domingo, 6 de novembro de 2022

CONFORME O AMOR

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CONFORME O AMOR

Mas, se por causa da comida se contrista teu irmão, já não andas conforme o amor. Não destruas por causa da tua comida aquele por quem o Cristo morreu.

Paulo (ROMANOS, 14:15).

Preconceitos dogmáticos fazem vítimas, em todos os tempos, e os herdeiros do Cristianismo não faltaram nesse concerto de incompreensão.

Ainda hoje, os processos sectários, embora menos rigorosos nas manifestações, continuam ferindo corações e menosprezando sentimentos.

Noutra época, os discípulos procedentes do Judaísmo provocavam violentos atritos, em face das tradições referentes à comida impura; agora não temos o problema das carnes sacrificadas no Templo; entretanto, novos formalismos religiosos substituíram os velhos motivos de polêmica e discordância.

Há sacerdotes que só se sentem missionários em celebrando os ofícios que lhes competem e crentes que não entendem a meditação e o serviço espiritualizante senão em horas domingueiras, com a prece em exclusiva atitude corporal.

O discípulo que já conseguiu sobrepor­se a semelhantes barreiras deve cooperar em silêncio para estender os benefícios de sua vitória.

Constituiria absurdo transpor o obstáculo e continuar, deliberadamente, nas demonstrações puramente convencionalistas, mas seria também ausência de caridade atirar impropérios aos pobres irmãos que ainda se encontram em angustiosos conflitos mentais por encontrarem a si mesmo, dentro da idéia augusta de Deus.

Quando reparares algum amigo prisioneiro dessas ilusões, recorda que o Mestre foi igualmente à cruz por causa dele. Situa a bondade à frente da análise e a tua observação será construtiva e santificante. Toda vez que houver compreensão no cântaro de tua alma, encontrarás infinitos recursos para auxiliar, amar e servir.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel traz pra a nós a reflexão sobre os formalismos religiosos que segregam uma massa de pessoas religiosas que não correspondem a eles.

Há duas passagens evangélicas (MATEUS (15:1 a 20); LUCAS (11:37 a 40)) que nos trazem momentos em que Jesus foi questionado sobre seus discípilos, ou ele, mesmo, não lavarem as mãos antes da ceia. Estes momentos serviram para Jesus, de forma contundente, explanar sobre a necessidade da pureza do coração antes às formalidades cerimoniais ou habituais na vida comum e necessária, mesmo, no sentido da higiene, como é o caso de lavar as mãos antes de tomar as refeições.

Porém, isto não deve servir, religiosamente, de discriminação dessa ou daquela denominação religiosa.

Allan Kardec, expõe sobre isso:

Como fosse muito mais fácil praticar atos exteriores, do que se reformar moralmente, lavar as mãos do que expurgar o coração, iludiram-se a si próprios os homens, tendo-se como quites para com Deus, por se conformarem com aquelas práticas, conservando-se tais quais eram, visto se lhes ter ensinado que Deus não exigia mais do que isso. Daí o haver dito o profeta: É em vão que este povo me honra de lábios, ensinando máximas e ordenações humanas.[1]

Aqui, temos uma reflexão sobre o que importa mais para a nossa ascensão espiritual: a pureza do coração.

Então, a religião deve ter o objetivo de tornar quem a segue uma pessoa melhor. Caso ela, contrariamente, conforme A. Kardec, a utilize para “[...] apoiar-se para fazer o mal, ou é falsa, ou está falseada em seu princípio”.[2]

Nesse contexto, Emmanuel, nessa mensagem, nos orienta, caso já tenhamos superado esses formalismos, pra não nos insurgirmos contra outros que não superaram as formalidades estabelecidas por líderes religiosos de outras religiões. Ou seja, estas não devem ser motivos de embates entre cristãos de denominações diferentes.

O respeito à religião do próximo é um ato de caridade e Paulo nos admoesta quanto a qualquer atitude nossa em relação ao próximo, se o motivo é algo que contraria o ensinamento do Cristo. No Brasil, temos um decreto presidencial que autentica a liberdade religiosa. Logo, a liberdade e o respeito à religião dos outros é amparada evangélico e judicialmente.

Então, tenhamos em mente que o que importa, mais, espiritualmente falando, em nossas vidas, é a prática da caridade, sem desqualificar as medidas científicas que nos orientam sobre como devemos nos portar diariamente, pra não nos adoecermos. Ou seja, como a Doutrina preconiza, a Religião deve estar consonante com a Ciência e a Filosofia.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VIII (Bem-aventurados os que têm puro o coração), Item 10.
[2]
Idem.

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