domingo, 25 de setembro de 2022

RESPONDER

 

77

RESPONDER

A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como responder a cada um.

Paulo (COLOSSENSES, 4:6).

O ato de responder proveitosamente a inteligências heterogêneas exige qualidades superiores que o homem deve esforçar-se por adquirir.

Nem todos os argumentos podem ser endereçados, indistintamente, à coletividade dos companheiros que lutam entre si, nas tarefas evolutivas e redentoras. Necessário redaguir, com acerto, a cada um. Ao que lida no campo, não devemos retrucar mencionando espetáculos da cidade; ao que comenta dificuldades ásperas do caminho individualista, não se replicará com informações científicas de alta envergadura.

Primeiramente, é imprescindível não desagradar a quem ouve, temperando a atitude verbal com a legítima compreensão dos problemas da vida, constituindo-nos um dever contribuir para que os desviados da simplicidade e da utilidade se reajustem.

Toda resposta em assunto importante é remédio. É indispensável saber dosá­lo, com vista aos efeitos. Cada criatura tolerará, com benefício, determinada dinamização. As próprias soluções da verdade e do amor não devem ser administradas sem esse critério. Aplicada em porções inadequadas, a verdade poderá destruir, tanto quanto  o amor costuma perder...

Ainda que sejas interpelado pelo maior malfeitor do mundo, deves guardar uma atitude agradável e digna para informar ou esclarecer. Saber responder é virtude do quadro da sabedoria celestial. Em favor de ti mesmo, não olvides o melhor modo de atender a cada um.

NOSSA REFLEXÃO

O modo de responder a uma pessoa que nos interpela, se traduz no nível evolutivo de cada um. Nem sempre estamos preparados para questionamentos inusitados e, às vezes, deseducados. Temos que estar sempre preparados para essas situações, pois a invigilância nos denuncia como somos na relação interpessoal.

Algumas pessoas do nosso relacionamento já são conhecidas pelo que pensa e faz. Então, essas são o nosso planejado exercício de caridade com elas e conosco.

Nesse caso, devemos nos lembrar das bem-aventuranças escritas em Mateus (5: 5 e 9), respectivamente.[1] Elas nos aponta pra o equilíbrio e respeito a todos e todas que cruzam nosso caminho, que são bem diferentes entre si.

Devemos ser sempre afáveis com quem nos interpela. O Espírito Lázaro nos nos chama a atenção quanto a isto, ao nos trazer a reflexão que devemos ser benevolentes no trato com as pessoas: “A benevolência para com os seus semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são as formas de manifestar-se.”[2] Ele critica àqueles(as) que se comporta de modo agressivo com os de casa e são pusilânimes fora dela.

O Espírito Havre, por sua vez, nos aponta a necessidade de sermos pacientes em todos os momentos de nossas vidas. E é a paciência que dá suporte para a benevolência e a brandura quando somos interpelados de modo inesperado, causando-nos afetação momentânea. Segundo ele, ao nos exortar que sejamos paciente,

“[...] A paciência também é uma caridade e deveis praticar a lei de caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas. Outra há, porém, muito mais penosa e, conseguintemente, muito mais meritória: a de perdoarmos aos que Deus colocou em nosso caminho para serem instrumentos do nosso sofrer e para nos porem à prova a paciência.”[3]

Nesse contexto, Emmanuel, nesta mensagem, traduzindo a palavra como um remédio, nos ajuda a ter cuidado quanto às nossas respostas às pessoas que nos procuram ou se encontram conosco numa discussão não muito fácil:

Toda resposta em assunto importante é remédio. É indispensável saber dosá-lo, com vista aos efeitos. Cada criatura tolerará, com benefício, determinada dinamização. As próprias soluções da verdade e do amor não devem ser administradas sem esse critério. Aplicada em porções inadequadas, a verdade poderá destruir, tanto quanto  o amor costuma perder...

Então, se não tivermos cuidado, numa discussão, aplicaremos remédios que não gostaríamos de tomar. E é quando magoamos, às vezes, a quem jamais gostaríamos de magoar. Devemos ter cuidado em não nos colocar sempre na defensiva, pois antes sermos magoados que magoar alguém. Chico Xavier nos deixou o seguinte pensamento a respeito: “Fico triste quando alguém me ofende, mas, com certeza, eu ficaria mais triste se fosse eu o ofensor... Magoar alguém é terrível![4].

Lembremos de Chico Xavier, de Emmanuel, nos momentos difíceis em que devemos agir para o bem e não reagir para o mal.

