domingo, 20 de março de 2022

EM CADEIAS

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EM CADEIAS

Pelo qual sou embaixador em cadeias; para que possa falar dele livremente, como me convém falar.

Paulo (EFÉSIOS, 6:20).

Observamos nesta passagem o apóstolo dos gentios numa afirmativa que parece contraditória, à primeira vista.

Paulo alega a condição de emissário em cadeias e, simultaneamente, declara que isto ocorre para que possa servir ao Evangelho, livremente, quanto convinha.

O grande trabalhador dirigia-se aos companheiros de Éfeso, referindo-se à sua angustiosa situação de prisioneiro das autoridades romanas; entretanto, por isto mesmo, em vista do difícil testemunho, trazia o espírito mais livre para o serviço que lhe competia realizar.

O quadro é significativo para quantos pretendem a independência econômico­-financeira ou demasiada liberdade no mundo, a fim de exemplificarem os ensinamentos evangélicos.

Há muita gente que declara aguardar os dias da abundância material e as facilidades terrestres para atenderem ao idealismo cristão. Isto, contudo, é contrassenso. O serviço de Jesus se destina a todo lugar.

Paulo, entre cadeias, se sentia mais livre na pregação da verdade. Naturalmente, nem todos os discípulos estarão atravessando esses montes culminantes do testemunho. Todos, porém, sem distinção, trazem consigo as santas algemas das obrigações diárias no lar, no trabalho comum, na rotina das horas, no centro da sociedade e da família.

Ninguém, portanto, tente quebrar as cadeias em que se encontra, na mentirosa suposição de que se candidatará a melhor posto nas oficinas do Cristo.

Somente o dever bem cumprido nos confere acesso à legítima liberdade.

NOSSA REFLEXÃO

Em qualquer lugar e situação em que estivermos podemos servir a causa do Mestre, tornando-a nossa.

Estando preso em cadeias própria do mundo, podemos, sem se comprometer demasiadamente com elas, servir a um propósito maior que é a nossa libertação espiritual. Ou seja, devemos dar “[...] a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mateus, 22:15 a 22; Marcos, 12:13 a 17). Isto significa, conforme, A. Kardec, “[...] que a cada um seja dado o que lhe é devido” [1].

No cumprimento do dever social ou profissional, devemos no posicionar, como cristãos comprometidos com a verdade e a liberdade social, em que todos e todas devem ser respeitados (as) em suas necessidades básicas, sem faltar com a Lei de Amor. Eis o grande desafio. Sermos cristãos e políticos ao mesmo tempo.

De qualquer modo, não podemos nos comprometer com o mundo falido e cheio de armadilhas, como o próprio Jesus foi exposto, como nesta situação citada acima. E nem esperar o tempo bom para sermos dignos de sermos chamados de cristãos. Conforme Emmanuel, nesta mensagem, ora refletida, “Ninguém, portanto, tente quebrar as cadeias em que se encontra, na mentirosa suposição de que se candidatará a melhor posto nas oficinas do Cristo. Somente o dever bem cumprido nos confere acesso à legítima liberdade”.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] Vide interpretação de A. Kardec, na íntegra, em O Evangelho Segundo o Espíritismo, Cap. XI, Item 6.

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