domingo, 26 de dezembro de 2021

SEMPRE VIVOS

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SEMPRE VIVOS

Ora, Deus não é de mortos, mas, sim, de vivos. Por isso, vós errais muito.

Jesus (MARCOS, 12:27).

Considerando as convenções estabelecidas em nosso trato com os amigos encarnados, de quando em quando nos referimos à vida espiritual utilizando a palavra “morte” nessa ou naquela sentença de conversação usual. No entanto, é imprescindível entendê-la, não por cessação e sim por atividade transformadora da vida.

Espiritualmente falando, apenas conhecemos um gênero temível de morte – a da consciência denegrida no mal, torturada de remorso ou paralítica nos despenhadeiros que marginam a estrada da insensatez e do crime.

É chegada a época de reconhecermos que todos somos vivos na Criação eterna.

Em virtude de tardar semelhante conhecimento nos homens, é que se verificam grandes erros. Em razão disso, a Igreja Católica Romana criou, em sua teologia, um céu e um inferno artificiais; diversas coletividades das organizações evangélicas protestantes apegam-se à letra, crentes de que o corpo, vestimenta material do Espírito, ressurgirá um dia dos sepulcros, violando os princípios da natureza, e inúmeros espiritistas nos têm como fantasmas de laboratório ou formas esvoaçantes, vagas e aéreas, errando indefinidamente.

Quem passa pela sepultura prossegue trabalhando e, aqui, quanto aí, só existe desordem para o desordeiro. Na        crosta da Terra ou além de seus círculos, permanecemos vivos invariavelmente.

Não te esqueças, pois, de que os desencarnados não são magos, nem adivinhos. São irmãos que continuam na luta de aprimoramento. Encontramos a morte tão somente nos caminhos do mal, onde as sombras impedem a visão gloriosa da vida.

Guardemos a lição do Evangelho e jamais esqueçamos que nosso Pai é Deus dos vivos imortais.

NOSSA REFLEXÃO

A vida continua, indefinidamente, em qualquer circunstância, seja ligada a um corpo físico ou não. Dependendo de cada um ou cada uma, de nós encarnados, o modo do Espírito continuar a viver, será de acordo com o seu modo de viver, pensar (atributo principal do Espírito criado por Deus[1]), enquanto encarnado.

Emmanuel nos lembra como os pensadores da Teologia, seja católica ou protestante, moldaram o pensamento do ser humano para cooptá-lo às suas crenças, direncionando-nos a um local definitivo ou retorno à vida física no mesmo corpo, após o nosso decesso ao túmulo, respectivamente. Pensamentos contrário à lei de evolução espíritual[2] ou da natureza. Além disso, evidencia o pensamento de muitos espíritas que não entenderam, ainda, que a vida espiritual é de trabalho contínuo, seja em prol de si mesmo ou dos semelhantes, encarnados ou desencarnados.[3]

Então, que vivamos como imortais vivos, enquanto Espíritos, seja em vida corpórea ou tão somente ligados a um perispírito, como Emmanuel nos ilumina, nesta mensagem: “Espiritualmente falando, apenas conhecemos um gênero temível de morte – a da consciência denegrida no mal, torturada de remorso ou paralítica nos despenhadeiros que marginam a estrada da insensatez e do crime”.

Que Deus nos ajude.

Domício.



[1] Nós existimos, logo pensamos (diferentemente do que pensou René Descartes (1596-1650)).
[2] Vide Parte Segunda, Cap. I e II, de O Livro dos Espíritos e Cap. IV de O Evangelho Segundo o Espiritismo, itens 25 e 26.
[3]
Vide a obra Nosso Lar (FEB) do Espírito André Luiz.

domingo, 19 de dezembro de 2021

NO FUTURO

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NO FUTURO

E não mais ensinará cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: – Conhece o Senhor! Porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior. Paulo (HEBREUS, 8:11).

Quando o homem gravar na própria alma

Os parágrafos luminosos da Divina Lei,

O companheiro não repreenderá o companheiro,

O irmão não denunciará outro irmão.

O cárcere cerrará suas portas,

Os tribunais quedarão em silêncio.

