domingo, 26 de setembro de 2021

TRABALHO SUSPENSO

  Olá, caríssimos (as) leitores(as)!!

Hoje, por motivo de trabalho acadêmico, não poderei fazer a nossa reflexão domingueira, respeitando o horário de sempre.

Então, adiamos para o próximo domingo.

Muita paz, saúde e alegrias!!

Domício.

domingo, 19 de setembro de 2021

CONVENÇÕES

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CONVENÇÕES

E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.

(Marcos, 2:27).

O sábado, nesta passagem evangélica, simboliza as convenções organizadas para o serviço humano. Há criaturas que por elas sacrificam todas as possibilidades de elevação espiritual. Quais certos encarregados dos serviços públicos que adiam indefinidamente determinadas providências de interesse coletivo, em virtude da ausência de um selo minúsculo, pessoas existem que, por bagatelas, abandonam grandes oportunidades de união com a esfera superior.

Ninguém ignora o lado útil das convenções. Se fossem totalmente imprestáveis, o Pai não lhes permitiria a existência no jogo das circunstâncias. São tabelas para a classificação dos esforços de cada um, tábuas que designam o tempo adequado a esse ou àquele mister; todavia, transformá-las em preceito inexpugnável ou em obstáculo intransponível, constitui grave dano à tranquilidade comum.

A maioria das pessoas atende-as, antes da própria obediência a Deus; entretanto, o Altíssimo dispôs todas as organizações da vida para que ajudem a evolução e o aprimoramento dos filhos.

O próprio planeta foi edificado por causa do homem.

Se o Criador foi a esse extremo de solicitude em favor das criaturas, por  que deixarmos de satisfazer-lhe os divinos desígnios, prendendo-nos às preocupações inferiores da atividade terrestre?

As convenções definem, catalogam, especificam e enumeram, mas não devem tiranizar a existência. Lembra-te de que foram dispostas no caminho a fim de te servirem. Respeita-as, na feição justa e construtiva; contudo, não as convertas em cárcere.

NOSSA REFLEXÃO

Esta mensagem de Emmanuel cala fundo em nossos íntimos, quando nos lembramos de todas as convenções burocráticas e ainda as religiosas, que às vezes se transformam em um impeditivo inflexível para se fazer algo pelo semelhante ou por si, mesmo.

O contexto da afirmativa de Jesus se deu em um momento de trabalho de seus discípulos, que ocorreu num sábado, sendo eles questionados pelos fariseus. Jesus acrescenta ao versículo de Marcos citado no caput desta mensagem de Emmanuel: “De modo que o filho do homem é senhor também do sábado” (Marcos, 2, 28).[1]

As convenções, atingindo ao máximo, relativizam as relações de trabalho (que devem ser fundamentas em Lei) e geram preconceitos. No que tange aos rituais religiosos, estes devem ser respeitados, mas ainda assim, relativizados se for para o bem do crente.

O que não podemos é ser radicais em detrimento da pureza do coração[2] e da ajuda pessoal a quem precisa urgentemente, por exemplo, de ajuda que requer um trabalho particular no sábado.

Mas Emmanuel, transcende a questão do sábado para as mais diversas radicalizações, por causa de uma rotina, uma burocracia que é estabelecida no conjunto de atividades trabalhistas vinculadas à uma empresa ou mesmo pessoal. Toda regra deve ter uma exceção, se o motivo for justo. Para Emmanuel, toda convenção é respeitável, pois nascem da relações humanas, mas, segundo ele, “[...] transformá-las em preceito inexpugnável ou em obstáculo intransponível, constitui grave dano à tranquilidade comum”.

Lembremos, toda citação bíblica ou evangélica deve ser analisada a luz do contexto e do tempo em que ocorreram e qual a intenção de quem a proferiu. Isto não é negar o que está escrito, mas fazer da leitura uma via libertadora do Espírito. A Doutrina Espírita não se prende a palavras, mas ao significado delas no contexto em que foram dita ou escritas. Recorremos à A. Kardec, sobre isto, quando dissertou sobre a polêmica do pagamento de tributos pelos judeus aos romanos, em que Jesus afirmou: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.” (Mateus, 22:15 a 22; Marcos, 12:13 a 17):

Esta sentença: “Dai a César o que é de César”, não deve, entretanto, ser entendida de modo restritivo e absoluto. Como em todos os ensinos de Jesus, há nela um princípio geral, resumido sob forma prática e usual e deduzido de uma circunstância particular.[3]

 

Assim, que tenhamos em mente que, para além das convenções, estão o nosso progresso espiritual e a necessidade do semelhante.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] O Novo Testamento. Trad. de Haroldo Dutra Dias. 1. ed.  2. imp. Brasília: FEB, 2013.
[2] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VIII – Bem-aventurados os que têm puro o coração.
[3] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. IX, Item 7. Isto nos faz lembrar uma assertiva de Paulo, o Apóstolo: “A palavra mata, mas o Espírito vivifica” (PAULO, II CORÍNTIOS, 3: 6).

domingo, 12 de setembro de 2021

A VINHA

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A VINHA

E disse-lhes: Ide vós também para a vinha e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram.

