domingo, 24 de novembro de 2024

COMBATE INTERIOR

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COMBATE INTERIOR

Tendo o mesmo combate que já em mim tendes visto e agora ouvis estar em mim.

Paulo (FILIPENSES, 1:30).

Em plena juventude, Paulo terçou armas contra as circunstâncias comuns, de modo a consolidar posição para impor-se no futuro da raça. Pelejou por sobrepujar a inteligência de muitos jovens que lhe foram contemporâneos, deixou colegas e companheiros distanciados. Discutiu com doutores da Lei e venceu-os.

Entregou-se à conquista de situação material invejável e conseguiu-a. Combateu por evidenciar-se no tribunal mais alto de Jerusalém e sobrepôs-se a velhos orientadores do povo escolhido. Resolveu perseguir aqueles que interpretava por inimigos da ordem estabelecida e multiplicou adversários em toda parte. Feriu, atormentou, complicou situações de amigos respeitáveis, sentenciou pessoas inocentes a inquietações inomináveis, guerreou pecadores e santos, justos e injustos...

Surgiu, contudo, um momento em que o Senhor lhe convoca o espírito a outro gênero de batalha – o combate consigo mesmo.

Chegada essa hora, Paulo de Tarso cala-se e escuta...

Quebra-se-lhe a espada nas mãos para sempre.

Não tem braços para hostilizar e sim para ajudar e servir.

Caminha, modificado, em sentido inverso. Ao invés de humilhar os outros, dobra a própria cerviz.

Sofre e aperfeiçoa-se no silêncio, com a mesma disposição de trabalho que o caracterizava nos tempos de cegueira.

É apedrejado, açoitado, preso, incompreendido muitas vezes, mas prossegue sempre, ao encontro da divina Renovação.

Se ainda não combates contigo mesmo, dia virá em que serás chamado a semelhante serviço. Ora e vigia, prepara-te e afeiçoa o coração à humildade e à paciência. Lembra-te, meu irmão, de que nem mesmo Paulo, agraciado pela visita pessoal de Jesus, conseguiu escapar.

NOSSA REFLEXÃO

A vida nos oferece as situações mais sofridas para nos por em estado de alerta sobre como estamos preparado para cada situação, de acordo com nossos compromissos cármicos, provacionais e/ou expiatórios.

Emmanuel nos traz o exemplo de Paulo para compreendermos que não devemos nos acomodar tendo em vista o nosso estágio evolutivo. Como se disséssemos: “mas ele era Paulo” ou “só Jesus para suportar tamanha dor”.

Em verdade, nem o Cristo e nem o Paulo esteve entre nós, senão para servirem de exemplo do que significa viver em profundas situações de constrangimento e dor por defender os princípios cristãos.

Jesus nos motivou a seguirmos firmes, diante das dificuldades, quando nos exortou:

Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo. (MATEUS, 11:28 a 30).

Allan Kardec, nos explica o sentido dessa exortação:

Todos os sofrimentos: misérias, decepções, dores físicas, perda de seres amados, encontram consolação na fé no futuro, na confiança na Justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens. Sobre aquele que, ao contrário, nada espera após esta vida, ou que simplesmente duvida, as aflições caem com todo o seu peso e nenhuma esperança lhe mitiga o amargor. Foi isso que levou Jesus a dizer: “Vinde a mim todos vós que estais fatigados, que Eu vos aliviarei.” Entretanto, faz depender de uma condição a sua assistência e a felicidade que promete aos aflitos. Essa condição está na lei por Ele ensinada. Seu jugo é a observância dessa lei; mas esse jugo é leve e a lei é suave, pois que apenas impõe, como dever, o amor e a caridade.[1]

Então, diante da dor, nossa ou alheia, devemos manter a esperança em dias melhores. Isto é, devemos vestir o capacete da esperança[2], tendo como motivação a Boa Nova nos deixada pelo Cristo, que foi amplamente explicada pelo Espiritismo, sobre a Sua Coordenação, na figura do Espírito de Verdade.

Que tenhamos fé, esperança e caridade diantes das nossas provas e expiações, bem como diante da dos(as) nossos(as) semelhantes e sigamos combatendo interiormente a nós mesmos, como Paulo o fez.

Que Deus nos ajude.

Domício.

Ps.: Compartilho um diálogo de Paulo com Abigail, contido no livro Paulo e Estêvão (FEB) de Emmanuel.

O que fazer para adquirir a compreensão perfeita dos desígnios do Cristo?
AMA.
Como proceder de modo a se enriquecer na virtude divina?
TRABALHA.
Que providências adotar contra o desânimo destruidor?
ESPERA.
Como conciliar as lições do evangelho com a indiferença dos homens?
PERDOA.

[1] Vide em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VI, Item 2.

[2] Vide mensagem de Emmanuel grafada no livro Fonte Viva, intitulada Capacete da Esperança, refletida por nós no blog Fonte Viva. 

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