domingo, 9 de julho de 2023

EM FAMÍLIA

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EM FAMÍLIA

Aprendam primeiro a exercer piedade para com a sua própria família e a recompensar seus pais, porque isto é bom e agradável diante de Deus.

Paulo (I TIMÓTEO, 5:4).

A luta em família é problema fundamental da redenção do homem na Terra. Como seremos benfeitores de cem ou mil pessoas, se ainda não aprendemos a servir cinco ou dez criaturas? Esta é indagação lógica que se estende a todos os discípulos sinceros do Cristianismo.

Bom pregador e mau servidor são dois títulos que se não coadunam.

O Apóstolo aconselha o exercício da piedade no centro das atividades domésticas, entretanto, não alude à piedade que chora sem coragem ante os enigmas aflitivos, mas àquela que conhece as zonas nevrálgicas da casa e se esforça por eliminá-­las, aguardando a decisão divina a seu tempo.

Conhecemos numerosos irmãos que se sentem sozinhos, espiritualmente, entre os que se lhes agregaram ao círculo pessoal, através dos laços consanguíneos, entregando­-se, por isso, a lamentável desânimo.

É imprescindível, contudo, examinar a transitoriedade das ligações corpóreas, ponderando que não existem uniões casuais no lar terreno. Preponderam aí, por enquanto, as provas salvadoras ou regenerativas. Ninguém despreze, portanto, esse campo sagrado de serviço por mais se sinta acabrunhado na incompreensão. Constituiria falta grave esquecer-­lhe as infinitas possibilidades de trabalho iluminativo.

É impossível auxiliar o mundo, quando ainda não conseguimos ser úteis nem mesmo a uma casa pequena – aquela em que a Vontade do Pai nos situou, a título precário.

Antes da grande projeção pessoal na obra coletiva, aprenda o discípulo a cooperar, em favor dos familiares, no dia de hoje, convicto de que semelhante esforço representa realização essencial.

NOSSA REFLEXÃO

A família é o ajuntamento de almas que por processo de afinidades ou cármico devem melhorar as afinidades, perdoar pela inimizades gratuitas, involuntárias, difícil de compreender quando não se é estudioso da Doutrina Espírita.

Nesse contexto, devemos nos preocupar com os laços de família. A obra pentateuca do Espiritismo, O Evangelho Segundo o Espiritismo, nos traz uma discussão a respeito desse tema, em dois capítulos: Cap. IV (Ninguém poderá ver o Reino de Deus se não nascer de novo), em que se afirma a potencialidade da reencarnação como instrumento divino de reunir e consolidar os laços de família; e o Cap. XIV (Honrai vosso Pai e a vossa Mãe), em que se discute a necessidade de uma boa convivência no seio de uma família e em especial a dos filhos e filhas com o Pai e com a Mãe..

Segundo o A. Kardec, “os laços de família não sofrem destruição alguma com a reencarnação, como o pensam certas pessoas. Ao contrário, tornam-se mais fortalecidos e apertados. O princípio oposto, sim, os destrói.”[1]

Os Espíritos quando têm afinidades, jamais deixam de se amar, por terem que se afastar por algum tempo. Uma família espiritual se reúne, quando necessário, seja no modo desencarnado, seja no encarnado, por demandas convergentes. Quando os Espíritos não são afins, em uma família corpórea, a ideia é que a família aperte os laços que ainda se encontram frouxos. Então, não é fácil fortalecer os laços. O que acontece comumente, são as constantes desavenças e necessidade de um e outro ou uma e outra querer se afastar, mesmo que não seja integralmente, mas tão somente, mudando de casa, pois a convivência, parece se tornar impossível, morando debaixo do mesmo teto.

Mas algo que não devemos deixar de levar em conta, principalmente, é a relação em pais e filhos.

Discutindo sobre a parentela corporal e a parentela espiritual, traçando uma distinção entre essas duas terminologia, A. Kardec, nos esclarece:

Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação. Não são os da consanguinidade os verdadeiros laços de família, e sim os da simpatia e da comunhão de ideias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações. (grifos nossos).[2]

 

Posto isto, a reflexão é que, primeiramente, a relação mais ótima possível que se deve ter é a entre pais e filhos, pois esses, só se encontram na família pelo aceite daqueles, mesmo sabendo que, no momento, sabiam das dificuldades que encontrariam em cuidar de seus rebentos que, a princípio, apresentavam uma distância, seja do ponto de vista moral, que inclui desavenças histórica na relação pretérita, seja do ponto de vista do saber e hábitos.

A ingratidão filial é uma mácula desenvolvida em uma vida, que se soma a tantas outras, que se pelo menos não existisse, já era um grande salto evolutivo na vida de um Espírito. Mas as desavenças, distanciamentos relativos a hábitos e entendimentos sobre a vida são naturais e não são da vida presentes. Cabe aos filhos dominar a aversão natural que têm pelos pais e de modo cristão, perdoar-lhes, incondicionalmente, tratando de melhorar o laço abençoado que Deus possibilitou numa encarnação. Nessa relação o melhor, mesmo, é podar o ingrato que se apresenta no dia a dia de nossas vidas.

Mas numa família, em geral, não só existe a relação entre os pais e um filho ou filha (os pais, em particular são, também, dois Espíritos que têm também suas desavenças, que, infelizmente, levam a separação). Não, na família tem também os irmãos e irmãs. Nessa relação, em alguns momentos tumultuados da relação familiar, requer de todos e todas muita paciência. Nesse contexto, buscamos Um Espírito Amigo para nos iluminar a respeito:

Sede pacientes. A paciência também é uma caridade e deveis praticar a lei de caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas. Outra há, porém, muito mais penosa e, conseguintemente, muito mais meritória: a de perdoarmos aos que Deus colocou em nosso caminho para serem instrumentos do nosso sofrer e para nos porem à prova a paciência.[3]

 

E que pessoas mais representativas relativas ao que esse Espírito nos fala, senão: o marido ou a esposa; o irmão ou a irmã.?

A despeito de qualquer separação já tendo existido em nossas vidas, que saibamos reconhecer a importância dessas pessoas na nossa vida e que possamos ou manter, apertar, os laços ainda presentes ou tentar, com a ajuda de Deus, considerar a possibilidade criar laços de companheirismo, mesmo sem morar com eles ou elas.

Que Deus ajude a nossos pais e nossas mães a nos perdoar pelas atitudes ingratas que cometemos contra eles e elas.

Que Deus nos ajude, da mesma forma, a compreendê-los como Espíritos em evolução e que só querem o nosso bem.

Que Deus nos ajude a valorizar, perdoar, aquele ou aquela que Deus juntou a nós para formamos uma família, sob quaisquer condições possíveis que podem, hoje, estar vigendo.

Domício.


[1] Vide a discussão, na íntegra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo,Cap. IV, Item 18.
[2] Vide a discussão, na íntegra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo,Cap. XIV, Item 8.
[3]
Vide a íntegra da mensagem, em O Evangelho Segundo o Espiritismo,Cap. IX, Item 7.

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