domingo, 10 de abril de 2022

ÊXITOS E INSUCESSOS

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ÊXITOS E INSUCESSOS

Sei viver em penúria e sei também viver em abundância.

Paulo (FILIPENSES, 4:12).

Em cada comunidade social, existem pessoas numerosas, demasiadamente preocupadas quanto aos sucessos particularistas, afirmando-se ansiosas pelo ensejo de evidência. São justamente as que menos se fixam nas posições de destaque, quando convidadas aos postos mais altos do mundo, estragando, desastradamente, as oportunidades de elevação que a vida lhes confere.

Quase sempre, os que aprenderam a suportar a pobreza é que sabem administrar, com mais propriedade, os recursos materiais.

Por esta razão, um tesouro amontoado para quem não trabalhou em sua posse é, muitas vezes, causa de crime, separatividade e perturbação.

Pais trabalhadores e honestos formarão nos filhos a mentalidade do esforço próprio e da cooperação afetiva, ao passo que os progenitores egoístas e descuidados favorecerão nos descendentes a inutilidade e a preguiça.

Paulo de Tarso, na lição à igreja de Filipos, refere-se ao precioso imperativo do caminho no que se reporta ao equilíbrio, demonstrando a necessidade do discípulo, quanto à valorização da pobreza e da fortuna, da escassez e da abundância.

O êxito e o insucesso são duas taças guardando elementos diversos que, contudo, se adaptam às mesmas finalidades sublimes. A ignorância humana, entretanto, encontra no primeiro o licor da embriaguez e no segundo identifica o fel para a desesperação. Nisto reside o erro profundo, porque o sábio extrairá da alegria e da dor, da fartura ou da escassez, o conteúdo divino.

NOSSA REFLEXÃO

Nossas vidas são recheadas de movimentos que nos fazem escolher entre o bem o e mal. São aqueles em que nos encontramos ricos ou miseráveis, bem ou mal sucedidos na esfera administrativa da sociedade ou mesmo nos empreendimentos autônomos. Todas as situações nos apelam a sermos cristãos, como Paulo viveu e afirmou aos Filipenses, conforme o versículo inspirador para esta mensagem de Emmanuel. Ele se movimentou do sucesso social para o desprezo da mesma sociedade que o reconheceu como Doutor da Lei. Então, esteve primeiro na abundância para, depois do contato direto com o Cristo, viver a penúria e o apedrejamento.

Devemos viver essas duas situações possíveis da vida com equilíbrio e alegria. Com relação à riqueza, conforme A. Kardec, “sem dúvida, pelos arrastamentos a que dá causa, pelas tentações que gera e pela fascinação que exerce, a riqueza constitui uma prova muito arriscada, mais perigosa do que a miséria”.[1] Mas nem por isso devemos escolher a miséria como escolha melhor para evoluir. Ambas podem trazer possibilidades de crescimento de acordo com o nosso passado, pois a escolha das provas para uma reencarnação faz relação com as anteriores. Devemos vivê-las para experimentarmos situações diferentes de sermos verdadeiro filhos de Deus. Para A. Kardec, refletindo sobre a desigualdade das riquezas nos esclarece: “A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação; a riqueza é, para os outros, a prova da caridade e da abnegação”.[2]

Mas como fazer proveitosa a riqueza? O Espírito Cheverus nos ensina: Procurai nestas palavras: “’Amai-vos uns aos outros’, a solução do problema. Elas guardam o segredo do bom emprego das riquezas. Aquele que se acha animado do amor do próximo tem aí toda traçada a sua linha de proceder”.[3]

Que saibamos valorizar, tanto a riqueza, como a pobreza, em sua medida certa e sermos felizes vivendo nos dois estágios tão necessários para a nossa evolução. Mesmos ricos, podemos ser desprendidos de nossos bens e caridosos com quem não tem nada, trabalhando para terem o mínimo necessário e mesmo melhorarem socialmente. Mesmos sendo miseráveis, podemos agradecer o que podemos ter, vivendo respeitando aqueles que têm e colaborando com sua força de trabalho, quando aparece, com espírito de humildade. No meio termo, todos e todas podem trabalhar e lutar para que a sociedade seja mais justa e igualitária de oportunidades.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, Item 7.
[2] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, Item 8.
[3]
Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, Item11.

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