Que Deus, Jesus Cristo e o nosso Anjo Guardião nos ajudem.

Domício.



[1] Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra (Mateus, 5:5); Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus (Mateus, 5:9).
[2] Vide a mensagem, na íntegra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. IX, Item 6.
[3] Vide a mensagem, na íntegra, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. IX, Item 7.
[4] In: https://www.pensador.com/frase/MjA1Nzcx/

domingo, 18 de setembro de 2022

AS TESTEMUNHAS

76

AS TESTEMUNHAS

Portanto, nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço.

Paulo (HEBREUS, 12:1).

Este conceito de Paulo de Tarso merece considerações especiais, por parte dos aprendizes do Evangelho.

Cada existência humana é sempre valioso dia de luta – generoso degrau para a ascensão infinita – e, em qualquer posição que permaneça, a criatura estará cercada por enorme legião de testemunhas. Não nos reportamos tão­ somente àquelas que constituem parte integrante do quadro doméstico, mas, acima de tudo, aos amigos e benfeitores de cada homem, que o observam nos diferentes ângulos da vida, dos altiplanos da Espiritualidade superior.

Em toda parte da Terra, o discípulo respira rodeado de grande nuvem de testemunhas espirituais, que lhe relacionam os passos e anotam as atitudes, porque ninguém alcança a experiência terrestre, a esmo, sem razões sólidas com bases no amor ou na justiça.

Antes da reencarnação, Espíritos generosos endossaram as súplicas da alma arrependida, juízes funcionaram nos processos que lhe dizem respeito, amigos interferiram nos serviços de auxílio, contribuindo na organização de particularidades da luta redentora... Esses irmãos e educadores passam a ser testemunhas permanentes do tutelado, enquanto perdura a nova tarefa e lhe falam sem palavras, nos refolhos da consciência. Filhos e pais, esposos e esposas, irmãos e parentes consanguíneos do mundo são protagonistas do drama evolutivo. Os observadores, em geral, permanecem no outro lado da vida.

Faze, pois, o bem possível aos teus associados de luta, no dia de hoje, e não te esqueças dos que te acompanham, em espírito, cheios de preocupação e amor.

NOSSA REFLEXÃO

Somos observados e acompanhados por diversos tipos de nuvens de testemunhas. Dentre elas temos aquelas mais próximas que convivem conosco, cotidiamente, em casa (são constituintes da família); outras são aquelas da equipe de trabalho; temos ainda aquelas que nos observam na comunidade da qual fazemos parte (seja no trabalho ou na sociedade); mas há aquelas que não vemos e dentre elas as que nos querem bem e torcem pelo nosso sucesso e/ou prepararam a nossa reencarnação e outras, o contrário.[1]

Emmanuel se detém nessas últimas, mas em particular nas testemunhas que torcem por nós, lideradas pelo nosso Anjo da Guarda.[2]

Devemos lembrar nas horas de alegrias e de dificuldades destas nuvens, pois são estimulantes, tanto pra reforçar um bem feito ou noutro por fazer. Em particular, nas horas de dificuldades, essas testemunhas certamente emitem pensamentos de que não estamos sozinhos e tanto quanto nós, têm muitos outros ou outras que estão passando por necessidades bem mais difíceis, que se pensarmos, podemos chegar à conclusão que estamos em condições de ajudar a elas a passar pelos momentos que vivem e, assim, nossas necessidades se tornam pequenas. E é isso, como Emmanuel nos lembra, que desejam as nuvens que nos “[...] acompanham, em espírito, cheios de preocupação e amor.”

Que Deus nos ajude a nos manter com a fé Nele e em nós mesmos para passarmos pelas nossas dificuldades sem esquecer das dos nossos semelhantes.[3]



[1] Vide em O Livro dos Espíritos, Da intervenção dos Espíritos no mundo corporal, Cap. IX da Parte Segunda.
[2] Sobre o Anjo da Guarda, podemos acessar sobre suas atribuições relativas a nós, em O Livro dos Espíritos, Parte Segunda, Cap. IX, a partir da Questão 489.
[3] Vide sobre a fé humana e a fé divina em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIX, Item 12. 

domingo, 11 de setembro de 2022

MURMURAÇÕES

 

75

MURMURAÇÕES

Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas.

Paulo (FILIPENSES, 2:14).

Nunca se viu contenda que não fosse precedida de murmurações inferiores. É hábito antigo da leviandade procurar a ingratidão, a miséria moral, o orgulho, a vaidade e todos os flagelos que arruínam almas neste mundo para organizar as palestras da sombra, onde o bem, o amor e a verdade são focalizados com malícia.

