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PECADO E PECADOR
Amado, não sigas o mal, mas o bem. Quem faz o bem, é de Deus;
mas quem faz o mal, não tem visto a Deus.
III
João (11).
A sociedade
humana não deveria operar a divisão de si própria, como sendo um campo em que
se separam bons e maus, mas sim viver qual grande família em que se integram os
espíritos que começam a compreender o Pai e os que ainda não conseguiram
pressenti-lo.
Claro
que as palavras “maldade” e “perversidade” ainda comparecerão, por vastíssimos
anos, no dicionário terrestre, definindo certas atitudes mentais inferiores;
todavia, é forçoso convir que a questão do mal vai obtendo novas interpretações
na inteligência humana.
O
evangelista apresenta conceito justo. João não nos diz que o perverso está
exilado de nosso Pai, nem que se conserva ausente da Criação. Apenas afirma que
“não tem visto a Deus”.
Isto
não significa que devamos cruzar os braços, ante as ervas venenosas e zonas
pestilenciais do caminho; todavia, obriga-nos a recordar que um lavrador não
retira espinheiros e detritos do solo, a fim de convertê-lo em precipícios.
Muita
gente acredita que o “homem caído” é alguém que deve ser aniquilado. Jesus, no
entanto, não adotou essa diretriz. Dirigindo-se, amorosamente, ao pecador,
sabia-se, antes de tudo, defrontado por enfermo infeliz, a quem não se poderia
subtrair as características de eternidade.
Lute-se
contra o crime, mas ampare-se a criatura que se lhe enredou nas malhas
tenebrosas.
O
Mestre indicou o combate constante contra o mal, contudo, aguarda a
fraternidade legítima entre os homens por marco sublime do Reino celeste.
NOSSA REFLEXÃO
Infelizmente, estamos
vivendo no que poderíamos dizer, fim dos tempos, onde a maldade impera. Sabemos
que o nosso planeta, categorizado como “[...] mundos de expiação e provas,
onde domina o mal [...]” está passando por período de evolução pra ocupar a categoria
de “[...] mundos de regeneração, nos quais as almas que ainda têm o que
expiar haurem novas forças, repousando das fadigas da luta [...]” (grifos
nossos)[1].
Sobre isso, o Espirito
Santo Agostinho, nos esclarece:
A Terra, conseguintemente, oferece um dos tipos de mundos expiatórios, cuja variedade é infinita, mas revelando todos, como caráter comum, o servirem de lugar de exílio para Espíritos rebeldes à Lei de Deus. Esses Espíritos têm aí de lutar, ao mesmo tempo, com a perversidade dos homens e com a inclemência da Natureza, duplo e árduo trabalho que simultaneamente desenvolve as qualidades do coração e as da inteligência. É assim que Deus, em sua bondade, faz que o próprio castigo redunde em proveito do progresso do Espírito.[2]
Então, a humanidade está
num luta constante para que os princípios de justiça e direitos humanos sejam
considerados nas relações humanas. Os meios de comunicação não nos deixam
sossegados quanto ao que ocorre no dia a dia nas cidades, estados e países. E é
triste ver como as informações nos chegam a uma velocidade estupenda. Cabe a
nós receber, como cristãos, o que nos chega, com paciência, tolerância e misericórdia,
principalmente tendo ciência que há um Lei que rege as relações entre os
Espíritos, filhos do mesmo Criador. Contudo, a sensação imediata é de tristeza
e às vezes de indignação.
Mas João orienta vermos
o que existe e seguir numa outra direção, pois para ele, “quem faz o bem, é de Deus; mas quem faz o mal, não tem visto a Deus” (III
João, 11).
Entendemos, por nossa
vez, que o mal deve ser combatido em favor dos que sofrem o mal praticado por
quem o faz. E isto, não se trata apenas de um ato religioso, mas político-social,
também. Precisamos trabalhar, em todas as frentes em que o cidadão está
situado, como a religiosa (atitude espiritual diante do mal) e a político-social
(atitude de enfrentamento diante do mal, cobrando das autoridades leis
protetivas em favor dos mais vulneráveis da sociedade).
Nessa direção, Emmanuel
encerra essa mensagem, com a seguinte orientação: “Lute-se contra o crime, mas ampare-se a criatura que se
lhe enredou nas malhas tenebrosas. O Mestre indicou o combate constante contra
o mal, contudo, aguarda a fraternidade legítima entre os homens por marco
sublime do Reino celeste”.
Então, devemos entender
que o mal não deve ser combatido com o mal, mas com educação, respeito, com
fraternidade aos que não tiveram acesso à educação e são cooptados pelos que
dominam, de modo maléfico, uma comunidade. O isolamento, tanto dos que são
dominados pelo mal, como dos que comandam uma coletividade, seja de qualquer
área, inclusive a política, dever ser educativo, para que possam retornar à
sociedade melhorados e com condições de contribuir com a coletividade. Tudo
isso com base em leis justas que devem se aproximar, cada vez mais, da de Deus.
Que Deus nos ajude,
nesse processo.
Domício.
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