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EM
CADEIAS
Pelo qual sou embaixador em cadeias; para que possa
falar dele livremente, como me convém falar.
Paulo
(EFÉSIOS, 6:20).
Observamos nesta passagem o apóstolo
dos gentios numa afirmativa que parece contraditória, à primeira vista.
Paulo alega a condição de emissário em
cadeias e, simultaneamente, declara que isto ocorre para que possa servir ao
Evangelho, livremente, quanto convinha.
O grande trabalhador dirigia-se aos
companheiros de Éfeso, referindo-se à sua angustiosa situação de prisioneiro
das autoridades romanas; entretanto, por isto mesmo, em vista do difícil
testemunho, trazia o espírito mais livre para o serviço que lhe competia
realizar.
O quadro é significativo para quantos
pretendem a independência econômico-financeira ou demasiada liberdade no mundo,
a fim de exemplificarem os ensinamentos evangélicos.
Há muita gente que declara aguardar os
dias da abundância material e as facilidades terrestres para atenderem ao
idealismo cristão. Isto, contudo, é contrassenso. O serviço de Jesus se destina
a todo lugar.
Paulo, entre cadeias, se sentia mais
livre na pregação da verdade. Naturalmente, nem todos os discípulos estarão
atravessando esses montes culminantes do testemunho. Todos, porém, sem
distinção, trazem consigo as santas algemas das obrigações diárias no lar, no
trabalho comum, na rotina das horas, no centro da sociedade e da família.
Ninguém, portanto, tente quebrar as
cadeias em que se encontra, na mentirosa suposição de que se candidatará a melhor
posto nas oficinas do Cristo.
Somente o dever bem cumprido nos
confere acesso à legítima liberdade.
NOSSA REFLEXÃO
Em qualquer lugar e situação em que estivermos podemos servir
a causa do Mestre, tornando-a nossa.
Estando preso em cadeias própria do mundo, podemos, sem se
comprometer demasiadamente com elas, servir a um propósito maior que é a nossa
libertação espiritual. Ou seja, devemos dar “[...] a César o que é de César e a
Deus o que é de Deus” (Mateus, 22:15 a 22; Marcos, 12:13 a 17). Isto significa,
conforme, A. Kardec, “[...] que a cada um seja dado o que lhe é devido” [1].
No cumprimento do dever social ou profissional, devemos no
posicionar, como cristãos comprometidos com a verdade e a liberdade social, em
que todos e todas devem ser respeitados (as) em suas necessidades básicas, sem
faltar com a Lei de Amor. Eis o grande desafio. Sermos cristãos e políticos ao
mesmo tempo.
De qualquer modo, não podemos nos comprometer com o mundo
falido e cheio de armadilhas, como o próprio Jesus foi exposto, como nesta situação
citada acima. E nem esperar o tempo bom para sermos dignos de sermos chamados
de cristãos. Conforme Emmanuel, nesta mensagem, ora refletida, “Ninguém, portanto, tente quebrar as cadeias em que se
encontra, na mentirosa suposição de que se candidatará a melhor posto nas
oficinas do Cristo. Somente o dever bem cumprido nos confere acesso à legítima liberdade”.
Que Deus nos ajude.
Domício.
[1] Vide interpretação de A. Kardec, na
íntegra, em O Evangelho Segundo o Espíritismo, Cap. XI, Item 6.
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