Quando alguém comece a encontrar motivos fáceis para muitas queixas, é justo proceder a rigoroso auto­-exame, de modo a verificar se não está padecendo da terrível enfermidade das murmurações.

Os que cumprem seus deveres, na pauta das atividades justas, certamente não poderão cultivar ensejo a reclamações.

É indispensável conservar­-se o discípulo em guarda contra esses acumuladores de energias destrutivas, porque, de maneira geral, sua influência perniciosa invade quase todos os lugares de luta do planeta.

É fácil identificá-­los. Para eles, tudo está errado, nada serve, não se deve esperar algo de melhor em coisa alguma. Seu verbo é irritação permanente, suas observações são injustas e desanimam.

Lutemos, quanto estiver em nossas forças, contra essas humilhantes atitudes mentais. Confiados em Deus, dilatemos todas as nossas esperanças, certos de que,  conforme asseveram os velhos provérbios, o coração otimista é medicamento de paz e de alegria.

NOSSA REFLEXÃO

Somos vítimas de nós mesmos. Ao lermos esta mensagem, devemos pensar como somos nós, quando surge a oportunidade de sermos equilibrados. E isto só pode acontecer quando nos chega uma situação adversa. Em situações boas, não é possível mostrarmos o quanto somos equilibrados ou amigos. Conforme Emmanuel, “ninguém exercitará otimismo, quando todas as situações se conjugam para o bem-estar. É difícil demonstrar-se amizade nos momentos felizes.” (Emmanuel, em: Tempo de Confiança[1]).

Não podemos esquecer que estamos num mundo de Expiações e Provas[2]. Logo, devemos ser superiores às adversidades. Não devemos nos abastecer com as frustrações ou decepções com as pessoas. Não devemos nos espelhar e se juntar àquelas que reclamam de tudo, dizendo: “Eu não pedi para nascer!” (Sim, e como pedimos!!). Isto só nos vai fazer sermos elementos de discórdias, alimentadores da desesperança nas outras pessoas.

Sim, por estarmos em um mundo de Expiações e Provas, não podemos esperar só flores. É mais comum encontrarmos mais espinhos. Contudo, como Emmanuel nos faz lembrar, todo tempo deve ser tempo de confiança. E nos faz refletir um pouco mais.

Na atualidade dolorosa, inúmeros companheiros invocam a cooperação direta do Cristo. E o socorro vem sempre, porque é infinita a misericórdia celestial, mas, vencida a dificuldade, esperem a indagação: — Onde está a vossa fé? E outros obstáculos sobrevirão, até que o discípulo aprenda a dominar-se, a educar-se e a vencer, serenamente, com as lições recebidas.[3]

 

Ao focarmos na Vida Futura[4], seremos otimistas e não faremos murmurações, quando acontecer um transtorno qualquer em nossas vidas. É um exercício constante a que somos submetidos todos os dias para um dia chegarmos a nos tornar um Espírito Puro[5].

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Vide nossa reflexão, em Tempo de Confiança.
[2] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. III, itens 13, 14 e 15.
[3] Em Tempo de Confiança.
[4] A. Kardec disserta sobre a vida futura em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. II, itens 1 a 3.
[5]
Vide sobre a Escala Espírita em O Livro dos Espíritos, Parte Segunda – Capítulo I, dos Espíritos, Itens 100 a 113.

domingo, 4 de setembro de 2022

MÁS PALESTRAS

 74
MÁS PALESTRAS

Não vos enganeis; as más conversações corrompem os bons costumes.

Paulo (I CORÍNTIOS, 15:33).

A conversação menos digna deixa sempre o traço da inferioridade por onde passou. A atmosfera de desconfiança substitui, imediatamente, o clima da serenidade, O veneno de investigações doentias espalha­-se com rapidez. Depois da conversação indigna, há sempre menos sinceridade e menor expressão de força fraterna. Em seu berço ignominioso, nascem os fantasmas da calúnia que escorregam por entre criaturas santamente intencionadas, tentando a destruição de lares honestos; surgem as preocupações inferiores que espiam de longe, enegrecendo atitudes respeitáveis; emerge a curiosidade criminosa, que comparece onde não é chamada, emitindo opiniões desabridas, induzindo os que a ouvem à mentira e à demência.