Canhões serão convertidos em arados,

Homens de armas volverão à sementeira do solo.

O ódio será expulso do mundo,

As baionetas repousarão,

As máquinas não vomitarão chamas para o incêndio e para a morte,

Mas cuidarão pacificamente do progresso planetário.

A justiça será ultrapassada pelo amor.

Os filhos da fé não somente serão justos,

Mas bons, profundamente bons.

A prece constituir-se-á de alegria e louvor

E as casas de oração estarão consagradas ao trabalho sublime da fraternidade suprema.

A pregação da Lei

Viverá nos atos e pensamentos de todos,

Porque o Cordeiro de Deus

Terá transformado o coração de cada homem

Em tabernáculo de luz eterna,

Em que o seu reino divino

Resplandecerá para sempre.

NOSSA REFLEXÃO

Esses dias que Emmanuel anuncia nesta mensagem ocorrerão quando o Reino de Deus estiver definitivamente implantado na Terra.

Seremos pacificadores, incondicionalmente misericordiosos e benevolentes, indulgentes com todos e todas. Isto é, estaremos praticando a Caridade conforme os Espíritos Superiores nos definiram quando da Codificação da Doutrina Espírita, por Allan Kardec, na questão de nº 886 de O Livro dos Espíritos.

Não haverá mais contendas quanto ao entendimento da Doutrina do Cristo por letrados cristãos, e seremos um tipo diferente de Cristão, como Emmanuel, em sua mensagem Diferenças, grafada no livro Fonte Viva, nos esclarece.

Estaremos, neste caso, em um mundo feliz, como descrito em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. III, item 10, do qual trazemos um trecho para esta reflexão escrita:

Nesses mundos venturosos, as relações, sempre amistosas entre os povos, jamais são perturbadas pela ambição, da parte de qualquer deles, de escravizar o seu vizinho, nem pela guerra que daí decorre. Não há senhores, nem escravos, nem privilegiados pelo nascimento; só a superioridade moral e intelectual estabelece diferença entre as condições e dá a supremacia. A autoridade merece o respeito de todos, porque somente ao mérito é conferida e se exerce sempre com justiça. O homem não procura elevar-se acima do homem, mas acima de si mesmo, aperfeiçoando-se. [...] Lá, todos os sentimentos delicados e elevados da natureza humana se acham engrandecidos e purificados; desconhecem-se os ódios, os mesquinhos ciúmes, as baixas cobiças da inveja; um laço de amor e fraternidade prende uns aos outros todos os homens, ajudando os mais fortes aos mais fracos (grifos do autor).

 

Cabe a nós, cristãos de todos os credos, trabalharmos para que este mundo se estabeleça no nosso planeta, pois no futuro, deveremos ter uma Religião, a da verdadeira Caridade.

Que Deus nos ajude.

Domício.

domingo, 12 de dezembro de 2021

EM PREPARACÃO

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EM PREPARAÇÃO

Diz o Senhor: Porei as minhas leis no seu entendimento e em seu coração as escreverei; e eu lhes serei por Deus e eles me serão por povo. Paulo. (HEBREUS, 8:10).

Traduziremos o Evangelho

Em todas as línguas,

Em todas as culturas,

Exaltando-lhe a grandeza,

Destacando-lhe a sublimidade,

Semeando-lhe a poesia,

Comentando-lhe a verdade,

Interpretando-lhe as lições,

Impondo-nos ao raciocínio,

Aprimorando o coração

E reformando a inteligência,

Renovando leis,

Aperfeiçoando costumes

E aclarando caminhos...

Mas, virá o momento

Em que a Boa Nova deve ser impressa, em nós mesmos,

Nos refolhos da mente,

Nos recessos do peito,

Através das palavras e das ações,

Dos princípios e ideais,

Das aspirações e das esperanças,

Dos gestos e pensamentos.

