistência do Senhor, naturalmente de acordo com a rusticidade de suas interpretações primitivistas. Não falta alimento do Céu às criaturas. Se alguns espíritos se declaram descrentes da paternidade de Deus, é que se encontram incapazes ou enfermos pelas ruínas interiores a que se entregaram.

Jesus manifesta invariável preocupação em nutrir o espírito dos tutelados, através de mil modos diferentes, desde a taba do indígena às catedrais das grandes metrópoles.

Nesses postos de socorro sublime, o homem aprende, em esforço gradativo, a alimentar-se espiritualmente, até trazer a igreja ao próprio lar, transportando-a do santuário doméstico para o recinto do próprio coração.

Pouca gente medita na infinita misericórdia que serve, no mundo, à mesa edificante das idéias religiosas.

Inclina-se o Mestre ao bem de todos os homens. Cheio de abnegação e amor, sabe alimentar, com recursos específicos, o ignorante e o sábio, o indagador e o crente, o revoltado e o infeliz. Mais que ninguém, compreende Jesus que, de outro modo, as criaturas cairiam, exaustas, nos imensos despenhadeiros que marginam a senda evolutiva.

NOSSA REFLEXÃO

Belíssima página de nosso querido Espírito Emmanuel. Mostra a preocupação do Mestre com todos que estão a caminho. Jesus se preocupava não só com o alimento espiritual que todos e todas mostravam querer se alimentar. Mas quem os procurava, em geral, eram os pobres e estropiados de toda sorte. Conjunto da humanidade mais vulnerável da sociedade, particularmente os que tinham fome. Desse modo, o Cristo, sabendo que a vida continuava depois daquele momento pra aquelas pessoas, como sabia que, para aquele momento educativo que se estava vivendo, o corpo precisava estar alimentado de nutrientes para que o Espírito raciocinasse, Ele se preocupava em alimentar a turba que o procurava.

Nesse contexto, evidenciamos dois tipos de caridade: a caridade moral e a caridade material. Somos todos movidos a ajudar as pessoas que nos batem  porta do coração, seja na rua, seja nos transporte`s coletivos, seja no trabalho. Sempre tem alguém com uma necessidade. Mas a grande massa é daqueles que passam fome. Então, mesmo quando formos, num átimo de caridade moral, levar a luz da Doutrina do Cristo, enquanto espíritas, nas atividades assistenciais, lembremos quem estarão dispostos a nos ouvir: os que passam necessidades materiais. É o momento que se valem pra se fortalecerem moralmente e levar algo para casa, tendo em vista os que os esperam: crianças e idosos(as). Não podem voltar sem o pão material, como Jesus nos ensinou.

O Espírito Irmã Rosália, exalta a caridade moral, contudo deixa claro que a material não pode ser esquecida, dado que uma está intrinsecamente ligada a outra. Como ela nos ensina:

A caridade moral consiste em se suportarem umas às outras as criaturas e é o que menos fazeis nesse mundo inferior, onde vos achais, por agora, encarnados. Grande mérito há, crede-me, em um homem saber calar-se, deixando fale outro mais tolo do que ele. É um gênero de caridade isso. [...] Essa caridade, no entanto, não deve obstar à outra.[1]

 

Quando discorremos sobre a caridade material, estamos falando também da beneficência que é estimulada pelos Espíritos da Codificação Espírita, como nos estimula o Espírito Adolfo, bispo de Argel:

Compreendei as obrigações que tendes para com os vossos irmãos! Ide, ide ao encontro do infortúnio; ide em socorro, sobretudo, das misérias ocultas, por serem as mais dolorosas! Ide, meus bem-amados, e tende em mente estas palavras do Salvador: “Quando vestirdes a um destes pequeninos, lembrai-vos de que é a mim que o fazeis!”[2]

 

O Cristo sempre teve cuidado com os mais pequeninos, como os pobres e estropiados, como revela a seguinte passagem de Lucas (14:12 a 15):

Disse também àquele que o convidara: “Quando derdes um jantar ou uma ceia, não convideis nem os vossos amigos, nem os vossos irmãos, nem os vossos parentes, nem os vossos vizinhos que forem ricos, para que em seguida não vos convidem a seu turno e assim retribuam o que de vós receberam. Quando derdes um festim, convidai para ele os pobres, os estropiados, os coxos e os cegos. E sereis ditosos por não terem eles meios de vo-lo retribuir, pois isso será retribuído na ressurreição dos justos.”


Nesse contexto das necessidades humanas, Emmanuel nos lembra, que “inclina-se o Mestre ao bem de todos os homens. Cheio de abnegação e amor, sabe alimentar, com recursos específicos, o ignorante e o sábio, o indagador e o crente, o revoltado e o infeliz.” Daí, quando se dirigia às massas ou mesmo aos sacerdotes ou fariseus que se apresentavam como conhecedores da Lei, falava por parábolas (MATEUS, 13:10 a 15)[3], sem deixar de destacar, para os que tinham algum entendimento sobre as escrituras, alguns trechos delas.

Que tenhamos o discernimento de nos conduzir de modo cada vez mais semelhante ao que o Cristo nos ensinou.

Que assim, seja.

Domício.


[1] Vide na íntegra a dissertação de Irmã Rosália sobre A caridade material e a caridade moral em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIII, Item 9.
[2] Vide na íntegra a dissertação do Espírito Adolfo, bispo de Argel sobre A caridade material e a caridade moral em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIII, Item 11. 
[3]
Vide sobre esta temática em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo XXIV, Item 4.

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