domingo, 24 de abril de 2022

CONTRIBUIR

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CONTRIBUIR

Cada um contribua, segundo propôs em seu coração; não com tristeza ou por necessidade, porque Deus ama o que dá com alegria.

Paulo (II CORÍNTIOS, 9:7).

Quando se divulgou a afirmativa de Paulo de que Deus ama o que dá com alegria, muita gente apenas lembrou a esmola material.

O louvor, todavia, não se circunscreve às mãos generosas que espalham óbolos de bondade entre os necessitados e sofredores.

Naturalmente, todos os gestos de amor entram em linha de conta no reconhecimento divino, mas devemos considerar que o verbo contribuir, na presente lição, aparece em toda a sua grandiosa excelsitude.

A cooperação no bem é questão palpitante de todo lugar e de todo dia. Qualquer homem é suscetível de fornecê-la. Não é somente o mendigo que a espera, mas também o berço de onde se renova a experiência, a família em que acrisolamos as conquistas de virtude, o vizinho, nosso irmão em humanidade, e a oficina de trabalho, que nos assinala o aproveitamento individual, no esforço de cada dia.

Sobrevindo o momento de repouso diuturno, cada coração pode interrogar a si próprio, quanto à qualidade de sua colaboração no serviço, nas palestras, nas relações afetivas, nessa ou naquela preocupação da vida comum.

Tenhamos cuidado contra as tristezas e sombras esterilizadoras. Má vontade, queixas, insatisfação, leviandades, não integram o quadro dos trabalhos que o Senhor espera de nossas atividades no mundo. Mobilizemos nossos recursos com otimismo e não nos esqueçamos de que o Pai ama o filho que contribuir com alegria.

NOSSA REFLEXÃO

Contribuir com alegria é a mais perfeita sintonia com o Amor de Deus. Sabemos que devemos muito à vida, pelos desvios que demos à nossa vida espiritual. Considerar cada oportunidade da vida como oportunidade de sintonia com Deus é o que faz cada ser humano, cada vez melhor ou evoluído.

Em Problemas do Amor[1], do livro Fonte Vida, Emmanuel nos faz refletir sobre o crescimento de nosso amor: “[...] "o amor deve crescer, cada vez mais, no conhecimento e no discernimento, a fim de que o aprendiz possa aprovar as coisas que são excelentes". Então, a vida (Deus) nos oferece múltiplas oportunidades para que esse crescimento se dê, com conhecimento e discernimento..

Nessa mensagem que ora refletimos, Emmanuel considera que “sobrevindo o momento de repouso diuturno, cada coração pode interrogar a si próprio, quanto à qualidade de sua colaboração no serviço, nas palestras, nas relações afetivas, nessa ou naquela preocupação da vida comum”. Este é um caminho de se chegar a perfeição, que não se dá em uma única existência. Ao ser ser feita a pergunta 919a, aos Espíritos Superiroes, constante de O Livro dos Espíritos, quando ao modo de conhecer-se a si mesmo, Santo Agostinho apresentou o que ele fazia quando encarnado:

Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda que o esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vós mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar. [...]”

 

Então, devemos nos avaliar diariamente sobre como agimos com a nossa vida, com o nosso semelhante. Se o que fizemos, foi com alegria, fazendo sempre assim, como alguém que persegue o dever de um verdadeiro Filho de Deus. A. Kardec reflete sobre as características do homem de bem e nos faz pensar:

O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.[2]

 

Em seguida, nos traz uma reflexão que finaliza com a máxima espírita sobre o significado do verdadeiro espírita: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”.[3]

Que saibamos cumprir nosso dever, sabendo que toda oportunidade da vida se constitui uma prova (sendo uma expiação ou não[4]) para crescermos, enquanto Espíritos. Então, deve ser cumprido com alegria. Nem sempre estaremos no perfeito equilíbrio. Então, que as horas de tristezas sejam momentos de refletirmos sobre a razão de estarmos encarnados.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Vide a mensagem na íntegra, neste link, com a nossa reflexão.
[2] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, Item 3.
[3] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, Item 4 (Os bons espíritas).
[4]
Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. III, itens 13-15 e Cap. V, Item 9 (trata da diferença entre provas e expiações).

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