Porque, em verdade,

Se o Céu nos permite espalhar-lhe a divina Mensagem no mundo,

Um dia, exigirá nos convertamos

Em traduções vivas do Evangelho na Terra.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel, nesta mensagem, nos chama a atenção, de forma poética, para o aprimoramento de nossa ideias e práticas: das intenções às práticas. A Humanidade evoluiu da estada do Cristo entre nós, até hoje. Contudo, a Terra ainda é um planeta de Provas e Expiações. Então, ainda vemos muitas perversidades espalhadas pelos quatro cantos do mundo.

Cabe a nós estudante do cristianismo, seja por qual orientação religiosa, cada vez mais, mostrarmos mudanças reais em nossa conduta, para além de todos os progressos intelectuais, filosóficos e morais já realizados pela humanidade terrena. Deste modo, podemos mais contribuir para a nossa evolução e a da nossa humanidade.

Emmanuel, na mensagem A Candeia Viva (81), do livro Fonte Viva, inspirado em Mateus (5:15) faz-nos a relação entre a candeia e nós Espíritos encarnados. Então, ele nos motiva a fazer a seguinte reflexão:

Atentemos para o símbolo da candeia. A claridade na lâmpada consome força ou combustível. Sem o sacrifício da energia ou do óleo não há luz. Para nós, aqui, o material de manutenção é a possibilidade, o recurso, a vida. Nossa existência é a candeia viva. [...] Prega, pois, as revelações do Alto, fazendo-as mais formosas e brilhantes em teus lábios; insta com parentes e amigos para que aceitem as verdades imperecíveis; mas, não olvides que a candeia viva da iluminação espiritual é a perfeita imagem de ti mesmo.

 

A simbologia da candeia está relacionada a divulgação dos ensinamentos cristãos que Jesus, apropriadamente e com muita sabedoria, nos apresentou de modo simples para a capacidade intelectual que tínhamos quando esteve conosco. Então, ele nos falou por parábolas. Uma possível contradição nesta passagem é explicada por A. Kardec:

É de causar admiração diga Jesus que a luz não deve ser colocada debaixo do alqueire, quando Ele próprio constantemente oculta o sentido de suas palavras sob o véu da alegoria, que nem todos podem compreender. Ele se explica, dizendo a seus apóstolos: “Falo-lhes por parábolas, porque não estão em condições de compreender certas coisas. Eles veem, olham, ouvem, mas não entendem. Fora, pois, inútil tudo dizer-lhes, por enquanto. Digo-o, porém, a vós, porque dado vos foi compreender estes mistérios.[1]

 

Ressaltamos que sua programação relativa a enviar um Consolador (JOÃO, 14:15 a 17 e 26)[2] foi cumprida em1857, com o advento do Espiritismo.[3]

Então, tudo nos foi dado, conforme nosso entendimento: da infância (MOISÉS, 1ª Revelação-Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental), passando pelo adolescência (JESUS, 2ª Revelação – séries finais do Ensino Fundamental e o Ensino Médio), até a fase adulta (ESPIRITISMO, 3ª Revelação – Educação Superior e Pós-Graduação).[4]

Deste modo, que tenhamos disposição de incutirmos, cada vez mais, o Evangelho em nós, em prol, principalmente, dos que estão a caminho conosco. E sigamos a exortação de Emmanuel, constante no final desta mensagem:

Se o Céu nos permite espalhar-lhe a divina Mensagem no mundo,

Um dia, exigirá nos convertamos

Em traduções vivas do Evangelho na Terra”.

Que Deus nos ajude.

Domício.



[1] Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXIV, Item 4.
[2] "Se me amais, guardai os meus mandamentos; e Eu rogarei a meu Pai e Ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: O Espírito de Capítulo VI 106 Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito" - JESUS..
[3] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VI – O Consolador Prometido.
[4]
Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. I – Não vim destruir a Lei.

domingo, 5 de dezembro de 2021

CONVITE AO BEM

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CONVITE AO BEM

Mas, quando fores convidado, vai.

Jesus (Lucas, 14:10).

Em todas as épocas, o bem constitui a fonte divina, suscetível de fornecer-nos valores imortais.

O homem de reflexão terá observado que todo o período infantil é conjunto de apelos ao sublime manancial.

O convite sagrado é repetido, anos a fio. Vem através dos amorosos pais humanos, dos mentores escolares, da leitura salutar, do sentimento religioso, dos amigos comuns.

