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CONDIÇÃO COMUM
Imediatamente,
o pai do menino, clamando com lágrimas, disse: eu creio, Senhor! Ajuda a minha
incredulidade.
Marcos (9:24).
Aquele homem
da multidão, em se aproximando de Jesus com o filho enfermo, constitui
expressão representativa do espírito comum da humanidade terrestre.
Os círculos religiosos comentam excessivamente a fé em
Deus, todavia, nos instantes da tempestade, são escassos os devotos que
permanecem firmes na confiança.
Revelamse as massas muito atentas aos cerimoniais do
culto exterior, participam das edificações alusivas à crença, contudo, ante as
dificuldades do escândalo, quase toda gente resvala no despenhadeiro das
acusações recíprocas.
Se falha um missionário,
verificase a debandada. A comunidade dos crentes pousa os olhos nos homens falíveis, cegos
às finalidades ou indiferentes
às instituições. Em tal movimento de insegurança espiritual, sem paradoxo, as criaturas humanas crêem e descrêem, confiando hoje e
desfalecendo amanhã.
Somos defrontados, ainda, pelo regime de incerteza de
espíritos infantis que mal começam a
conceber noções de responsabilidade.
Felizes,
pois, aqueles que, à maneira do pai necessitado, se acercarem do Cristo, confessando a precariedade da posição íntima. Assim, em afirmando a crença
com a boca, pedirão, ao mesmo tempo, ajuda para a sua falta de fé, atestando com lágrimas
a própria miserabilidade.
NOSSA REFLEXÃO
Esta
passagem evangélica, que Emmanuel utiliza para fazer esta página, se encontra
em Marcos (9:14-29), Mateus (17:14-21) e Lucas (9:37-42), que trata da criança subjugada,
corporalmente, desde a infância. O Pai, desesperado, procurou os discípulos de Jesus
pra que livrassem a criança do Espírito subjugador.
Contudo,
os discípulos não lograram êxito. Então, o Pai da criança recorreu a Jesus que
o interrogou sobre o histórico da criança. Contando, o Pai, suplicou que Jesus
curasse a criança, caso Ele pudesse. Jesus, então, disse: “Todas as coisas são
possíveis ao que crê” (MARCOS, 9:23). No final do epsódio, os discípulos
perguntaram a Jesus por que não conseguiram expulsar o Espírito. Jesus lhes
respondeu: “Este gênero de espírito de nenhum modo pode sair, senão com oração”
(MARCOS, 9:29).[1]
Assim,
o Mestre, ensinava como deveríamos proceder nas reuniões mediúnicas nas casas espíritas,
particularmente nos casos de subjugação.
O caso
específico da passagem evangélica se trata de uma subjugação corporal, que
significa, conforme A. Kardec, “[...] uma constrição que paralisa a vontade
daquele que a sofre e o faz agir a seu mau grado. Numa palavra: o paciente fica
sob um verdadeiro jugo”.[2]. A
subjugação (entendida por muitos, como uma possessão[3])
pode ser moral ou corporal. A. Kardec nos diz quando ocorre a corporal:
A subjugação corporal tira muitas vezes ao obsidiado a energia necessária para dominar o mau Espírito. Daí o tornar-se precisa a intervenção de um terceiro, que atue pelo magnetismo ou pelo império da sua vontade. Em falta do concurso do obsidiado, essa terceira pessoa deve tomar ascendente sobre o Espírito; porém, como este ascendente só pode ser moral, só a um ser moralmente superior ao Espírito é dado assumi-lo e seu poder será tanto maior quanto maior for a sua superioridade moral, porque, então, se impõe àquele, que se vê forçado a inclinar-se diante dele. Por isso é que Jesus tinha tão grande poder para expulsar aqueles a que, naquela época, se chamava demônio, isto é, os maus Espíritos obsessores.[4]
Decorre
disto, que, para conduzir um Espírito que subjuga, moral ou corporalmente uma
pessoa, é necessário que tenhamos uma moral suficiente (desde de casa, como no
trabalho, no trânsito ou movimentos outros) para tratar o obsessor com caridade.
Desse modo, torna-se irresistível qualquer orientação no sentido de seu bem
como do que ele subjuga.
Oração
e fé, é o que precisamos nesses momentos, tanto aquele já é experiente nos
estudos da Doutrina, como aquele que se assemelha ao Pai desesperado que
procurou Jesus, humildemente, confessando a fragilidade de sua fé e pedindo
paciência para construí-la.
Desse
modo, é importante ressalvar, conforme Emmanuel, nessa mensagem que:
Felizes, pois, aqueles que, à maneira do pai necessitado, se acercarem do Cristo, confessando a precariedade da posição íntima. Assim, em afirmando a crença com a boca, pedirão, ao mesmo tempo, ajuda para a sua falta de fé, atestando com lágrimas a própria miserabilidade.
Que Deus
nos ajude.
Domício.
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