(MATEUS, 20:4).

Ninguém poderá pensar numa Terra cheia de beleza e possibilidades, mas vogando ao léu na imensidade universal.

O planeta não é um barco desgovernado.

As coletividades humanas costumam cair em desordem, mas as leis que presidem aos destinos da Casa Terrestre se expressam com absoluta harmonia. Essa verificação nos ajuda a compreender que a Terra é a vinha de Jesus. Aí, vemo-lo trabalhando desde a aurora dos séculos e aí assistimos à transformação das criaturas, que, de experiência a experiência, se lhe integram no divino amor.

A formosa parábola dos servidores envolve conceitos profundos. Em essência, designa o local dos serviços humanos e refere-se ao volume de obrigações que os aprendizes receberam do Mestre divino.

Por enquanto, os homens guardam a ilusão de que o orbe pode ser o tablado de hegemonias raciais ou políticas, mas perceberão em tempo o clamoroso engano, porque todos os filhos da razão, corporificados na crosta da Terra, trazem consigo a tarefa de contribuir para que se efetue um padrão de vida mais elevado no recanto em que agem transitoriamente.

Onde quer que estejas, recorda que te encontras na Vinha do Cristo.

Vives sitiado pela dificuldade e pelo infortúnio?

Trabalha para o bem geral, mesmo assim, porque o Senhor concedeu a cada cooperador o material conveniente e justo.

NOSSA REFLEXÃO

Esta mensagem de Emmanuel nos reporta à Parábola dos Trabalhadores da Última Hora (MATEUS, 20: 1 a 16). E Emmanuel faz uma analogia entre a Terra e a Vinha do Cristo.

Em verdade, quando reencarnamos, trazemos uma responsabilidade de trabalhar pelo nosso progresso e o do nosso semelhante[1].

Deste modo, no transcorrer de milênios, nós temos sido convidados, hora a hora (leia-se: encarnação a encarnação) a trabalhar na Vinha do Senhor.

Neste contexto, na oportunidade da codificação da Doutrina Espírita, o Espírito Constantino, Espírito protetor, nos deixou a seguinte exortação em sua mensagem intitulada Os últimos serão os primeiros:

Bons espíritas, meus bem-amados, sois todos obreiros da última hora. Bem orgulhoso seria aquele que dissesse: Comecei o trabalho ao alvorecer do dia e só o terminarei ao anoitecer. Todos viestes quando fostes chamados, um pouco mais cedo, um pouco mais tarde, para a encarnação cujos grilhões arrastais; mas há quantos séculos e séculos o Senhor vos chamava para a sua vinha, sem que quisésseis penetrar nela! Eis-vos no momento de embolsar o salário; empregai bem a hora que vos resta e não esqueçais nunca que a vossa existência, por longa que vos pareça, mais não é do que um instante fugitivo na imensidade dos tempos que formam para vós a eternidade.[2]

Emmanuel nos chama a atenção para que nós, para além das questões políticas e sociais, que suscitam movimentos e lutas entre partidos e ideias, tenhamos em vista que “[...] todos os filhos da razão, corporificados na crosta da Terra, trazem consigo a tarefa de contribuir para que se efetue um padrão de vida mais elevado no recanto em que agem transitoriamente”. E, claro, entendemos que isto está no contexto das lutas sociais e políticas que devem ser travadas democrático e pacificamente.

A grande Vinha do Senhor está a nossa disposição, desde sempre, para que trabalhemos nela, com direito ao salário justo que é a consciência tranquila e alegria de crescimento, por mais que tenhamos estado sem procurá-la há séculos.

Que possamos estar sempre prontos para o trabalho espiritual, para além de nossas convicções políticas e sociais, trabalhando por si e por todos e por todas as formas cristãs, respeitando o trabalho daqueles que estão à frente de outros trabalhos, ou mesmo aquele do qual possamos ser colaboradores, pois seremos ditosos, como nos deixou grafado O Espírito de Verdade:

Ditosos os que hajam dito a seus irmãos: “Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra”, porquanto o Senhor lhes dirá: “Vinde a mim, vós que sois bons servidores, vós que soubestes impor silêncio aos vossos ciúmes e às vossas discórdias, a fim de que daí não viesse dano para a obra!”[3]

Que Deus nos ajude.

Domício.



[1] Vide O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. IV, itens 25 e 26 (mensagem do Espírito São Luís)..

[2] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XX, item 2.

[3] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XX, item 5.

domingo, 5 de setembro de 2021

E OS FINS?

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E OS FINS?

             Mas nem todas as coisas edificam.

