56
ÊXITOS
E INSUCESSOS
Sei
viver em penúria e sei também viver em abundância.
Paulo
(FILIPENSES, 4:12).
Em cada comunidade social, existem
pessoas numerosas, demasiadamente preocupadas quanto aos sucessos
particularistas, afirmando-se ansiosas pelo ensejo de evidência. São justamente
as que menos se fixam nas posições de destaque, quando convidadas aos postos
mais altos do mundo, estragando, desastradamente, as oportunidades de elevação
que a vida lhes confere.
Quase sempre, os que aprenderam a
suportar a pobreza é que sabem administrar, com mais propriedade, os recursos
materiais.
Por esta razão, um tesouro amontoado
para quem não trabalhou em sua posse é, muitas vezes, causa de crime,
separatividade e perturbação.
Pais trabalhadores e honestos formarão
nos filhos a mentalidade do esforço próprio e da cooperação afetiva, ao passo
que os progenitores egoístas e descuidados favorecerão nos descendentes a
inutilidade e a preguiça.
Paulo de Tarso, na lição à igreja de
Filipos, refere-se ao precioso imperativo do caminho no que se reporta ao
equilíbrio, demonstrando a necessidade do discípulo, quanto à valorização da
pobreza e da fortuna, da escassez e da abundância.
O êxito e o insucesso são duas taças
guardando elementos diversos que, contudo, se adaptam às mesmas finalidades
sublimes. A ignorância humana, entretanto, encontra no primeiro o licor da
embriaguez e no segundo identifica o fel para a desesperação. Nisto reside o
erro profundo, porque o sábio extrairá da alegria e da dor, da fartura ou da
escassez, o conteúdo divino.
NOSSA REFLEXÃO
Nossas vidas são recheadas de movimentos
que nos fazem escolher entre o bem o e mal. São aqueles em que nos encontramos
ricos ou miseráveis, bem ou mal sucedidos na esfera administrativa da sociedade
ou mesmo nos empreendimentos autônomos. Todas as situações nos apelam a sermos
cristãos, como Paulo viveu e afirmou aos Filipenses, conforme o versículo
inspirador para esta mensagem de Emmanuel. Ele se movimentou do sucesso social
para o desprezo da mesma sociedade que o reconheceu como Doutor da Lei. Então, esteve primeiro na abundância para, depois do contato direto com o Cristo, viver a
penúria e o apedrejamento.
Devemos viver essas duas situações possíveis da vida com equilíbrio e alegria. Com relação à riqueza, conforme A. Kardec, “sem dúvida, pelos arrastamentos a que dá causa, pelas tentações que gera e pela fascinação que exerce, a riqueza constitui uma prova muito arriscada, mais perigosa do que a miséria”.[1] Mas nem por isso devemos escolher a miséria como escolha melhor para evoluir. Ambas podem trazer possibilidades de crescimento de acordo com o nosso passado, pois a escolha das provas para uma reencarnação faz relação com as anteriores. Devemos vivê-las para experimentarmos situações diferentes de sermos verdadeiro filhos de Deus. Para A. Kardec, refletindo sobre a desigualdade das riquezas nos esclarece: “A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação; a riqueza é, para os outros, a prova da caridade e da abnegação”.[2]
Mas como fazer proveitosa a riqueza? O
Espírito Cheverus nos ensina: Procurai nestas palavras: “’Amai-vos
uns aos outros’, a solução do problema. Elas guardam o segredo do bom emprego
das riquezas. Aquele que se acha animado do amor do próximo tem aí toda traçada
a sua linha de proceder”.[3]
Que saibamos valorizar, tanto a
riqueza, como a pobreza, em sua medida certa e sermos felizes vivendo nos dois
estágios tão necessários para a nossa evolução. Mesmos ricos, podemos ser desprendidos de nossos bens e caridosos com quem não tem nada, trabalhando para terem o mínimo necessário e
mesmo melhorarem socialmente. Mesmos sendo miseráveis, podemos agradecer o que
podemos ter, vivendo respeitando aqueles que têm e colaborando com sua força de
trabalho, quando aparece, com espírito de humildade. No meio termo, todos e todas
podem trabalhar e lutar para que a sociedade seja mais justa e igualitária de
oportunidades.
Que Deus nos ajude.
Domício.
Nenhum comentário:
Postar um comentário