domingo, 3 de novembro de 2024

TRATAMENTO DE OBSESSÕES

 175
TRATAMENTO DE OBSESSÕES

E até das cidades circunvizinhas concorria muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais todos eram curados.

(ATOS, 5:16).

A igreja cristã dos primeiros séculos não estagnava as ideias redentoras do Cristo em prataria e resplendores do culto externo.

Era viva, cheia de apelos e respostas.

Semelhante a ela, o Espiritismo evangélico abre hoje as suas portas benfeitoras a quem sofre e procura caminho salvador.

É curioso notar que o trabalho enorme dos espiritistas de agora, no socorro às obsessões complexas e dolorosas, era da intimidade dos apóstolos. Eles doutrinavam os espíritos perturbados, renovando pelo exemplo e pelo ensino, não só os desencarnados sofredores, mas também os médiuns enfermos que lhes padeciam as influências.

Desde as primeiras horas de tarefa doutrinária sabe a alma do Cristianismo que seres invisíveis, menos equilibrados, vagueiam no mundo, produzindo chagas psíquicas naqueles que lhes recebem a atuação, e não desconhece as exigências do trabalho de conversão e elevação que lhe cabe realizar; os dogmas religiosos, porém, impediram-lhe o serviço eficiente, há muitos séculos.

Em plena atualidade, todavia, ressurgem os quadros primitivos da Boa-Nova.

Entidades espirituais ignorantes e infortunadas adquirem nova luz e roteiro novo, nas casas de amor que o Espiritismo cristão institui, vencendo preconceitos e percalços de vulto.

O tratamento de obsessões, portanto, não é trabalho excêntrico, em nossos círculos de fé renovadora. Constitui simplesmente a continuidade do esforço de salvação aos transviados de todos os matizes, começado nas luminosas mãos de Jesus.

NOSSA REFLEXÃO

Espíritos de todos os matizes morais sempre teve em nosso planeta de provas e expiações. Contudo, o trabalho de conversão deles, em favor deles e dos que eles perseguiam, começou com o Cristo.

Sabemos que muito se construiu de inimizades na Terra e que o ódio de quem partiu pra o plano espiritual, continua vivo no desencarnado. E, então, de onde ele não pode ser visto, passa a perseguir o que ficou encarnado. Temos, neste caso, os inimigos desencarnados.

Sobre isso, A. Kardec explanou sobre os motivos pelos quais o Espírita deve ser indulgente para com um inimigo:

[...] a morte apenas o livra da presença material do seu inimigo, pois que este o pode perseguir com o seu ódio, mesmo depois de haver deixado a Terra; que, assim, a vingança, que tome, falha ao seu objetivo, visto que, ao contrário, tem por efeito produzir maior irritação, capaz de passar de uma existência a outra. Cabia ao Espiritismo demonstrar, por meio da experiência e da lei que rege as relações entre o mundo visível e o mundo invisível, que a expressão: extinguir o ódio com o sangue é radicalmente falsa, que a verdade é que o sangue alimenta o ódio, mesmo no além-túmulo.[1]

Desse modo a máxima cristã Amai vossos inimigos (MATEUS, 5: 43 a 47). Esta atitude pode converter em amigos até o inimigo mais severo, pois,

Mediante o bom procedimento, tira-se, pelo menos, todo pretexto às represálias, podendo-se até fazer de um inimigo um amigo, antes e depois de sua morte. Com um mau proceder, o homem irrita o seu inimigo, que então se constitui instrumento de que a Justiça de Deus se serve para punir aquele que não perdoou.[2]

O processo de relação malévola de um Espírito desencarnado sobre um encarnado dá-se o nome de obsessão. O Espiritismo vem a ser um meio, pela comunicabilidade dos Espíritos desencarnados, de curar as obsessões. Ou seja, estabelecer um elo amigável entre inimigos do passado, seja dessa ou de encarnações pretéritas.

Segundo A. Kardec,

A obsessão apresenta caracteres diversos, que é preciso distinguir e que resultam do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que produz. A palavra obsessão é, de certo modo, um termo genérico, pelo qual se designa esta espécie de fenômeno, cujas principais variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação (grifos nossos).[3]

Desse modo, conforme Emmanuel, nesta mensagem, o tratamento das obsessões, iniciados com o Cristo e exemplificado, também, pelos apóstolos, reaparece nas casas espíritas.

Que Deus ajude os tarefeiros (médiuns e dialogadores com os irmãos obsessores) das sessões de desobsessão nos centros espíritas.

Domício.


[1] Vide dissertação na íntegra em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XII (Amais os vossos inimigos), Item 5 (Os inimigos desencarnados).
[2] Idem.
[3]
Vide explanação kardequiana em O Livro dos Médiuns, Segunda parte (Das manifestações espíritas), Cap. XXIII (Da obsessão), Item 237. No item seguinte, faz-se a distinção entre essas variações de obsessão. A subjugação é aquela em que o desencarnado toma posse do corpo e fala pelo encarnado, daí o nome de possessão. Mas para Allan Kardec, neste mesmo Item, “a palavra subjugação exprime perfeitamente a ideia. Assim, para nós, não há possessos, no sentido vulgar do termo, há somente obsidiados, subjugados e fascinados”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário