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NÃO
FALTA
E,
se os deixar ir em jejum para suas casas, desfalecerão no caminho, porque
alguns deles vieram de longe.
Jesus (MARCOS, 8:3).
A preocupação de Jesus
pela multidão necessitada continua viva, através do tempo.
Quantas escolas
religiosas palpitam no seio das nações, ao influxo do amor providencial do
Mestre divino?
Pode haver homens
perversos e desesperados que perseveram na malícia e na negação, mas não se vê
coletividade sem o socorro da fé. Os próprios selvagens recebem postos de
assistência do Senhor, naturalmente de acordo com a rusticidade de suas
interpretações primitivistas. Não falta alimento do Céu às criaturas. Se alguns
espíritos se declaram descrentes da paternidade de Deus, é que se encontram
incapazes ou enfermos pelas ruínas interiores a que se entregaram.
Jesus manifesta
invariável preocupação em nutrir o espírito dos tutelados, através de mil modos
diferentes, desde a taba do indígena às catedrais das grandes metrópoles.
Nesses postos de
socorro sublime, o homem aprende, em esforço gradativo, a alimentar-se
espiritualmente, até trazer a igreja ao próprio lar, transportando-a do
santuário doméstico para o recinto do próprio coração.
Pouca gente medita na
infinita misericórdia que serve, no mundo, à mesa edificante das idéias
religiosas.
Inclina-se o Mestre ao
bem de todos os homens. Cheio de abnegação e amor, sabe alimentar, com recursos
específicos, o ignorante e o sábio, o indagador e o crente, o revoltado e o
infeliz. Mais que ninguém, compreende Jesus que, de outro modo, as criaturas
cairiam, exaustas, nos imensos despenhadeiros que marginam a senda evolutiva.
NOSSA REFLEXÃO
Belíssima página de
nosso querido Espírito Emmanuel. Mostra a preocupação do Mestre com todos que
estão a caminho. Jesus se preocupava não só com o alimento espiritual que todos
e todas mostravam querer se alimentar. Mas quem os procurava, em geral, eram os
pobres e estropiados de toda sorte. Conjunto da humanidade mais vulnerável da
sociedade, particularmente os que tinham fome. Desse modo, o Cristo, sabendo
que a vida continuava depois daquele momento pra aquelas pessoas, como sabia
que, para aquele momento educativo que se estava vivendo, o corpo precisava estar
alimentado de nutrientes para que o Espírito raciocinasse, Ele se preocupava em
alimentar a turba que o procurava.
Nesse
contexto, evidenciamos dois tipos de caridade: a caridade moral e a caridade material.
Somos todos movidos a ajudar as pessoas que nos batem porta do coração, seja na rua, seja nos
transporte`s coletivos, seja no trabalho. Sempre tem alguém com uma
necessidade. Mas a grande massa é daqueles que passam fome. Então, mesmo quando
formos, num átimo de caridade moral, levar a luz da Doutrina do Cristo, enquanto
espíritas, nas atividades assistenciais, lembremos quem estarão dispostos a nos
ouvir: os que passam necessidades materiais. É o momento que se valem pra se
fortalecerem moralmente e levar algo para casa, tendo em vista os que os esperam:
crianças e idosos(as). Não podem voltar sem o pão material, como Jesus nos
ensinou.
O Espírito
Irmã Rosália, exalta a caridade moral, contudo deixa claro que a material não
pode ser esquecida, dado que uma está intrinsecamente ligada a outra. Como ela
nos ensina:
A caridade moral consiste em se suportarem umas
às outras as criaturas e é o que menos fazeis nesse mundo inferior, onde vos
achais, por agora, encarnados. Grande mérito há, crede-me, em um homem saber
calar-se, deixando fale outro mais tolo do que ele. É um gênero de caridade
isso. [...] Essa caridade, no entanto, não deve obstar à outra.[1]
Quando
discorremos sobre a caridade material, estamos falando também da beneficência
que é estimulada pelos Espíritos da Codificação Espírita, como nos estimula o Espírito
Adolfo, bispo de Argel:
Compreendei as obrigações que tendes para com
os vossos irmãos! Ide, ide ao encontro do infortúnio; ide em socorro,
sobretudo, das misérias ocultas, por serem as mais dolorosas! Ide, meus
bem-amados, e tende em mente estas palavras do Salvador: “Quando vestirdes a um
destes pequeninos, lembrai-vos de que é a mim que o fazeis!”[2]
O
Cristo sempre teve cuidado com os mais pequeninos, como os pobres e estropiados,
como revela a seguinte passagem de Lucas (14:12 a 15):
Disse também àquele que o convidara: “Quando derdes um jantar ou uma ceia, não convideis nem os vossos amigos, nem os vossos irmãos, nem os vossos parentes, nem os vossos vizinhos que forem ricos, para que em seguida não vos convidem a seu turno e assim retribuam o que de vós receberam. Quando derdes um festim, convidai para ele os pobres, os estropiados, os coxos e os cegos. E sereis ditosos por não terem eles meios de vo-lo retribuir, pois isso será retribuído na ressurreição dos justos.”
Nesse
contexto das necessidades humanas, Emmanuel nos lembra, que “inclina-se o
Mestre ao bem de todos os homens. Cheio de abnegação e amor, sabe alimentar,
com recursos específicos, o ignorante e o sábio, o indagador e o crente, o
revoltado e o infeliz.” Daí, quando se dirigia às massas ou mesmo aos
sacerdotes ou fariseus que se apresentavam como conhecedores da Lei, falava por
parábolas (MATEUS, 13:10 a 15)[3],
sem deixar de destacar, para os que tinham algum entendimento sobre as
escrituras, alguns trechos delas.
Que
tenhamos o discernimento de nos conduzir de modo cada vez mais semelhante ao
que o Cristo nos ensinou.
Que
assim, seja.
Domício.
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