domingo, 2 de julho de 2023

OUÇAM-NOS

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OUÇAM-NOS

Disse-lhe Abraão: Eles têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.

Lucas (16:29).

A resposta de Abraão ao rico da parábola ainda é ensinamento de todos os dias, no caminho comum.

Inúmeras pessoas se aproximam das fontes de revelação espiritual, entretanto, não conseguem a libertação dos laços egoísticos de modo que vejam e ouçam, qual lhes convém aos interesses essenciais.

Há precisamente um século, estabeleceu-se intercâmbio mais intenso entre os dois planos, na grande movimentação do Cristianismo redivivo; contudo, há aprendizes que contemplam o céu, angustiados tão-só porque nunca receberam a mensagem direta de um pai ou de um filho na experiência humana. Alguns chegam ao disparate de se desviarem da senda alegando tais motivos. Para esses, o fenômeno e a revelação no Espiritismo evangélico são simples conjunto de inverdades, porque nada obtiveram de parentes mortos, em consecutivos anos de observação.

Isso, porém, não passa de contrassenso.

Quem poderá garantir a perpetuidade dos elos frágeis das ligações terrestres?

O impulso animal tem limites.

Ninguém justifique a própria cegueira com a insatisfação do capricho pessoal.

O mundo está repleto de mensagens e emissários, há milênios. O grande problema, no entanto, não está em requisitar-se a verdade para atender ao círculo exclusivista de cada criatura, mas na deliberação de cada homem, quanto a caminhar com o próprio valor, na direção das realidades eternas.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel se inspira num versículo de João que está num capítulo que narra a Parábola do Rico e de Lázaro (JOÃO[1], 16: 19 – 31). Nesta Parábola, o rico, após a morte do corpo, foi pra o Hades[2], enquanto o pobre elevou-se ao seio de Abraão (o Céu, entre outras palavras). Ocorre que o rico pediu que Abraão enviasseà Terra, Espíritos que pudessem falar aos seus irmãos o sofrimento que passava. Abraão, foi, então, firme em dizer que eles não ouviriam os mortos. Mas, que, se ouvissem os profetas (o Abraão como um deles) tudo seria melhorado.

Isto nos lembra, também que tivemos o Cristo e isto seria (e é o suficiente), em bom termos, pra evoluirmos consideravelmente. Contudo, hoje, apesar de termos o Espiritismo, a grande população cristã não dá ouvidos à Doutrina.

A exemplos de alguns simpatizantes da Doutrina, Emmanuel cita aqueles que se afastaram por não terem tido um contato com parentes desencarnados. São aqueles que se apegam aos fenômenos.

A. Kardec reflete sobre isso, pois a Doutrina é simples de entender, independentemente da intervenção dos Espíritos em sessões mediúnicas:

Muitos, entretanto, dos que acreditam nos fatos das manifestações não lhes apreendem as consequências, nem o alcance moral, ou, se os apreendem, não os aplicam a si mesmos. A que atribuir isso? [...] Nalguns ainda muito tenazes são os laços da matéria para permitirem que o Espírito se desprenda das coisas da Terra; a névoa que os envolve tira-lhes a visão do infinito, donde resulta não romperem facilmente com os seus pendores, nem com seus hábitos, não percebendo haja qualquer coisa melhor do que aquilo de que são dotados. Têm a crença nos Espíritos como um simples fato, mas que nada ou bem pouco lhes modifica as tendências instintivas. Numa palavra: não divisam mais do que um raio de luz, insuficiente a guiá-los e a lhes facultar uma vigorosa aspiração, capaz de lhes sobrepujar as inclinações.[3]

 

Esses, segundo A. Kardec, são os “espíritas imperfeitos” que desistem do caminho por não se aterem a ideia, se prendendo aos fenômenos.

Então, que sejamos, mais que fenomenológicos, ideológicos. Desse modo, saberemos distinguir os falsos profetas da erraticidade[4] dos verdadeiros seareiros do Cristo, do plano espiritual[5]. Em síntese, A. Kardec, nos dá uma dica pra fazermos uma boa diferenciação: “O Espiritismo nos faculta os meios de experimentá-los, apontando os caracteres pelos quais se reconhecem os bons Espíritos, caracteres sempre morais, nunca materiais”[6].

Que Deus nos ajude.

Domicio.


[1] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI (Não se pode servir a Deus e a Mamon).
[2] O inferno, segundo os gregos.
[3] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, Item 4 (Os bons espíritas).
[4] Período entre uma encarnação e outra, onde o Espírito errante (estado da alma entre duas encarnações) aguarda uma nova oportunidade reencarnatória (Vide O Livro dos Espíritos, questão 224).
[5] Ouçamos João, o Evangelista: Meus bem-amados, não creais em qualquer Espírito; experimentai se os Espíritos são de Deus, porquanto muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. (João, 1a Epístola, 4:1)
[6] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXI, Item 7.

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