domingo, 12 de fevereiro de 2023

JUSTAMENTE POR ISSO

 

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JUSTAMENTE POR ISSO

Não vos escrevi porque ignorásseis a verdade, mas porque a conheceis.

I João (2:21).

O intercâmbio cada vez mais intensivo entre os chamados “vivos” e “mortos” constitui grande acontecimento para as organizações evangélicas de modo geral.

Não é tão somente realização para a escola espiritista; pertence às comunidades do Cristianismo inteiro.

Por enquanto, anotamos aqui e ali protestos do dogmatismo organizado, entretanto, a revivescência da verdade assim o exige.

Toda aquisição tem seu preço e qualquer renovação encontra obstáculos espontâneos.

Dia virá em que as várias subdivisões do evangelismo compreenderão a divina finalidade do novo concerto.

O movimento de troca espiritual entre as duas esferas é cada vez mais dilatado. O devotamento dos desencarnados provoca a atenção dos encarnados.

O Senhor permitiu mundial Pentecostes para o reajustamento da realidade eterna.

Convém notar, contudo, que as vozes comovedoras e revigorantes do Além repetem, comumente, velhas fórmulas da Revelação e relembram o passado da sabedoria terrestre, a fim de extrair conceituação mais respeitável referentemente à vida.

É neste ponto que recordamos as palavras de João, interrogando sinceramente: comunicar-se-ão os “mortos” com os “vivos”, porque os homens ignoram a verdade?

Isto não.

Se os que partem falam novamente aos que ficam é que estes conhecem o caminho da redenção com Jesus, mas não se animam, nem se decidem a trilhá-lo.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel reflete sobre a condição pra o plano espiritual enviar mensagens reveladoras, esclarecedoras a nós do plano material. Sabe-se que o Espiritismo não inventou o a comunicação dos encarnados com os desencarnados. Esta acontece desde sempre. Em os Prolegômenos, de O Livro dos Espíritos, a equipe de Espíritos Superiores que revelaram a Doutrina dos Espíritos nos informam:

As comunicações entre o mundo espírita e o mundo corpóreo estão na ordem natural das coisas e não constituem fato sobrenatural, tanto que de tais comunicações se acham vestígios entre todos os povos e em todas as épocas. Hoje se generalizaram e tornaram patentes a todos.[1]

Assim, o que é novo, com o Espiritismo, não é o fato da comunicação espiritual, mas a revelação aprofundada, através dos Espíritos, do que o Cristo nos deixou como conhecimento. Compreendamos que o conhecimento sobre a vida foi dado ao ser humano de modo homeopático, ou seja, aos poucos, gota a gota pra que não lhe cegasse a vista, dado a intensidade da luz ofertada.

O Cristo, mesmo, não informou tudo que sabia ao povo que lhe escutou, mas lhe falou por parábolas. Ao ser perguntado pelos discípulos porque Ele falava ao povo desse modo, Ele respondeu, similarmente ao modo como João afirmou em sua carta àqueles com quem tinha tido contatos:

É porque a vós outros foi dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus; mas, a eles, isso não lhes foi dado. (MATEUS, 13: 11).

 

A. Kardec parafraseia essa citação do Cristo: “Falo-lhes por parábolas, porque não estão em condições de compreender certas coisas. Eles veem, olham, ouvem, mas não entendem. Fora, pois, inútil tudo dizer-lhes, por enquanto. Digo-o, porém, a vós, porque dado vos foi compreender estes mistérios.”[2]

Esta é uma lógica pedagógica. Só podemos compreender, de imediato, algo que nos dizem, se temos no nosso repertório algo que tenha relação com o que nos é informado.

A revelação do Espiritismo também se deu da mesma forma. Foi-nos revelado 1857 anos depois da estada do Cristo entre nós.

Então, é importante que as comunicações continuem pra nos lembrar de nossos compromissos com a vida, com quem convivem conosco, com o Cristo. Pois já o recebemos de modo inicial (Moisés) e intermediário (Cristo). Agora, num estágio avançado, já temos condições de compreender melhor o que já recebemos nas fases preparatórias.

Sobre isso, Um Espírito Israelita nos esclarece: “Moisés abriu o caminho; Jesus continuou a obra; o Espiritismo a concluirá.”[3].

Então, que possamos, com determinação, colocar em prática tanto conhecimento já adquiridos em mais de dois milênios. Antes de sermos lembrados do que já sabemos, que façamos como quem internalizou o que foi recebido.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Assinam os Prolegômenos: “João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís, O Espírito de Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg, entre outros” (O Livro dos Espíritos – Prolegômenos).
[2] Veja dissertação de A. Kardec, em sua íntegra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXIV, Item 4.
[3]
Vide a mensagem, na íntegra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. I (Não vim destruir a Lei), Item 9.

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