domingo, 18 de julho de 2021

INCONSTANTES

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INCONSTANTES

Porque aquele que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte.

Tiago (1: 6).

Inegavelmente existe uma dúvida científica e filosófica no mundo que, alojada em corações leais, constitui precioso estímulo à posse de grandes e elevadas convicções; entretanto, Tiago refere-se aqui à inconstância do homem que, procurando receber os benefícios divinos, na esfera das vantagens particularistas, costuma perseguir variadas situações no terreno da pesquisa intelectual sem  qualquer propósito de confiar nos valores substanciais da vida.

Quem se preocupa em transpor diversas portas, em movimento simultâneo, acaba sem atravessar porta alguma.

A leviandade prejudica as criaturas em todos os caminhos, mormente nas posições de trabalho, nas enfermidades do corpo e nas relações afetivas.

Para que alguém ajuíze com acerto, com respeito a determinada experiência, precisa enumerar quantos anos gastou dentro dela, vivendo-lhe as características.

Necessitamos, acima de tudo, confiar sinceramente na Sabedoria e na Bondade do Altíssimo, compreendendo que é indispensável perseverar com alguém ou com alguma causa que nos ajude e edifique.

Os inconstantes permanecem figurados na onda do mar, absorvida pelo vento e atirada de uma para outra parte.

Quando servires ou quando aguardares as bênçãos do Alto, não te deixes conduzir pela inquietude doentia. O Pai dispõe de inumeráveis instrumentos para administrar o bem e é sempre o mesmo Senhor paternal, através de todos eles. A dádiva chegará, mas depende de ti, da maneira de procederes na luta construtiva, persistindo ou não na confiança, sem a qual o divino Poder encontra obstáculos naturais para exprimir-se em teu caminho.

NOSSA REFLEXÃO

Somos um ser em evolução e precisamos de uma bússola para nos nortear o melhor caminho na direção do local a que nos dirigimos. Religiosamente, neste caso, o local é o Reino de Deus.

A mensagem nos remete a constância da fé. Para ajuizarmos de sua efetividade, precisamos, como Emmanuel nos diz, nesta mensagem, “[...] enumerar quantos anos gastou dentro dela, vivendo-lhe as características”. Ou seja, precisamos estudar os benefícios de uma fé. Isto requer uma fé raciocinada, inabalável, que no dizer de A. Kardec: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade”[1].

Neste sentido, conforme Um Espírito Protetor, temos duas espécies de fé: a divina e a humana. Ou seja:

A fé é humana ou divina, conforme o homem aplica suas faculdades à satisfação das necessidades terrenas, ou das suas aspirações celestiais e futuras. O homem de gênio, que se lança à realização de algum grande empreendimento, triunfa, se tem fé, porque sente em si que pode e há de chegar ao fim colimado, certeza que lhe faculta imensa força. O homem de bem que, crente em seu futuro celeste, deseja encher de belas e nobres ações a sua existência, haure na sua fé, na certeza da felicidade que o espera, a força necessária, e ainda aí se operam milagres de caridade, de devotamento e de abnegação. Enfim, com a fé, não há maus pendores que se não chegue a vencer.[2]

 

Emmanuel, também, nos remete em sua página Firmeza e Constância[3], grafada no livro Fonte Viva (FEB), para termos firmeza e constância nas obras de elevação própria.

Deste modo, não devemos nos deixar levar pela inconstância da fé, como as ondas do mar.

Que Deus nos ajude.

Domício.



[1] Este pensamento está grafado no frontispício de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (Ed. FEB, 131ª edição).
[2] Vide a íntegra da mensagem em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIX, Item 12.
[3] Vide nossa reflexão a respeito em Firmeza e Constância. 

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