domingo, 8 de maio de 2022

LÓGICA DA PROVIDÊNCIA

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LÓGICA DA PROVIDÊNCIA

Depois que fostes iluminados, suportastes grande combate de aflições.

Paulo (HEBREUS, 10:32).

Os cultivadores da fé sincera costumam ser indicados, no mundo, à conta de grandes sofredores.

Há mesmo quem afirme afastar-se deliberadamente dos círculos religiosos, temendo o contágio de padecimentos espirituais.

Os ímpios, os ignorantes e os fúteis exibem-se, espetacularmente, na vida comum, através de traços bizarros da fantasia exterior; todavia, quando se abeiram das verdades celestes, antes de adquirirem acesso às alegrias permanentes da espiritualidade superior, atravessam grandes túneis de tristeza, abatimento e taciturnidade. O fenômeno, entretanto, é natural, porquanto haverá sempre ponderação após a loucura e remorso depois do desregramento.

O problema, contudo, abrange mais vasto círculo de esclarecimentos.

A misericórdia que se manifesta na justiça de Deus transcende à compreensão humana.

O Pai confere aos filhos ignorantes e transviados o direito às experiências mais fortes somente depois de serem iluminados. Só após aprenderem a ver com o espírito eterno é que a vida lhes oferece valores diferentes. Nascer-lhes-á nos corações, daí em diante, a força indispensável ao triunfo no grande combate das aflições.

Os frívolos e oportunistas, não obstante as aparências, são habitualmente almas frágeis, quais galhos secos que se quebram ao primeiro golpe da ventania. Os espíritos nobres, que suportam as tormentas do caminho terrestre, sabem disto. Só a luz espiritual garante o êxito nas provações.

Ninguém concede a responsabilidade de um barco, cheio de preocupações e perigos, a simples crianças.

NOSSA REFLEXÃO

Somos todos e todas chamados(as) ao teste da fé, do conhecimento, porque precisamos galgar postos elevados na Seara do Cristo. Estamos numa escola chamada Terra, logo temos avaliações a sermos submetidos(as). Precisamos nos certificar se aprendemos ao sermos iluminados(as), esclarecidos(as). E quando somos submetidos(as) a provas ou expiações, temos a chance de nos autoavaliarmos em relação ao quanto aprendemos das Leis (Lições) de Deus.

Como diz, A. Kardec, e isto é sempre bom lembrar que, nem

[...] todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação. Provas e expiações, todavia, são sempre sinais de relativa inferioridade, porquanto o que é perfeito não precisa ser provado. Pode, pois, um Espírito haver chegado a certo grau de elevação e, nada obstante, desejoso de adiantar-se mais, solicitar uma missão, uma tarefa a executar, pela qual tanto mais recompensado será, se sair vitorioso, quanto mais rude haja sido a luta.[1]

 

Isto também tem relação com o final dessa mensagem de Emmanuel, em que ele afirma que “ninguém concede a responsabilidade de um barco, cheio de preocupações e perigos, a simples crianças”.

A. Kardec nos faz pensar, enquanto espíritas, que

Aos espíritas, pois, muito será pedido, porque muito hão recebido; mas também aos que houverem aproveitado, muito será dado. O primeiro cuidado de todo espírita sincero deve ser o de procurar saber se, nos conselhos que os Espíritos dão, alguma coisa não há que lhe diga respeito.[2]

 

Então, à medida que vamos aproveitando a semeadura em nós, a iluminação dada a nós, deveremos, cada vez mais, receber conhecimento e provas a cumprir, galgando a postos cada vez mais exigentes, conforme nossa capacidade de levar em frente uma missão. Se falhamos, damos lugar a outra pessoa e deveremos ser provados mais à frente.

Isto é corroborado por Um Espírito Amigo, quando nos esclarece o que nos traz Marcos (4:24 e 25)[3]:

“Dá-se ao que já tem e tira-se ao que não tem.” Meditai esses grandes ensinamentos que se vos hão por vezes afigurado paradoxais. Aquele que recebeu é o que possui o sentido da palavra divina; recebeu unicamente porque tentou tornar-se digno dela e porque o Senhor, em seu amor misericordioso, anima os esforços que tendem para o bem. Aturados, perseverantes, esses esforços atraem as graças do Senhor; são um ímã que chama a si o que é progressivamente melhor, as graças copiosas que vos fazem fortes para galgar a montanha santa, em cujo cume está o repouso após o labor.[4]

 

Deste modo o cristão está apto a receber mais, pois deve continuar sua evolução espiritual. Mas quando é que é nos tirado o que não temos ou o que temos pouco? Um Espírito Amigo continua nos esclarecer sobre os mesmos versículos de Marcos, citados nesta reflexão:

[...] “Tira-se ao que não tem ou tem pouco.” Tomai isso como uma antítese figurada. Deus não retira das suas criaturas o bem que se haja dignado de fazer-lhes. [...] Não é Deus quem retira daquele que pouco recebera: é o próprio Espírito que, por pródigo e descuidado, não sabe conservar o que tem e aumentar, fecundando-o, o óbolo que lhe caiu no coração.

 

Neste caso, novas oportunidades devem ser apresentadas nos sentido do aprendiz por em prática os conhecimentos já recebidos e, assim, crescer enquanto Filho de Deus.

Quem tenhamos isto em mente, tanto pra não perdemos as oportunidades recebidas, como para nos esperançarmos quando tivermos perdido.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, Item 9.
[2] O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVIII, Item 12.
[3] Tende muito cuidado com o que ouvis, porquanto usarão para convosco da mesma medida de que vos houverdes servido para medir os outros, e ainda se vos acrescentará; pois, ao que já tem, dar-se-á, e, ao que não tem, até o que tem se lhe tirará. (Marcos, 4:24 e 25.)
[4]
O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVIII, Item 15.

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