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CONTRIBUIR
Cada um contribua, segundo propôs em seu coração; não
com tristeza ou por necessidade, porque Deus ama o que dá com alegria.
Paulo (II CORÍNTIOS, 9:7).
Quando se divulgou a afirmativa de
Paulo de que Deus ama o que dá com alegria, muita gente apenas lembrou a esmola
material.
O louvor, todavia, não se circunscreve
às mãos generosas que espalham óbolos de bondade entre os necessitados e
sofredores.
Naturalmente, todos os gestos de amor
entram em linha de conta no reconhecimento divino, mas devemos considerar que o
verbo contribuir, na presente lição, aparece em toda a sua grandiosa
excelsitude.
A cooperação no bem é questão
palpitante de todo lugar e de todo dia. Qualquer homem é suscetível de fornecê-la.
Não é somente o mendigo que a espera, mas também o berço de onde se renova a
experiência, a família em que acrisolamos as conquistas de virtude, o vizinho,
nosso irmão em humanidade, e a oficina de trabalho, que nos assinala o
aproveitamento individual, no esforço de cada dia.
Sobrevindo o momento de repouso
diuturno, cada coração pode interrogar a si próprio, quanto à qualidade de sua
colaboração no serviço, nas palestras, nas relações afetivas, nessa ou naquela
preocupação da vida comum.
Tenhamos cuidado contra as tristezas e
sombras esterilizadoras. Má vontade, queixas, insatisfação, leviandades, não integram
o quadro dos trabalhos que o Senhor espera de nossas atividades no mundo.
Mobilizemos nossos recursos com otimismo e não nos esqueçamos de que o Pai ama
o filho que contribuir com alegria.
NOSSA REFLEXÃO
Contribuir com alegria é a mais perfeita sintonia com o
Amor de Deus. Sabemos que devemos muito à vida, pelos desvios que demos à nossa
vida espiritual. Considerar cada oportunidade da vida como oportunidade de sintonia
com Deus é o que faz cada ser humano, cada vez melhor ou evoluído.
Em Problemas do Amor[1],
do livro Fonte Vida, Emmanuel nos faz refletir sobre o crescimento de nosso
amor: “[...] "o amor deve crescer, cada vez mais, no conhecimento e no
discernimento, a fim de que o aprendiz possa aprovar as coisas que são
excelentes". Então, a vida (Deus) nos oferece múltiplas oportunidades para
que esse crescimento se dê, com conhecimento e discernimento..
Nessa mensagem que ora refletimos, Emmanuel
considera que “sobrevindo o momento de
repouso diuturno, cada coração pode interrogar a si próprio, quanto à qualidade
de sua colaboração no serviço, nas palestras, nas relações afetivas, nessa ou
naquela preocupação da vida comum”. Este é um caminho de se chegar a perfeição,
que não se dá em uma única existência. Ao ser ser feita a pergunta 919a, aos
Espíritos Superiroes, constante de O Livro dos Espíritos, quando ao modo de conhecer-se a si mesmo, Santo Agostinho
apresentou o que ele fazia quando encarnado:
Fazei o que eu fazia, quando vivi na
Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que
fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera
motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o
que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites, evocasse todas as
ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que
houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda que o esclarecessem,
grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o
assistiria. Dirigi, pois, a vós mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes
feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se
fizestes alguma coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se obrastes
alguma ação que não ousaríeis confessar. [...]”
Então, devemos nos avaliar diariamente sobre
como agimos com a nossa vida, com o nosso semelhante. Se o que fizemos, foi com
alegria, fazendo sempre assim, como alguém que persegue o dever de um
verdadeiro Filho de Deus. A. Kardec reflete sobre as características do homem
de bem e nos faz pensar:
O verdadeiro homem de bem é o que cumpre
a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga
a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa
lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou
voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa
dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.[2]
Em seguida, nos traz uma reflexão que finaliza
com a máxima espírita sobre o significado do verdadeiro espírita: “Reconhece-se
o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega
para domar suas inclinações más”.[3]
Que saibamos cumprir nosso dever, sabendo que
toda oportunidade da vida se constitui uma prova (sendo uma expiação ou não[4])
para crescermos, enquanto Espíritos. Então, deve ser cumprido com alegria. Nem
sempre estaremos no perfeito equilíbrio. Então, que as horas de tristezas sejam
momentos de refletirmos sobre a razão de estarmos encarnados.
Que Deus nos ajude.
Domício.