domingo, 13 de março de 2022

PERIGOS SUTIS

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PERIGOS SUTIS

Não vos façais, pois, idólatras.

Paulo (I CORÍNTIOS, 10:7).

A recomendação de Paulo aos Coríntios deve ser lembrada e aplicada em qualquer tempo, nos serviços de ascensão religiosa do mundo.

É indispensável evitar a idolatria em todas as circunstâncias. Suas manifestações sempre representaram sérios perigos para a vida espiritual.

As crenças antigas permanecem repletas de cultos exteriores e de ídolos mortos.

O Consolador, enviado ao mundo, na venerável missão espiritista, vigiará contra esse venenoso processo de paralisia da alma.

Aqui e acolá, surgem pruridos de adoração que se faz imprescindível combater. Não mais imagens dos círculos humanos, nem instrumentos físicos supostamente santificados para cerimônias convencionais, mas entidades amigas e médiuns terrenos que a inconsciência alheia vai entronizando, inadvertidamente, no altar frágil de honrarias fantasiosas. É necessário reconhecer que aí temos um perigo sutil, através do qual inúmeros trabalhadores têm resvalado para o despenhadeiro da inutilidade.

As homenagens inoportunas costumam perverter os médiuns dedicados e inexperientes, além de criarem certa atmosfera de incompreensão que impede a exteriorização espontânea dos verdadeiros amigos do bem, no plano espiritual.

Ninguém se esqueça da condição de aperfeiçoamento relativo dos mensageiros desencarnados que se comunicam e do quadro de necessidades imediatas da vida dos medianeiros humanos.

Combatamos os ídolos falsos que ameaçam o Espiritismo cristão. Utilize cada discípulo os amplos recursos da lei de cooperação, atire-se ao esforço próprio com sincero devotamento à tarefa e lembremo-nos todos de que, no apostolado do Mestre Divino, o amor e a fidelidade a Deus constituíram o tema central.

NOSSA REFLEXÃO

Esta mensagem pode ser contextualizada no âmbito da adoração à lembrança de ilustres trabalhadores espíritas que já nos deixaram ou à imagem mental de Espíritos que coordenam uma reunião mediúnica em que se denominam esse ou aquele representante da seara do Mestre em tempos remotos. Esses apóstolos do bem devem ter a nossa gratidão, mas não adoração.

Quando do desconhecimento do ser, na História da cristandade, que colabora com o trabalho da casa espírita, é sempre bom considerarmos que todos nós somos cooperadores, quando queremos, da seara do Cristo, mas não significa que somos elevados a títulos de muitas considerações morais. Emmanuel, nessa mensagem que refletimos, nos alerta sobre isso, se tratando dos irmãos que colaboram no plano espiritual: “Ninguém se esqueça da condição de aperfeiçoamento relativo dos mensageiros desencarnados que se comunicam e do quadro de necessidades imediatas da vida dos medianeiros humanos”.

Perigo maior podemos ter: os falsos profetas da espiritualidade. Sobre isto, A. Kardec nos orienta:

O Espiritismo revela outra categoria bem mais perigosa de falsos cristos e de falsos profetas, que se encontram, não entre os homens, mas entre os desencarnados: a dos Espíritos enganadores, hipócritas, orgulhosos e pseudossábios, que passaram da Terra para a erraticidade e tomam nomes venerados para, sob a máscara de que se cobrem, facilitarem a aceitação das mais singulares e absurdas ideias.[1]

Isto se dá, também entre os encarnados, em que eloquentes pregadores arrebanham multidões explorando os fiéis em suas necessidades. Aqui temos que refletir sobre a relação entre falas e atos. Eis o crivo que o Espírito Luís nos aponta:

É assim, meus irmãos, que deveis julgar; são as obras que deveis examinar. Se os que se dizem investidos de poder divino revelam sinais de uma missão de natureza elevada, isto é, se possuem no mais alto grau as virtudes cristãs e eternas: a caridade, o amor, a indulgência, a bondade que concilia os corações; se, em apoio das palavras, apresentam os atos, podereis então dizer: Estes são realmente enviados de Deus. Desconfiai, porém, das palavras melífluas, desconfiai dos escribas e dos fariseus que oram nas praças públicas, vestidos de longas túnicas. Desconfiai dos que pretendem ter o monopólio da verdade.[2]

Desse modo, toda pessoa ou Espírito, seja encarnado ou desencarnado, deve ser acompanhado com relação aos seus atos, se eles são ilustres palestrantes ou manifestantes nas hostes mediúnicas das casas espíritas, não com espírito de desconfiança. Como disse o Discípulo João: “Meus bem-amados, não creais em qualquer Espírito; experimentai se os Espíritos são de Deus, porquanto muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”. (JOÃO, 1a Epístola, 4:1.)[3]

Assim, que sejamos cuidadosos em não seguir piamente esse ou aquele manifestante de palavras fáceis, principalmente se somos concordantes com suas condutas. O estudo vale tanto para reconhecermos os falsos profetas nos outros ou outras, como em nós mesmos (as).

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXI, Item 7.
[2] Vide mensagem na íntegra em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. Cap. XXI, item 8.
[3]
Vide em O Livro dos Médiuns, 2a Parte, Cap. XXIV e seguintes, Sobre a maneira de se distinguirem os Espíritos.

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