A má conversação corrompe os pensamentos mais dignos. As palestras proveitosas sofrem-­lhe, em todos os lugares, a perseguição implacável, e imprescindível se torna manter­se o homem em guarda contra o seu assédio insistente e destruidor.

Quando o coração se entregou a Jesus, é muito fácil controlar os assuntos e eliminar as palavras aviltantes.

Examina sempre as sugestões verbais que te cercam no caminho diário. Trouxeram­-te denúncias, más notícias, futilidades, relatórios malsãos da vida alheia? Observa como ages. Em todas as ocasiões, há recurso para retificares amorosamente, porquanto podes renovar todo esse material, em Jesus Cristo.

NOSSA REFLEXÃO

Somos, diariamente, bombardeados por notícias, mesmo sem estar com uma pessoa física. As notícias que nos chegam, de modo instantâneo, online, via Web ou redes sociais, essas em particular, nos levam a entrar numa má palestra em que participam milhões pessoas. Até o final do século passado, as conversas era tão somente de modo pessoal, como ainda hoje acontece. A diferença é que hoje, temos se assim quisermos, ou formos assaltados em nosso celular, via WhatsApp, as notícias, as fofocas, as calúnias da hora, ou verdades. Chegam-nos assim, as fakes news, ou fofocas maldosas, presenciais, de outras épocas. A diferença, hoje, é que para passar adiante uma fofoca, não precisamos ir à casa de ninguém ou telefonar para uma pessoa para passar adiante o mal falado que nos chegou. As redes sociais, indiscriminadamente, levam a nossa maldade, se assim quisermos, para toda a humanidade.

Devemos, assim, termos cuidados em filtrar o que chega a nós. E passar adiante apenas o que é bom, útil a uma pessoa ou grupo de pessoas.

Ao chegar uma notícia, um pensamento desprovido de boas intenções, uma malícia sobre alguma pessoa, devemos expulsar. Isto vai nos distinguir daquele que se compraz nas más notícias ou maus pensamentos.

Sobre isso, cabe destacar o que Emmanuel, nesta mensagem, nos diz:

Examina sempre as sugestões verbais que te cercam no caminho diário. Trouxeram­-te denúncias, más notícias, futilidades, relatórios malsãos da vida alheia? Observa como ages. Em todas as ocasiões, há recurso para retificares amorosamente, porquanto podes renovar todo esse material, em Jesus Cristo (grifos nossos).

 

Então, devemos ter cuidado com o que nos chegam alimentando nosso pensamento, para que não demos vazão adiante. Temos a opção de nos comprazer ou não no pensamento malsão ou cometer ou não um pecado por pensamento, como é trazido em Mateus (5:27 e 28).[1]

O pecado por pensamento foi repreendido por Cristo, quando de sua estada entre nós.

A. Kardec nos esclarece a respeito: “a verdadeira pureza não está somente nos atos; está também no pensamento, porquanto aquele que tem puro o coração, nem sequer pensa no mal. Foi o que Jesus quis dizer: Ele condena o pecado, mesmo em pensamento, porque é sinal de impureza.”[2]

Nessa discussão, A. Kardec faz a distinção entre os diversos momentos de nossa evolução espiritual em relação ao filtro dos pensamentos ou notícias que nos chegam à mente:

Em resumo, naquele que nem sequer concebe a ideia do mal, já há progresso realizado; naquele a quem essa ideia acode, mas que a repele, há progresso em vias de realizar-se; naquele, finalmente, que pensa no mal e nesse pensamento se compraz, o mal ainda existe na plenitude da sua força. Num, o trabalho está feito; no outro, está por fazer-se. Deus, que é justo, leva em conta todas essas gradações na responsabilidade dos atos e dos pensamentos do homem.

 

Desse modo, temos que ser vigilante quanto ao que nos chega ao pensamento, seja de modo mental, oral ou escrito, independentemente por qual via chega.

Que tenhamos equilíbrio quanto a isso, particularmente num momento tão difícil por qual passa nosso país. Se em vez de passarmos uma notícia errônea, distorcida, que vefiquemos a veracidade dela e, se for falsa, a denunciemos.

Que sejamos sempre veículo da boa notícia, sempre, pois faz bem tanto a nós, como a quem recebe.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1]Aprendestes que foi dito aos antigos: ‘Não cometereis adultério. Eu, porém, vos digo que aquele que houver olhado uma mulher, com mau desejo para com ela, já em seu coração cometeu adultério com ela.’” (MATEUS, 5:27 e 28.)
[2]
Vide dissertação na íntegra em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VIII, Item 6.