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ORAÇÃO
Perseverai em oração, velando
nela com ação de graças.
Paulo (COLOSSENSES, 4:2).
Muitos crentes estimariam movimentar a prece, qual se mobiliza uma vassoura
ou um martelo.
Exigem resultados imediatos, por desconhecerem qualquer esforço
preparatório. Outros perseveram na oração, mantendo-se, todavia, angustiados e
espantadiços. Desgastam-se e consomem valiosas energias nas aflições
injustificáveis. Enxergam somente a maldade e a treva e nunca se dignam
examinar o tenro broto da semente divina ou a possibilidade próxima ou remota
do bem.
Encarceram-se no “lado mau” e perdem, por vezes, uma existência inteira,
sem qualquer propósito de se transferirem para o ‘‘lado bom’’.
Que probabilidade de êxito se reservará ao necessitado que formula uma
solicitação em gritaria, com evidentes sintomas de desequilíbrio? O
concessionário sensato, de início, adiará a solução, aguardando, prudente, que
a serenidade volte ao pedinte.
A palavra de Paulo é clara, nesse sentido.
É indispensável persistir na oração, velando nesse trabalho com ação de
graças. E forçoso é reconhecer que louvar não é apenas pronunciar votos brilhantes.
É também alegrarse em pleno combate pela vitória do bem, agradecendo ao Senhor
os motivos de sacrifício e sofrimento, buscando as vantagens que a adversidade
e o trabalho nos trouxeram ao espírito.
Peçamos a Jesus o dom da paz e da alegria, mas não nos esqueçamos de
glorificarlhe os sublimes desígnios, toda vez que a sua vontade misericordiosa
e justa entra em choque com os nossos propósitos inferiores. E estejamos
convencidos de que oração intempestiva, constituída de pensamentos desesperados
e descabidas exigências, destina-se ao chão renovador qual acontece à flor improdutiva
que o vento leva.
NOSSA REFLEXÃO
Emmanuel nos oferece apontamentos sobre a importância da oração, como
também o faz em Firmeza e Constância[1].
Contudo, não deixa de nos alertar sobre como devemos nos comportar em momentos
das preces. Esta mensagem e a citada, anteriormente nos reporta aos ensinamentos
de Jesus Cristo e dos Espíritos Superiores, quando da Codificação Espírita.
Lembremos que o Cristo se preocupou em nos ensinar sobre como devíamos nos
comportar ao orarmos, em Mateus (6:5 a 8), Marcos (11:25 e 26) e Lucas (18:9
a 14).[2]
A. Kardec, por sua vez, sobre esses trechos destacados
de três evangelistas, nos faz refletir sobre a justeza das palavras de Jesus
Cristo:
Jesus definiu claramente as qualidades da prece. Quando orardes, diz Ele, não vos ponhais em evidência; antes, orai em secreto. Não afeteis orar muito, pois não é pela multiplicidade das palavras que sereis escutados, mas pela sinceridade delas. Antes de orardes, se tiverdes qualquer coisa contra alguém, perdoai-lhe, visto que a prece não pode ser agradável a Deus, se não parte de um coração purificado de todo sentimento contrário à caridade. Orai, enfim, com humildade, como o publicano, e não com orgulho, como o fariseu. Examinai os vossos defeitos, não as vossas qualidades e, se vos comparardes aos outros, procurai o que há em vós de mau. (Cap. X, itens 7 e 8.)[3]
Então devemos refletir sobre a qualidade e o modo de fazermos nossas preces para que ela seja eficaz e inteligível. Destacamos a seguir, de modo recortado, como deve ser nossa “Maneira de Orar”, segundo o Espírito V. Monod:
O dever primordial de toda criatura humana, o primeiro ato que deve assinalar a sua volta à vida ativa de cada dia, é a prece. Quase todos vós orais, mas quão poucos são os que sabem orar! Que importam ao Senhor as frases que maquinalmente articulais umas às outras, fazendo disso um hábito, um dever que cumpris e que vos pesa como qualquer dever? A prece do cristão, do espírita, seja qual for o culto, deve ele dizê-la logo que o Espírito haja retomado o jugo da carne; deve elevar-se aos pés da majestade divina com humildade, com profundeza, num ímpeto de reconhecimento por todos os benefícios recebidos até aquele dia; pela noite transcorrida e durante a qual lhe foi permitido, ainda que sem consciência disso, ir ter com os seus amigos, com os seus guias, para haurir, no contato com eles, mais força e perseverança. [...] A vossa prece deve conter o pedido das graças de que necessitais, mas de que necessitais em realidade. Inútil, portanto, pedir ao Senhor que vos abrevie as provas, que vos dê alegrias e riquezas. [..] Deveis orar incessantemente, sem que, para isso, se faça mister vos recolhais ao vosso oratório, ou vos lanceis de joelhos nas praças públicas. A prece do dia é o cumprimento dos vossos deveres, sem exceção de nenhum, qualquer que seja a natureza deles.[4]
Então, Emmanuel, nesta mensagem e em Firmeza e Constância corrobora com os ditados grafados em O Evangelho Segundo o
Espiritismo quanto à constância, ao equilíbrio e às motivações que devemos ter
para orarmos. Destacadamente, nos lembra que devemos estar “[...] convencidos
de que oração intempestiva, constituída de pensamentos desesperados e
descabidas exigências, destina-se ao chão renovador qual acontece à flor improdutiva
que o vento leva”.
Que Deus nos ajude a não perdermos de vista todos esses ensinamentos
oferecidos pela Doutrina Espírita e por Emmanuel, nesta mensagem e em Firmeza e Constância, de modo isolado.
Domício.
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