domingo, 24 de setembro de 2023

LEI DE RETORNO

 

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LEI DE RETORNO

E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação.

Jesus (JOÃO, 5:29).

Em raras passagens do Evangelho, a lei reencarnacionista permanece tão clara quanto aqui, em que o ensino do Mestre se reporta à ressurreição da condenação.

Como entenderiam estas palavras os teólogos interessados na existência de um inferno ardente e imperecível?

As criaturas dedicadas ao bem encontrarão a fonte da vida em se banhando nas águas da morte corporal. Suas realizações do porvir seguem na ascensão justa, em correspondência direta com o esforço perseverante que desenvolveram no rumo da espiritualidade santificadora, todavia, os que se comprazem no mal cancelam as próprias possibilidades de ressurreição na luz.

Cumpre­lhes a repetição do curso expiatório.

É a volta à lição ou ao remédio.

Não lhes surge diferente alternativa.

A lei de retorno, pois, está contida amplamente nessa síntese de Jesus.

Ressurreição é ressurgimento. E o sentido de renovação não se compadece com a teoria das penas eternas.

Nas sentenças sumárias e definitivas não há recurso salvador.

Por intermédio da referência do Mestre, contudo, observamos que a Providência divina é muito mais rica e magnânima que parece.

Haverá ressurreição para todos, apenas com a diferença de que os bons tê­ la­ão em vida nova e os maus em nova condenação, decorrente da criação reprovável deles mesmos.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel nos traz a reflexão sobre as diferenças entre dois modos de ressurgir. Devemos entender o sentido real do termo ressurreição.

Na época em que o Cristo passou por nosso planeta, os judeus não tinham uma ideia bem clara sobre o significado da palavra ressurreição. De qualquer modo o termo significa ressurgir. Entretanto, em que sentido e onde? Eles entendiam que poderiam reviver, mas não era muito claro como isso se dava.

Conforme A. Kardec, ambos os termos se referem a voltar a viver em um corpo. Contudo, se faz necessário considerar o que a Ciência diz a respeito.

Com efeito, a ressurreição dá ideia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já se acham desde muito tempo dispersos e absorvidos. A reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo. A palavra ressurreição podia assim aplicar-se a Lázaro, mas não a Elias, nem aos outros profetas. Se, portanto, segundo a crença deles, João Batista era Elias, o corpo de João não podia ser o de Elias, pois que João fora visto criança e seus pais eram conhecidos. João, pois, podia ser Elias reencarnado, porém, não ressuscitado[1].


Então, podemos renascer em um novo corpo, que significa reiniciar uma vida que depende dos sucessos e insucessos de vida anterior. Podendo ser uma vida, dependendo da História de vida do Espírito, feliz ou infeliz, o mesmo, medianamente uma coisa ou outra.

Desta mensagem de Emmanuel, entende-se que a ressurreição para vida, significa um ressurgimento para uma vida espiritual plena. Do contrário, significa uma vida de expiação. O que não significa uma pena irremediável, eterna.

Isto é bem esclarecido pelo Espírito São Luís, quando discorre sobre a Necessidade da Encarnação. Pare ele, a encarnação

É uma tarefa que Deus lhes impõe, quando iniciam a vida, como primeira experiência do uso que farão do livre-arbítrio. Os que desempenham com zelo essa tarefa transpõem rapidamente e menos penosamente os primeiros graus da iniciação e mais cedo gozam do fruto de seus labores. Os que, ao contrário, usam mal da liberdade que Deus lhes concede retardam a sua marcha e, tal seja a obstinação que demonstrem, podem prolongar indefinidamente a necessidade da reencarnação e é quando se torna um castigo.[2]

 

Desse modo, Emmanuel é corroborado por São Luís, nesta sua mensagem, pois conforme ele, “haverá ressurreição para todos, apenas com a diferença de que os bons tê­ la­ão em vida nova e os maus em nova condenação, decorrente da criação reprovável deles mesmos”.

Que tenhamos certeza da vida eterna e que saibamos aproveitá-la da forma menos sofrível possível.

Domício.


[1] Vide a dissertação de A. Kardec, na íntegra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. IV, Item 4.
[2]
Vide a dissertação de São Luís, na íntegra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. IV, Item 25.

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