Entretanto, raras inteligências atingem a juventude, de atenção fixa no chamamento elevado. Quase toda gente ouve as requisições da natureza inferior, olvidando deveres preciosos.

Os apelos, todavia, continuam...

Aqui, é um livro amigo, revelando a verdade em silêncio; ali, é um companheiro generoso que insiste em favor das realidades luminosas da vida...

A rebeldia, porém, ainda mesmo em plena madureza do homem, costuma rir inconscientemente, passando, todavia, em marcha compulsória, na direção dos desencantos naturais, que lhe impõem mais equilibrados pensamentos.

No Evangelho de Jesus, o convite ao bem reveste-se de claridades eternas. Atendendo-o, poderemos seguir ao encontro de Nosso Pai, sem hesitações.

Se o clarim cristão já te alcançou os ouvidos, aceita-lhe as clarinadas sem vacilar.

Não esperes pelo aguilhão da necessidade.

Sob a tormenta, é cada vez mais difícil a visão do porto.

A maioria dos nossos irmãos na Terra caminha para Deus, sob o ultimato das dores, mas não aguardes pelo açoite de sombras, quando podes seguir, calmamente, pelas estradas claras do amor.

NOSSA REFLEXÃO

Emmanuel, para escrever esta página, se inspirou em um momento crístico em o que o Mestre conversa com seus seguidores, que se encontravam em uma reunião. Nela, o Mestre observou que as pessoas, ao chegar, procuravam os primeiros lugares. Então, ele aproveita pra deixar uma lição sobre a humildade e hospitalidade (LUCAS, 14: 7-14).[1]

Todavia, Emmanuel, faz uma outra reflexão sobre este versículo citado no caput de sua mensagem. Diz ele que não precisamos esperar dias piores para pensarmos em dias melhores.

Somos convidados e convidadas, todos dias, ao bem, aos nos relacionar com o ambiente, animais e nossos e nossas semelhantes. Jesus conta eternamente conosco e sempre acreditando em nossas mudanças, pois Ele tem a consciência que somos seres em evolução. Cada Espírito tem seu momento de despertar, mas como Emmanuel, no diz, não devemos esperar muito para avançar. Em Avançemos Além, ele nos exorta a seguir em frente, a despeito dos insucessos da vida, que hoje nos oprime, por nos causar arrependimentos. Então, ele nos esclarece:

Existem milhares de crentes da Boa Nova nessa lastimável posição de estacionamento. São quase sempre pessoas corretas em todos os rudimentos da doutrina do Cristo. Creem, adoram e consolam-se, irrepreensivelmente; todavia, não marcham para diante, no sentido de se tornarem mais sábias e mais nobres. Não sabem agir, nem lutar e nem sofrer, em se vendo sozinhas, sob o ponto de vista humano. Precavendo-se contra semelhantes males, afirmou Paulo, com profundo acerto: - "Deixando os rudimentos da doutrina de Jesus, prossigamos até à perfeição, abstendo-nos de repetir muitos arrependimentos, porque então não passaremos de autores de obras mortas".

 

E nesta mensagem, ora refletida, ele fecha a questão: “A maioria dos nossos irmãos na Terra caminha para Deus, sob o ultimato das dores, mas não aguardes pelo açoite de sombras, quando podes seguir, calmamente, pelas estradas claras do amor”.

Então, que sigamos em frente, sem olhar muito para trás. O passado, por si só, nos chama a atenção, sem que precisemos ficar focados nele.

Que Deus nos ajude.

Domício.



[1] Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, temos dois capítulo que tratam da hospitalidade e humildade, tendo como contexto a passagem de Lucas (14:7 à 14:14), que serviu de contexto para esta mensagem de Emmanuel: Cap. XIII, itens 7 e 8 (Convidar os pobres e os estropiados. Dar sem esperar retribuição), A. Kardec disserta sobre esta passagem, que se refere à hospitalidade, a dar sem retribuição. E no Cap. VII, Item 5 e 6, temos a dissertação de A. Kardec sobre a humildade.