Paulo (I CORÍNTIOS, 10:23).

Sempre existiram homens indefiníveis que, se não fizeram mal a ninguém, igualmente não beneficiaram a pessoa alguma.

Examinadas nesse mesmo prisma, as coisas do caminho precisam interpretação sensata, para que se não percam na inutilidade.

É lícito ao homem dedicar-se à literatura ou aos negócios honestos do mundo e ninguém poderá contestar o caráter louvável dos que escolhem conscientemente a linha de ação individual no serviço útil. Entretanto, será justo conhecer os fins daquele que escreve ou os propósitos de quem negocia. De que valerá ao primeiro a produção de longas obras, cheias de lavores verbais e de arroubos teóricos, se as suas palavras permanecem vazias de pensamento construtivo para o plano eterno da alma? Em que aproveitará ao comerciante a fortuna imensa, conquistada através da operosidade e do cálculo, quando vive estagnada nos cofres, aguardando os desvarios dos descendentes? Em ambas as situações, não se poderia dizer que tais homens cogitavam de realizações ilícitas; todavia, perderam tempo precioso, esquecendo que as menores coisas trazem finalidade edificante.

O trabalhador cônscio das responsabilidades que lhe competem não se desvia dos caminhos retos.

Há muita aflição e amargura nas oficinas do aperfeiçoamento terrestre, porque os seus servidores cuidam, antes de tudo, dos ganhos de ordem material, olvidando os fins a que se destinam. Enquanto isso ocorre, intensificam-se projetos e experimentos, mas falta sempre a edificação justa e necessária.

NOSSA REFLEXÃO

Nas acepção espírita, “toda ocupação útil é trabalho”.[1] Portanto, é muito louvável, cada um(a) de nós fazermos um trabalho honesto que vise a nossa manutenção material do corpo, além daquelas relativas à educação, saúde e entretenimento para nós e daqueles que depende de nós, familiarmente.

Entretanto, é mais louvável se o fruto desta manutenção seja ampliada visando o bem estar, material ou psicológico, de nossos semelhantes extra família.

Quando recebemos as oportunidades de nos formar educacionalmente e materialmente, estamos construindo oportunidades de ser um instrumento de realização humanitária. Obtendo isto, se nos colocamos à disposição de fazer o bem, é por que temos elementos para tanto, como na passagem evangélica da multiplicação dos pães (MARCOS, 8:1 a10) que Emmanuel a interpreta em Fonte Viva (133 – Que tendes?) de cuja interpretação extraímos um trecho: “Em qualquer terreno de nossas realizações para a vida mais alta, apresentemos a Jesus algumas reduzidas migalhas de esforço próprio e estejamos convictos de que o Senhor fará o resto”[2].

Ser honesto, trabalhador e respeitador das leis é o mínimo que devemos ser. Contudo, nossa existência não foi programada tão somente para as nossas necessidades de subsistência e relação social correta. Não estaremos fazendo mal algum. Mas isto não basta. Segundo o Espírito Paulo, o apóstolo,


[...] uma virtude negativa não basta: é necessária uma virtude ativa. Para fazer-se o bem, mister sempre se torna a ação da vontade; para se não praticar o mal, basta as mais das vezes a inércia e a despreocupação”.[3]

 

Por sua vez, A. Kardec ao interpretar a passagem evangélica relativa ao jovem rico que recusou a dispor de todos os seus bens para obter a vida eterna (Mateus, 19:16 a 24; Lucas, 18:18 a 25; Marcos, 10:17 a 25), dissertou:


O que Jesus lhe propunha era uma prova decisiva, destinada a pôr a nu o fundo do seu pensamento. Ele podia, sem dúvida, ser um homem perfeitamente honesto na opinião do mundo, não causar dano a ninguém, não maldizer do próximo, não ser vão, nem orgulhoso, honrar a seu pai e a sua mãe, mas não tinha a verdadeira caridade; sua virtude não chegava até a abnegação. Isso o que Jesus quis demonstrar. Fazia uma aplicação do princípio: “Fora da caridade não há salvação.”[4]

 

Desse modo, que saibamos, espontaneamente, nos voltar para atividades que possam contribuir tanto para atender nossas necessidades, como também para atender àquelas úteis ao Mestre Jesus em sua Seara milenar. Que aproveitemos a hora última dos tempos e distribuamos nossos talentos para quem necessitar, quem estiver no nosso caminho, mesmo que tenhamos que renunciar ao que nos sobra e às vezes até ao que nos faz falta.

Que Deus nos ajude.

Domício.


[1] O Livro dos Espíritos, Parte Terceira – Das Leis Morais – Cap. III – Da Lei do Trabalho, Questão nº 675.
[2] Vide mensagem em sua íntegra e nossa reflexão em Que tendes?
[3] In: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XV, Item 10.
[4] In: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, Item 7.